Ser mãe exige habilidades que, por uma questão muitas vezes apenas cultural, impõe sobre a mulher uma carga que é exclusividade do papel que exerce. Ela acaba assumindo a responsabilidade pelas tarefas domésticas, de trabalhar e de cuidar dos filhos. E quando se trata dos filhos, é importante pensar de uma maneira mais abrangente: não só em alimentá-los e dar-lhes garantia de necessidades básicas como também de acompanhá-los de perto na educação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontou que as mulheres como as mais
suscetíveis a problemas mentais no período de pandemia da Covid-19. E em tempos
de isolamento social, todos esses papéis se concentraram dentro de casa,
tornando as tarefas mais indigestas. O resultado é que os riscos de apresentar
sintomas de ansiedade e depressão aumentaram nas mães, gestantes e puérperas.
Uma pesquisa realizada pelo Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina
da UFMG revela que, no período da pandemia, a maior parte das mães tem se
dedicado a assistir televisão com os filhos (94%), brincar (77%) ou cantar com
eles (65%). No entanto, uma pequena parcela tem lido (27%) ou feito alguma
atividade física junto com a criança (22%).
Outra pesquisa, desenvolvida na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, aponta
que 63% das mães tiveram sintomas depressivos durante a pandemia. Desse
universo, 78% revelaram que tiveram sentimentos de desconforto em relação ao
vírus e 34% tiveram sentimentos negativos, que, em intensidade mais elevada,
são característicos da depressão, como medo, angústia e insegurança.
Todos esses dados têm suscitado a necessidade de atenção com as mães, como
avalia a gerente de marketing da operadora de planos de saúde You Saúde,
Camilla Bastos. “Não há dúvida de que a pandemia vem causando transtornos em
diversas categorias sociais, e todas elas merecem cuidados devidos. Mas as mães
estão no epicentro dos problemas causados pelo isolamento, até pelos papéis
diversos que a mulher assume”, explica. Nesse sentido, completa, é necessário
também promover uma conscientização preventiva. “Conversar com as mães,
orientá-las a tomar um tempo para si e investir na própria saúde mental. Esses
cuidados são fundamentais para que algo talvez tão grave quanto a própria
Covid-19 não ganhe corpo dentro de casa”, conclui.
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