Pessoas que desde cedo desenvolvem as chamadas soft skills tornam-se mais humanas e solidárias
A pandemia da Covid-19 também
expôs feridas de uma sociedade que não é solidária diante de necessidades
coletivas. Após mais de um ano de crise, o uso de máscaras de proteção e o
distanciamento social ainda são vistos com reticências, especialmente entre os
mais jovens. Festas clandestinas, viagens desnecessárias, grandes reuniões
familiares, entre outras atividades que fomentam as aglomerações,
evidenciam que a capacidade de se colocar no lugar do outro precisa ser
estimulada.
Entretanto, antes de mirar os
holofotes para a juventude em busca de culpados, a neuropsicopedagoga Renata
Aguilar diz que não adianta querer que o adolescente e o jovem mostrem empatia
se essa competência não foi desenvolvida neles e estimulada desde a infância.
As habilidades, também
conhecidas como competências socioemocionais, podem e devem ser desenvolvidas
desde a primeira infância. “Como resultado, teremos crianças, jovens e adultos
mais fortes e confiantes do ponto de vista emocional e com um olhar mais
altruísta, voltado para o próximo”, diz ela, que é também autora da coleção de
apostilas “Socioemocional”, um material lançado pelo Grupo Super Cérebro, de
acordo com a Base Nacional Comum Curricular, para alunos de ensino fundamental
e médio.
Para a neurociência, é nesta
fase que ocorre o mais significativo desenvolvimento neurológico, fenômeno
também conhecido como plasticidade cerebral. "Portanto, quando estimulamos
desde pequenos competências como empatia, autoconhecimento, segurança e
capacidade de argumentação podemos, inclusive, prevenir problemas de
aprendizagem e dificuldades de socialização", afirma a
neuropsicopedagoga.
Escola
como agente multiplicador
Por meio de abordagens e
estímulos específicos embasados em materiais pedagógicos assertivos, a criança
e o jovem entendem que as suas ações têm responsabilidades e que não devem
jamais prejudicar o próximo. “Tudo, é claro, dentro de um contexto lúdico,
reflexivo e de acolhimento. De preferência, dentro das escolas – que é a
primeira sociedade que a criança vivencia.”
Ao aprender a negociar um
brinquedo ou ser capaz de defender suas ideias, exemplifica Renata, os pequenos
vão entendendo que fazem parte de um grande sistema autossustentável, em que a
relação de dependência é mútua.
Quando a escola desenvolve esse
papel junto das crianças e dos jovens o resultado reverbera na família e, por
consequência, na sociedade. “As crianças são importantes agentes
multiplicadores. Conforme vão aprendendo, vão reproduzindo em outros ambientes
e, dessa forma, conseguimos atingir outras esferas da sociedade.”
Além disso, prossegue, o
professor que trabalha com as habilidades socioemocionais também é beneficiado.
“Com o tempo ele passa a exercer a sua atividade com um nível mais profundo de
autoconhecimento, autocuidado e autocrítica, estando, portanto, mais apto para
lidar com as diferenças em sala de aula.”
Para a autora das apostilas
“Socioemocional”, cabe ao professor e à escola observar esse aluno e cuidar
para que o repertório linguístico não seja o único ponto a ser trabalhado pela
instituição de ensino. “Porém, vale ressaltar que os gestores devem estar
preparados. É necessário que estudem,
busquem evidências científicas e entendam alguns aspectos da neurociência e do
cérebro. Um exercício que gosto de praticar em sala de aula e que envolve o
estímulo de áreas positivas do cérebro é: como converter a reclamação em
gratidão? O resultado é transformador.”
Como o
lúdico e o brincar ajudam na compreensão das emoções
Altruísmo, empatia,
autoconhecimento, segurança e capacidade de argumentação são algumas das
habilidades socioemocionais que podem ser desenvolvidas por meio de
brincadeiras e atividades lúdicas. Entre elas, rodas de conversa e levantamento
de hipóteses, contação de histórias, músicas, cantigas, leitura de jornais,
poemas, além da cultura digital (Fake News e Bullying), são apenas
algumas das abordagens que podem ser praticadas em sala de aula.
Segundo Renata Aguilar, tais
práticas estimulam o olhar crítico, reflexivo e propiciam uma melhor
compreensão das emoções. “No
entanto, é essencial dar espaço para
que as crianças sejam protagonistas do seu próprio conhecimento, a partir do
repertório de vida que já possuem”, salienta, explicando que as apostilas
foram desenvolvidas exatamente para que o aluno se torne protagonista e
multiplicador no gerenciamento de suas emoções.
De acordo com o método, já
presente em cerca de 150 escolas do Brasil, o professor deve se colocar na
condição de mediador e não simplesmente entregar tudo pronto para a criança.
“Ele deve dar liberdade, autonomia e desenvolver a consciência crítica e
reflexiva dos seus alunos, sempre promovendo o próximo.”
Grupo Super Cérebro
https://www.supercerebro.com.br/
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