Animais de estimação também sentem efeitos negativos do isolamento social Pixabay |
Com um ano e meio de
duração, a pandemia de covid-19 desencadeou várias mudanças de comportamento na
vida dos seres humanos de todo o mundo e, consequentemente, trouxe problemas à
saúde física e mental. Mas engana-se quem pensa que apenas os humanos sofrem
com essas consequências. Segundo especialistas, os pets também passaram a
sentir os efeitos da pandemia.
Para muitas pessoas,
os animais de estimação têm sido a principal companhia nesse período de
confinamento e até contribuem para a redução da ansiedade de seus tutores.
Porém, eles também sentem os efeitos negativos desse novo estilo de vida. Uma
pesquisa realizada em abril de 2021 pelo site japonês Inunavi, mostrou que 70%
das pessoas que têm pets começaram a passar mais tempo em casa após o início da
pandemia e 56% delas notaram uma mudança de comportamento dos seus animais de
estimação.
No Brasil, uma
pesquisa realizada em agosto de 2020 por um hospital veterinário de São Paulo
revelou que 30% dos entrevistados notaram um aumento no peso dos seus pets, por
estarem menos ativos na quarentena, e 20% dos donos perceberam algum tipo de
ansiedade no comportamento de seus animais.
Segundo a
coordenadora da pós-graduação em Nefrologia e Urologia de Animais de Companhia
e professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Positivo,
Patricia Mosko, os animais também podem desenvolver problemas psicossomáticos,
ou seja, tudo o que é absorvido do ambiente tem impacto na saúde – e, na
pandemia, esses problemas tornaram-se mais frequentes. “Os principais fatores
que podem causar a mudança de comportamento do pet e o desenvolvimento das
enfermidades psicossomáticas são a ansiedade e a preocupação dos tutores, pois
isso é percebido pelos animais e tem impacto sobre o funcionamento do corpo
deles. Além disso, também há uma diminuição da qualidade do tempo de contato –
porque, quando estamos juntos deles o tempo inteiro, deixamos de dedicar 100%
da atenção e, com isso, de estabelecer uma boa conexão. Isso faz com que os
sentimentos ruins prevaleçam, como a ansiedade, por exemplo, e, assim, as
enfermidades aparecem”, explica.
Lambedura excessiva nas patas é um sinal de ansiedade
Divulgação
A veterinária alerta
que os tutores devem ficar atentos para alguns sinais que podem ser sintomas de
distúrbios psicossomáticos, como a lambedura excessiva, no caso dos cães, e
inflamação urinária, no caso dos gatos, chamada de cistite intersticial felina.
“Se o cão parar tudo o que está fazendo para lamber suas patas, é um sinal de
ansiedade. Ele está te ouvindo, está prestando atenção no que está acontecendo
no ambiente, mas não consegue parar com a lambedura. Alguns cães podem
apresentar o pelo da pata manchado por conta disso ou até mesmo feridas e
vermelhidão no local. Se o gato começou a fazer xixi fora do lugar correto que
lhe foi ensinado, ele está querendo mostrar que tem um problema. Isso mostra
que a urina acabou escapando ali e não deu tempo de chegar no local correto.
Alguns gatos apresentam até sangue na urina ou miam alto enquanto fazem a
micção, como se estivessem gritando de dor”, alerta.
De acordo com a
professora, é possível amenizar os efeitos desse estresse para os pets,
estabelecendo disciplina no cumprimento dos horários de cada tarefa do dia a
dia, sabendo separar as atividades para conseguir concentrar 100% da atenção em
cada uma delas. “No confinamento, acabamos fazendo tudo ao mesmo tempo, o tempo
todo. Não podemos esquecer que a disciplina deixa nossa vida mais organizada e
com menos ansiedade. É preciso definir uma rotina: horário de trabalho, de
alimentação, das tarefas domésticas e o de ficar com nossos animais. Usar esse
momento para dar 100% de atenção a eles. Quando conseguimos estabelecer essa
conexão e esse contato com nossos animais, nosso organismo responde de forma
positiva, liberando substâncias químicas benéficas, como serotonina e
endorfina, por exemplo, tanto em nosso corpo, quanto no deles. Com isso, a
chance de desenvolvimento dessas doenças psicossomáticas fica muito menor. Ou
seja, precisamos estabelecer contato de qualidade com os pets e respeitar a
individualidade deles para amenizar esses problemas”, esclarece.
Universidade Positivo
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