“Os jovens de hoje gostam do luxo. São mal comportados, desprezam a autoridade. Não têm respeito pelos mais velhos, passam o tempo a falar em vez de trabalhar. Não se levantam quando um adulto chega. Contradizem os pais, apresentam-se em sociedade com enfeites estranhos. Apressam-se a ir para a mesa e comem os acepipes, cruzam as pernas e tiranizam os seus mestres. Estas frases, que poderiam se referir a qualquer situação atual, são atribuídas ao grego Sócrates, o filósofo que viveu 400 anos antes de Cristo... Os conflitos geracionais já acontecem há muito tempo, portanto”, analisa.
A psicóloga ainda explica a batalha entre milennials e geração Z, na qual a geração anterior defende com unhas e dentes os hábitos adquiridos na adolescência, mesmo que para os jovens de hoje seja considerado ‘cinge’. “A adolescência é um período desafiador e de grandes descobertas. O jovem questiona o ambiente de onde veio, coloca muitas dúvidas em suas certezas anteriores, e tem energia de sobra para tentar mudar o que está ao seu redor. A expressão “no meu tempo” é uma espécie de lugar seguro para o nosso ego. É um lugar onde já fomos jovens, nosso corpo respondia bem a qualquer estímulo e a vida parecia ser bem melhor. É bastante lógico, portanto, defendermos com unhas e dentes os tempos em que achamos que tudo estava “muito melhor”. É uma autoafirmação de que aquilo que vivemos ainda vale à pena”.
“A brincadeira do “cringe” em a ver com confronto geracional. Confrontar não é necessariamente brigar, mas é defender o seu ponto de vista e achar que é melhor do que o outro. Isso acontece desde sempre. O “cringe” de hoje é o cafona, o out, o demodê, e o jacu de antigamente. Mesmo que os gladiadores desta luta “cringe” sejam os millenials e a geração Z, isso também dá o que pensar aos mais velhos. Para uma nascida nos anos 1960, como eu (em dezembro de 1963, para ser exata), muitas imagens chegam à cabeça: a mãe enrolando o cabelo com bobbies, a família assistindo a chegada do homem na lua com a primeira TV da família, ou a pintura a guache da bandeira que estragou a lataria do carro do vizinho para comemorar o Brasil campeão na copa de 1970. A gente também teve nossos momentos cringe”, avalia a especialista.
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