Em tempos de pandemia, os cuidados com a higiene se tornaram ainda mais necessários e imprescindíveis para preservar a saúde individual e coletiva da população. Medidas como lavar bem as mãos e fazer uso do álcool em gel ao se expor a espaços públicos ou ao lidar com outras pessoas já viraram hábitos rotineiros.
No entanto, além da limpeza
das mãos, é fundamental lembrar que a higiene bucal também precisa de atenção
especial durante a atual crise sanitária. Isso porque a ausência de limpeza
adequada na cavidade bucal, dentes e superfície da língua propicia a
proliferação de bactérias na gengiva, o que acaba ocasionando o surgimento de
inflamações e o aparecimento de doenças periodontais. Ainda é preciso destacar
que esse mau hábito pode contribuir para que a boca se transforme em um
reservatório para o vírus – processo que pode agravar bastante o quadro de um
paciente já infectado.
Mas não é somente com a
higiene que as pessoas devem se preocupar. O estresse e medo provenientes do
contexto de pandemia produziram e intensificaram comportamentos, reações e
sentimentos que têm favorecido o desenvolvimento de patologias e lesões nos
dentes. Confira abaixo os principais problemas odontológicos que se agravaram
durante a crise sanitária:
- Bruxismo: Diversas doenças
e distúrbios foram desencadeados durante a pandemia. Grande parte dos casos
está relacionada ao estresse e ansiedade. Um dos transtornos que se tornou mais
recorrente foi o bruxismo. Caracterizada pelo ato de ranger ou apertar
excessivo dos dentes, a condição pode ser provocada por muitos fatores.
Normalmente, tensão, depressão, ansiedade e outros fatores emocionais contribuem
para a sua origem ou agravamento. Hoje, a disfunção se faz presente em cerca de
84 milhões de brasileiros, equivalente a 40% da população.
- Gengivite: Causada pelo
acúmulo de placa bacteriana nos dentes, a patologia promove a inflamação da
gengiva e pode atingir um grau bem alarmante com a elevação do estresse. Isso
porque a alta dos níveis do hormônio cortisol durante situações de tensão
enfraquece o sistema imunológico, tornando o corpo mais propenso a adquirir
doenças infecciosas.
- Periodontite: A doença
periodontal é uma condição crônica, que causa sangramentos na gengiva e o
desmantelamento do aparato que dá suporte aos dentes. Pode ser considerada uma
evolução da gengivite, que ocorre em indivíduos susceptíveis. Se não for
tratada, pode acarretar a perda dentária. “Um sistema imune saudável é o melhor
escudo contra o problema. No entanto, sob estresse, as pessoas costumam liberar
uma grande quantidade adrenalina e noradrenalina que não só podem levar a
diminuição do fluxo sanguíneo, como interferir negativamente na ação de células
de defesa e seus mediadores contra bactérias relacionadas à doença”, alerta o
cirurgião-dentista André Pataro, doutor e mestre em Odontologia e especialista
em Periodontia. Há diversos estudos na literatura científica que relatam a
influência da periodontite no agravamento de doenças crônicas como diabetes,
hipertensão, artrite reumatoide, obesidade e, inclusive, a covid-19.
- Cárie: Em situações de
estresse, os nervos simpáticos do corpo sofrem grandes estímulos que acabam
causando a vasoconstrição periférica. “O resultado disso é a redução do fluxo
salivar e, consequentemente, a fragilização da resistência do organismo às
bactérias, até mesmo aquelas que atuam na geração da cárie. Isso acaba
favorecendo o aumento do número desses microrganismos na boca. Com a diminuição
da saliva, eles permanecem por muito mais tempo nos dentes, dissolvendo
minerais e destruindo suas estruturas”, ressalta.
Por fim, André Pataro alerta
que todas essas condições levam ao envelhecimento precoce do sorriso, gerando
interferências na saúde sistêmica do paciente. “Devemos ter em mente que o
nosso organismo é um só e está todo interligado. Um indivíduo saudável não é
somente aquele com ausência de doenças, mas sim aquele que se mantém em equilíbrio
em todos os aspectos”, conclui.
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