O mundo enfrenta uma pandemia que já dura um ano e meio e que não tem ainda uma data para acabar. A Covid-19, ao contrário de algumas outras doenças pandêmicas já combatidas, é transmitida com a circulação das pessoas em viagens globais, se espalhou rapidamente, atingindo mais de 160 milhões de pessoas até maio de 2021, causando quase 4 milhões de mortes. Números esses que, infelizmente, são atualizados todos os dias.
Com o aumento no número de casos e de mortes,
percebemos a necessidade de mais preparo e de modelos que possam simular como
uma crise dessa amplitude poderia ser enfrentada. Se os países mais
desenvolvidos e seus governos pudessem juntar forças, seria possível vislumbrar
a criação de um sistema global de alerta e monitoramento e, assim, estaríamos
melhor preparados para lutar contra o coronavírus.
O que ouvimos é que não há como prever uma tragédia
ou coisa parecida, mas será que não temos tecnologia suficiente para isso? A
falta de robustez das plataformas de compartilhamento de dados em saúde ainda é
um limitador de investigações epidemiológicas, orientações de protocolos de
tratamento e evolução nos processos de combate. Contudo, hoje, temos a ciência
e a tecnologia à nossa disposição. Se usarmos os recursos e o conhecimento de
forma adequada, poderemos prever e evitar futuros desafios tendo como grande
aliado o uso de Big Data Analytics.
Todos os dados gerados por meio do uso de
dispositivos conectados são passíveis de análises minuciosas, sejam eles
fornecidos por hospitais, institutos de pesquisa, empresas médicas, agências
governamentais, agências mundiais, pacientes ou indivíduos. São informações que
podem ser utilizadas para obter insights que levarão a tomadas de ações
oportunas para prevenir novas crises de saúde globais. O aumento da pesquisa e
do desenvolvimento é a chave para a criação de um sistema compartilhado de
alerta e resposta.
Atualmente, pesquisadores identificaram algumas
áreas onde o uso do Big Data tem forte potencial para
análises na indústria farmacêutica. Neste mercado, a tecnologia já é utilizada
para acelerar o processo de descoberta e desenvolvimento de medicamentos em
casos de surtos, mas ainda se mostra urgente a necessidade de termos um sistema
que permita o desenvolvimento rápido de vacinas em casos de pandemia, ou que
garanta a identificação de medicamentos promissores a partir da análise de
dados compartilhados, acelerando também todo o processo de combate às doenças.
Esforços têm sido colocados em prática para
construir prontuários com dados comuns, identificando intervenções necessárias
no longo prazo e criando ações colaborativas, o que deve ajudar em situações futuras.
O Big
Data Analytics nos permite essa melhor preparação, porém vem com
seu conjunto de desafios a serem enfrentados. Um deles é a segurança
cibernética, pois os dados podem ser roubados, corrompidos ou ainda utilizá-los
para criar falsos gatilhos nos sistemas, gerando um alerta inexistente e um
possível pânico global.
Além disso, o uso de dados não estruturados tem
grande chance de serem imprecisos e tendenciosos. Outro forte desafio está
ligado às questões legais e éticas do uso de informações de mídias sociais para
a vigilância formal de doenças. Ou seja, precisaríamos de melhorias na
estrutura digital e de um grande número de profissionais aptos a utilizá-la.
Também seria necessária a colaboração interdisciplinar, envolvendo áreas como
inteligência artificial, machine learning, biologia,
farmacologia, biomedicina e modelos populacionais para alavancar o uso do Big Data.
Para que isso aconteça com precisão, é necessário o
desenvolvimento de plataformas que apoiem a colaboração entre as empresas e que
estejam calibradas para identificar pacientes em nível global, gerenciando um
surto à medida que progride. Sem dúvida, a detecção antecipada de um surto pode
impedi-lo de se tornar uma epidemia, e o caminho mais rápido para isso é
utilizar o Big Data Analytics como ferramenta de monitoramento.
Detectar padrões e criar alertas vão auxiliar na prática de protocolos
direcionados à saúde. Assim, o objetivo das grandes corporações mundiais deve
se voltar à construção de um ecossistema eficiente e benéfico, que impeça que
casos isolados, novamente, tornem-se catastróficos.
Rodrigo Mello - Head de Application Development and Maintenance – Data Analytics Practice da Infosys
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