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quarta-feira, 14 de julho de 2021

O caminho do cálcio na boca

Como esse mineral tão essencial para os ossos pode afetar a saúde dos dentes?


É sabido que uma dieta balanceada contribui para a saúde geral do corpo, pois é a forma mais concreta de oferecer ao organismo os nutrientes necessários para o seu perfeito funcionamento. Mas, ao falar em saúde bucal, logo se pensa nos alimentos que prejudicam os dentes, como os açúcares causadores de cárie, por exemplo, esquecendo-se daqueles que podem ajudar a manter o sorriso em dia.

Para o Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP), a alimentação é uma grande aliada no cuidado da saúde da boca e o principal agente observado nessa relação é o cálcio. O mineral encontrado em alimentos como leite, feijão e soja participa dos processos de formação, renovação e sustentação dos ossos e dentes, despertando a atenção dos cirurgiões-dentistas. 

“O cálcio é importante para a formação dos dentes, da gestação (momento em que se dá a estruturação da primeira dentição do bebê) até a adolescência, quando é concluída a dentição permanente. É ele que torna os dentes resistentes às agressões externas ao longo da vida, além de promover a renovação óssea e a sustentação da arcada”, explica a cirurgiã-dentista Denise Tibério, presidente da Câmara Técnica de Odontogeriatria do CROSP.

As agressões citadas podem se dar de diferentes formas: por erosão, na ingestão de alimentos ácidos que levam ao desgaste e à desmineralização do esmalte presente nos dentes, podendo causar a cárie dentária; por atrição, quando há impacto físico ao roer unha ou ranger os dentes, por exemplo; ou por abrasão, quando a deterioração acontece por escovar os dentes com muita força ou por usar produtos com muitos abrasivos, como alguns cremes dentais. E já que 99% do cálcio do corpo está presente nos ossos e nos dentes, é ele quem garante a integridade desses elementos. 

Mas, o alerta que se acende é sobre o consumo do cálcio. Segundo o Ministério da Saúde, recomenda-se que adultos façam a ingestão de até 1.000 miligramas de cálcio por dia, enquanto as crianças de 7 a 10 anos devem consumir até 700 miligramas do mineral. Para as mulheres que já passaram pela menopausa, o indicado é de 1.300 miligramas diários, enquanto as grávidas ou lactantes devem consumir ainda mais. No entanto, um estudo de 2018 da Fundação Internacional de Osteoporose mostrou que o consumo diário de cálcio do brasileiro é, em média, de 505 mg na fase adulta. Ou seja, nem metade da quantidade considerada necessária para o equilíbrio funcional. 

“O tecido ósseo, depois de formado, se renova em média a cada 120 dias num indivíduo jovem. Essa dinâmica fisiológica depende de um mecanismo complexo que envolve sinalizadores, como os hormônios e os nutrientes, por isso a ingestão de cálcio é relativa às faixas etárias”, conta a odontogeriatra. “A deficiência dele, além de implicar em maior impacto das agressões externas, também afeta o osso de suporte dos dentes, dando abertura para o desenvolvimento de uma doença periodontal, que pode levar, por sua vez, à perda dentária”, completa. 

Como odontogeriatra, Denise estuda especialmente a saúde bucal dos pacientes idosos e observa que o envelhecimento compromete a absorção do cálcio pelo organismo. “Não há uma forma de repor o cálcio dos dentes, mas é natural que, com o envelhecimento biológico, o corpo absorva menos o mineral. Mas, existem manobras que podem minimizar o problema, como uma alimentação rica em cálcio, hábitos de higiene bucal e diminuição de estresse”, sugere. Para isso, é importante fazer o acompanhamento odontológico em todas as fases da vida, garantindo um sorriso bonito e com funcionalidade da infância à terceira idade. 

 


CRO-SP - Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP)

www.crosp.org.br


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