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segunda-feira, 17 de maio de 2021

Piercings na boca: o que cirurgiões-dentistas têm a dizer

Piercings na boca podem fazer mal, mas isso não é bem uma novidade. O que tem mudado é que, aos poucos, as perfurações, moldes ou colagens de joias em lábios, dentes e língua fazem cada vez mais parte da rotina dos consultórios odontológicos. Calma! Os cirurgiões-dentistas não estão se transformando em body piercing - profissionais que realizam a colocação dos adereços. Quem explica mais sobre isso são os integrantes da Câmara Técnica de Estomatologia do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo (CROSP). 

“Os piercings podem causar uma série de danos e traumas aos dentes e à mucosa oral. Isso depende da localização, tamanho, forma, aplicação e cuidado. Nosso papel é orientar os pacientes que possuem essas joias a manter um acompanhamento periódico e informá-los sobre os meios para prevenção de doenças causadas pelo uso e manutenção errada da peça”, conta o cirurgião-dentista Wellington Hideaki Yanaguizawa. 

Para os profissionais de Odontologia, a prioridade é sempre a saúde e bem-estar de seus pacientes. Por isso, eles alertam que hábitos deletérios, ou seja, aqueles que prejudicam a saúde, devem ser evitados. Isso inclui tocar o acessório com as mãos sujas ou raspar e prender o piercing contra os dentes ou a gengiva, por exemplo, provocando erosões e desgastes do esmalte dentário, sensibilidades e cavitações dentárias, além de retração nas gengivas, consequências mais comuns em perfurações nos lábios, quando uma parte da joia fica na área interna da boca e a outra na externa.

Existem ainda outros perigos, dependendo da escolha. “Os piercings internos podem ser mais danosos, pois aumentam os riscos de traumas e feridas que servirão como porta de entrada para infecções virais e bacterianas”, alerta a  cirurgiã-dentista Camilla Vieira Esteves ao falar das peças colocadas na língua, úvula e gengiva. Outros efeitos podem ser língua bífida, sensibilidades e mobilidades dentárias, halitose (mau hálito) e lesões inflamatórias crônicas nos tecidos.


E se o piercing for colado? 
A grande questão dos adereços colados, como é feito nos dentes, é a formação do biofilme. A massa de bactérias colonizadoras da cavidade oral pode se instalar ao redor da peça e levar à cavitação do dente por processo carioso. “Se o paciente não tomar os devidos cuidados e realizar a correta higienização, esse acúmulo de placa também pode causar gengivite, uma inflamação que provoca inchaço e sangramento na gengiva, ou até mesmo evoluir para periodontite, que é quando essa inflamação acomete o osso e os ligamentos que estão a redor do dente, sendo capaz de resultar em mobilidades e até a perda dos dentes”, detalha Wellington.


A tendência agora são os grillz
Quem assistiu a um filme de ficção sobre vampiros sabe que as presas podem ser bem realistas. Uma adaptação disso já bem conhecida internacionalmente, principalmente no universo da música, são os grillz, as grades dentárias incrustadas de pedras preciosas. “Chamamos de facetas removíveis, pois elas são adaptadas através de um silicone que se molda ao formato dos dentes. Geralmente, são confeccionadas em ouro, prata ou metal com pedrarias. Por serem feitas de material metálico rígido, o principal problema são as fraturas dentárias com o uso prolongado, disfunções periodontais e infecções oportunistas, como a candidose - um grupo de fungos que pode colonizar a mucosa oral quando não higienizada corretamente. Além disso, se estiver mal adaptado, o acessório pode causar movimentações dentárias, agindo como um aparelho ortodôntico, porém sem planejamento algum”, explica Camilla.

Prata, titânio, aço cirúrgico e outras joias são comumente utilizados nos grillz ou piercings e, mesmo que a maioria deles não cause grandes problemas, alguns pacientes podem desenvolver uma condição chamada Reação Liquenóide de Contato, doença imunomediada em que o organismo apresenta resposta imunológica ao agente alérgeno. Os cirurgiões-dentistas apontam que, “enquanto o fator causador não for retirado, o paciente continuará apresentando lesões avermelhadas acompanhadas por linhas reticulares brancas conhecidas como ‘Estrias de Wickham’ na mucosa que estiver em contato com o material. As lesões podem gerar desconforto, ardência ou dor”, informa Wellington. O ouro é a substância com menos registros desses casos. 

Para estar na moda e com a saúde oral em dia é simples: basta manter os cuidados de higiene bucal e procurar um profissional habilitado para as devidas orientações. 

 


Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP

www.crosp.org.br


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