A psicóloga Cristine Lima dos Santos, que assina um dos
capítulos do livro “Mulheres Invisíveis, traça os diversos perfis dos
agressores e mostra como proceder diante dessas situações
Não
é incomum nos depararmos com reportagens nos noticiários televisivos ou lermos
reportagens sobre violência doméstica e feminicídio.
Para
se ter uma ideia, segundo a Rede de Observatório da Segurança, em
2020 a violência contra a mulher (o que inclui o feminicídio), entrou na
terceira posição do ranking de eventos do País, com ao menos cinco mulheres
vítimas por dia.
Mas,
afinal, o que é uma relação abusiva?
Entenda
como relação abusiva qualquer ato ou palavreado que ofenda, agrida, que aponte
seus defeitos, critica o tempo todo, diz ter vergonha de você, tem uma postura
hostil com o intuito de degradar, inferiorizar, humilhar ou aterrorizar para
dominar a mulher.
Algumas
delas são:
Emocional:
quando o outro minimiza seus sonhos e conquistas, diz que
você não é nada ou ninguém sem ele. Quando usa álcool ou drogas, utiliza destes
artifícios para utilizar-se do abuso, faz ameaças caso saia do relacionamento
se colocando como vítima. Passa horas te ignorando de forma injustificada em
caráter punitivo. Faz você sentir que mereceu a agressão;
Sexual:
quando você é forçada a manter uma relação sexual sem vontade, sem prazer. Ele
a procura no meio da noite para fazer sexo e lhe força a se entregar. Usa de
chantagem emocional para satisfazer seu desejo. Nunca se esqueça: sexo sem
consentimento é estupro;
Psicológica:
por meio de palavras hostis, isolamento, ameaças, frieza com o intuito de
suscitar insegurança e ciúmes. Perseguição ou aparição inesperada, como quem
não quer nada ou está fazendo uma “surpresa”. Utiliza termos do tipo: “Nunca
ninguém vai lhe querer” ou “Olha para você, dê graças a Deus que eu ainda te
quero”. Tenta isolar você somente para ele, controlando com quem você pode
falar, com quem pode sair, faz parecer que suas amigas lhe menosprezam ou não
são amigas de verdade. Acessa seu celular quando quer e controla suas roupas.
Ele joga coisas, chuta, soca para lhe intimidar;
Física:
quando ocorrem lesões ou agressões menores, como puxões de cabelo, empurrões,
socos, beliscões, entre outros. Cuidado, pois as coisas vão se agravando,
podendo chegar ao ato de feminicídio;
Moral:
ao depor contra a sua reputação, difamando, levantando
falso testemunho e caluniando;
Patrimonial:
quando o patrimônio do casal é destruído deliberadamente, por excesso no
controle financeiro, deixando-a totalmente dependente ou ainda com ocultação
dos bens.
Sim,
você tem opção!
Gostaria
de esclarecer que em meu consultório recebo muitas mulheres nessa situação e
algumas até conseguem perceber a realidade, entretanto, vêm com um discurso de
que “agora é tarde, pois estou velha”, “já tenho 50 anos de casada”, “eu sou
dependente financeiramente e não tenho o que fazer” e por aí vai.
Estão
tão acostumadas a ser submissas, que anulam as suas vontades e desejos,
deixando de pensar em si e vivem para o outro.
Primeiramente,
saia da crença que ele vai mudar, vai melhorar, vai passar. Se ele não for
psicótico, podemos até tentar um tratamento psicológico com o casal, mas o
maior problema é que como ele faz de forma muito consciente, esbarramos em duas
possibilidades.
Uma
é nunca permitir que você chegue a algum tipo de ajuda, porque ele te manipula.
E a segunda é que ele se nega a qualquer tratamento por não se ver como um
abusador.
Por
isso, neste momento, vamos pensar em você, nessa mulher que
sofre, que não aparece, que não tem voz.
A
mudança tem que partir de você, mesmo entendendo que o enfrentamento é muito
difícil. Mas se houver o reconhecimento de que você é a vítima, você tem apoio.
Por isso, faça uma reflexão sobre o seu relacionamento.
Lembre-se:
a “lua de mel” cria nas vítimas a sensação de falsa segurança e uma infiel
esperança de melhoras.
Procurar
ajuda é sempre um ótima opção!
Ao
identificar o problema, primeiro acredite que não está sozinha. Se tiver alguém
íntimo que possa lhe apoiar, um parente ou amigo, pode lhe ajudar a iniciar a
jornada.
Existem
órgãos das prefeituras que oferecem serviço de proteção às mulheres que sofrem
violências praticadas por maridos, companheiros ou parentes de maneira eficaz e
sigilosa. Recorra a eles sempre que possível.
Você
ainda pode buscar um profissional. No trabalho de psicologia, por exemplo,
damos todo apoio e informação necessária para iniciar essa libertação. Temos
vários caminhos para trabalhar seu emocional:
Psicólogo:
pode ajudar e reestruturar seu estado emocional, elevando sua autoestima,
fortalecendo seu comportamento, auxiliando a empoderá-la para que perceba o
ciclo da violência e retomando o poder de sua vida;
Terapia
Floral: os florais são essências de flores
que trabalham os desequilíbrios emocional e físico, pois a doença é uma
desarmonia emocional que altera o campo energético das pessoas. É totalmente
natural e sem efeitos colaterais. Os florais, na prática, trazem de dentro de
você características que estão sufocadas e equilibram aquele comportamento que
pode estar atrapalhando a seguir em frente;
Constelação
Familiar: é um método
psicoterapêutico que estuda os padrões de comportamento de grupos familiares
através de suas gerações.
Cristine Lima dos Santos - Psicóloga
clínica há 27 anos e escritora, é coautora da obra Mulheres Invisíveis (2021),
publicado pela Editora Conquista, que aborda a questão da violência doméstica
contra as mulheres. Também é empresária da Clínica Eubiose Integração em
Saúde Ltda., levando informação, conscientização, palestras, tratamento e
qualidade de vida há 14 anos para pessoas, desde crianças até idosos.
@cristine.psicologia e @clinica.eubiose
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