Como esse mineral tão essencial para os ossos pode afetar a saúde dos dentes?
É sabido que uma dieta balanceada contribui para a
saúde geral do corpo, pois é a forma mais concreta de oferecer ao organismo os
nutrientes necessários para o seu perfeito funcionamento. Mas, ao falar em
saúde bucal, logo se pensa nos alimentos que prejudicam os dentes, como os
açúcares causadores de cárie, por exemplo, esquecendo-se daqueles que podem
ajudar a manter o sorriso em dia.
Para o Conselho Regional de Odontologia de São
Paulo (CROSP), a alimentação é uma grande aliada no cuidado da saúde da boca e
o principal agente observado nessa relação é o cálcio. O
mineral encontrado em alimentos como leite, feijão e soja participa dos
processos de formação, renovação e sustentação dos ossos e dentes, despertando
a atenção dos cirurgiões-dentistas.
“O cálcio é importante para a
formação dos dentes, da gestação (momento em que se dá a estruturação da
primeira dentição do bebê) até a adolescência, quando é concluída a dentição
permanente. É ele que torna os dentes resistentes às agressões externas ao
longo da vida, além de promover a renovação óssea e a sustentação da arcada”,
explica a cirurgiã-dentista Denise Tibério, presidente da Câmara Técnica de
Odontogeriatria do CROSP.
As agressões citadas podem se dar de diferentes
formas: por erosão, na ingestão de alimentos ácidos que levam ao desgaste e à
desmineralização do esmalte presente nos dentes, podendo causar a cárie
dentária; por atrição, quando há impacto físico ao roer unha ou ranger os
dentes, por exemplo; ou por abrasão, quando a deterioração acontece por escovar
os dentes com muita força ou por usar produtos com muitos abrasivos, como
alguns cremes dentais. E já que 99% do cálcio do corpo
está presente nos ossos e nos dentes, é ele quem garante a integridade desses
elementos.
Mas, o alerta que se acende é sobre o consumo do cálcio. Segundo o Ministério da Saúde, recomenda-se que adultos
façam a ingestão de até 1.000 miligramas de cálcio por
dia, enquanto as crianças de 7 a 10 anos devem consumir até 700 miligramas do
mineral. Para as mulheres que já passaram pela menopausa, o indicado é de 1.300
miligramas diários, enquanto as grávidas ou lactantes devem consumir ainda
mais. No entanto, um estudo de 2018 da Fundação Internacional de Osteoporose
mostrou que o consumo diário de cálcio do brasileiro é,
em média, de 505 mg na fase adulta. Ou seja, nem metade da quantidade
considerada necessária para o equilíbrio funcional.
“O tecido ósseo, depois de formado, se renova em
média a cada 120 dias num indivíduo jovem. Essa dinâmica fisiológica depende de
um mecanismo complexo que envolve sinalizadores, como os hormônios e os
nutrientes, por isso a ingestão de cálcio é relativa às
faixas etárias”, conta a odontogeriatra. “A deficiência dele, além de implicar
em maior impacto das agressões externas, também afeta o osso de suporte dos
dentes, dando abertura para o desenvolvimento de uma doença periodontal, que
pode levar, por sua vez, à perda dentária”, completa.
Como odontogeriatra, Denise estuda especialmente a
saúde bucal dos pacientes idosos e observa que o envelhecimento compromete a
absorção do cálcio pelo organismo. “Não há uma forma de
repor o cálcio dos dentes, mas é natural que, com o
envelhecimento biológico, o corpo absorva menos o mineral. Mas, existem
manobras que podem minimizar o problema, como uma alimentação rica em cálcio, hábitos de higiene bucal e diminuição de estresse”,
sugere. Para isso, é importante fazer o acompanhamento odontológico em todas as
fases da vida, garantindo um sorriso bonito e com funcionalidade da infância à
terceira idade.
CRO-SP
- Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)
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