Mais do que nunca, vivemos um momento de muita competição no mundo corporativo, fazendo com que as pessoas abdiquem de suas vidas pessoais para produzir melhor, ganhar destaque e garantir o conforto de suas famílias. Mas, de que adianta tanto tempo de trabalho se a pessoa mal consegue usufruir da boa vida que oferece à família?
Este dilema carrega um conceito que desafia a todos que estão neste contexto – estejam conscientes ou não. Quando o tempo que precisamos dedicar à vida profissional invade o da vida pessoal, surge a necessidade de conciliar esses dois aspectos, desenvolvendo estratégias que acomodem o equilíbrio entre ambos. É difícil, mas não impossível.
Não existe uma fórmula universal que funcione para todas as pessoas, afinal, cada indivíduo é único e tem recursos e situações particulares. A única coisa certa é que o dia tem apenas 24 horas. Como e onde você dedica esse tempo é uma questão de prioridade e disciplina.
É
preciso aceitar que essa situação existe e precisa de atenção, porque ela tem
um impacto na sua vida pessoal e profissional (e nas vidas das pessoas que
dividem esses espaços com você). O mais importante é conhecer a você mesmo em
profundidade, para poder elencar suas prioridades e fazer escolhas certas, sem
correr riscos mal calculados em nenhuma das esferas de sua vida.
Definição
de prioridades
A
primeira pergunta a ser respondida é: o que eu quero alcançar na minha vida
profissional e pessoal?
A
segunda é: quais são as atividades que eu desempenho diariamente na minha
rotina profissional e pessoal?
Responder às questões propostas não é simples e nem mesmo rápido, e exige que o indivíduo esteja disposto a ir fundo nessa atividade. Liste as coisas que faz, os papéis que desempenha e analise sua agenda de compromissos para identificar onde seu tempo está, de fato, sendo empregado.
Sem
essa base de informações precisas fica muito difícil estabelecer as
prioridades, porque, para isso, é preciso separar suas atividades em três
grupos:
1
- Atividades que podem ser desempenhadas por outras pessoas e que devem ser
atribuídas a elas;
2
- Atividades que sejam puros “ladrões de tempo” e que devem ser eliminadas;
3
- Atividades que só podem ser realizadas pelo próprio indivíduo.
A
partir dessa seleção, basta organizar as atividades do grupo 3 em ordem de
importância. Pode-se até atribuir uma nota de acordo com a importância da
atividade, para ficar bem clara a ordem de prioridade. Por fim, é necessário
confrontar os dois outros grupos, alinhando o que pode ser descartado da sua
rotina e o que pode ser delegado a outras pessoas. É preciso reforçar que esse
exercício exige coragem e disciplina, como qualquer processo de mudança que
desejamos implementar em nossas vidas pessoais e profissionais.
Como
evitar que a tecnologia nos isole do mundo real
A
dimensão que a tecnologia ocupa no mundo atual torna essa separação cada vez
mais difícil. Em meio à pandemia, telas e aplicativos facilitaram tarefas,
encurtaram distâncias, mas, por outro lado, nos tornaram disponíveis o tempo
todo, e em qualquer lugar. É necessário delimitar espaço e tempo em que
estejamos off-line, para que possamos nos dedicar à presença e atenção
requeridas, seja da família ou de amigos.
Qual
é a importância de saber relaxar e descansar
Voltando ao fato inquestionável de que o dia só tem 24 horas, é preciso lembrar que esse é o tempo bruto de que dispomos. O tempo líquido deve ser o que sobra ao descontarmos dessas 24 horas o tempo que deve ser dedicado à atenção de nossas necessidades fisiológicas e de saúde e bem-estar. E o conceito de bem-estar integra as dimensões física, mental, social e intelectual, bem como o propósito de vida de um indivíduo.
Por
isso, é imprescindível incluir, na lista de prioridades, atividades que atendam
a essas dimensões da saúde, como sono, alimentação, exercícios físicos, boas
leituras, música, entre outras. A meditação desempenha um papel importante no
equilíbrio pessoal e contribui para o relaxamento e o descanso em um nível mais
profundo, podendo ser praticada em casa, inclusive numa pausa do trabalho.
A
importância de definir metas
Mais importante do que definir as metas, é estabelecer objetivos e selecionar atividades que conduzam a eles e que possam ser implementadas de forma realista na sua agenda. Quando falamos de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, é comum o indivíduo, ao perceber que precisa de mudanças, fazer planos como acordar mais cedo, fazer ginástica, cozinhar alimentos saudáveis em casa, sair do trabalho mais cedo, ficar com a família e estar na cama a tempo de dormir, pelo menos, 8 horas por noite.
Tudo isso pode parecer ideal. Mas dificilmente é possível implementar um plano tão perfeito de uma vez e fazê-lo funcionar. Sempre há imprevistos, como uma viagem a trabalho, um atraso motivado pelo trânsito ou algo que desmorona a estrutura toda. Daí vem a desmotivação, e a mudança não acontece. Em um processo de mudança sustentável, a análise cuidadosa das alternativas de ações acaba por constituir um Plano de Ação que vai ser implementado aos poucos.
As
mudanças bem-sucedidas tendem a ser implementadas definitivamente quando se
adequam à vida real e aos recursos disponíveis que o indivíduo possui. Definir
um número semanal de horas de exercícios físicos permite uma distribuição
flexível e mais realista do que se matricular na aula de spinning das 19h30
todos os dias, por exemplo. O importante é avaliar constantemente o que está
sendo feito versus objetivos e prioridades estabelecidos.
Stella Azulay - fundadora da Escola de Pais XD, educadora
parental pela Positive Discipline Association, especialista em Análise de
Perfil e Neurociência Comportamental e mentora de pais, educadores,
adolescentes e mulheres
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