As mudanças causadas pela pandemia da Covid-19 pegaram todos nós de surpresa. Em um breve espaço de tempo, todas as relações, tanto profissionais como pessoais sofreram alterações drásticas e tivemos que nos adaptar a um cenário de grande incerteza. A saúde e o bem estar coletivo passaram a ser as principais pautas e preocupações das pessoas, e também das empresas.
Antes, apenas vistos como uma
alternativa à rotina de trabalho, práticas como o home office e o trabalho
híbrido logo tornaram-se realidade para a maioria das empresas. É importante
ressaltar também que, para muitos, essa foi a primeira experiência de trabalho
nessa modalidade, e além do fator novidade, isso também desencadeou outras
sensações, como ansiedade.
Por ser uma novidade, as empresas logo
se depararam com uma certa falta de preparo para organizar e gerenciar as
atividades e rotinas, bem como delimitar um espaço para compromissos de
trabalho e vida pessoal. Sendo assim, muitas pessoas começaram a trabalhar
muito mais horas do que quando estavam no escritório.
De acordo com uma pesquisa realizada pela runrun.it , 55% dos
respondentes dizem estar com um nível de estresse moderado durante este período
de trabalho remoto, e 29% apresentam níveis altos de estresse. Ainda nesse
sentido, 61% afirmam se sentir exaustos, sem energia física e/ou emocional, e
43% apontam que existe uma grande dificuldade em se desconectar depois de um
dia de trabalho.
Mas então, como a empresa pode ser uma
grande facilitadora e protagonista na promoção do bem estar e autocuidado dos
colaboradores?
É importante que exista um olhar
integral para a saúde da empresa e do colaborador, bem como mapear possíveis
dores e pontos de atenção. Algumas práticas que podem ajudar a sua empresa
colocar isso em prática são:
• Estimular um ambiente de trabalho
humanizado, com comunicação não violenta: para isso, é muito importante que,
principalmente as pessoas em papéis de liderança, estejam preparadas para
estimular esta atitude, e até, oferecer algum treinamento para esta soft skill;
• Escuta ativa e ambiente de
comunicação seguro: implementar uma cultura de feedbacks pode ser muito útil
para melhorar o fluxo de informações entre as pessoas e áreas, ou até mesmo,
criar algum canal de escuta anônimo;
• Oferecer serviços e benefícios
focados em saúde mental;
• Criar rotinas de descompressão,
promovendo a interação entre as pessoas e um ambiente para não falar sobre
trabalho - pode ser um happy hour online, por exemplo.
Essas são algumas das várias
possibilidades que a sua empresa tem para promover um ambiente mais focado em
autocuidado, visando mitigar os efeitos negativos do home office nos
colaboradores. Mas é claro que sempre existe a possibilidade de adaptar ou
criar coisas novas, observando suas próprias necessidades e particularidades.
Um exemplo desse tipo de ação na
prática é o suporte que serviços de saúde podem oferecer. Além de todo
o suporte de médicos e enfermeiros de família, é importante ter como parte da
equipe de saúde o acompanhamento com o psicólogo.
Por meio da telemedicina, o contato com
os profissionais é facilitado, o que faz com que os riscos de uma piora do
quadro de ansiedade, por exemplo, sejam observados. Além disso, o time pode
promover também workshops e ações coletivas, visando trazer temas que podem ser
importantes a serem trabalhados dentro da empresa. Esta é uma forma de dar
suporte ao olhar que o RH possui de seus colaboradores.
Lembre-se que, cuidar dos seus
colaboradores e de sua saúde, é também cuidar da sua empresa. O RH deve ser um
aliado nesta transformação, pensando de maneira proativa, e não deixando
situações extremas surgirem.
Rafael Barreto - Enfermeiro com
residência em Atenção Primária pela Escola de Enfermagem da Universidade de São
Paulo (USP). Atualmente, é mestrando pela mesma faculdade. Atuou como
enfermeiro de família por quase dois anos no Albert Einstein e é Head de
Enfermagem da Cuidas desde 2018.
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