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segunda-feira, 10 de maio de 2021

É na escola que as crianças e jovens aprendem sobre empatia e outras competências socioemocionais, diz especialista

Pessoas que desde cedo desenvolvem as chamadas soft skills tornam-se mais humanas e solidárias


A pandemia da Covid-19 também expôs feridas de uma sociedade que não é solidária diante de necessidades coletivas. Após mais de um ano de crise, o uso de máscaras de proteção e o distanciamento social ainda são vistos com reticências, especialmente entre os mais jovens. Festas clandestinas, viagens desnecessárias, grandes reuniões familiares, entre outras atividades que fomentam as aglomerações, evidenciam que a capacidade de se colocar no lugar do outro precisa ser estimulada. 

Entretanto, antes de mirar os holofotes para a juventude em busca de culpados, a neuropsicopedagoga Renata Aguilar diz que não adianta querer que o adolescente e o jovem mostrem empatia se essa competência não foi desenvolvida neles e estimulada desde a infância.

As habilidades, também conhecidas como competências socioemocionais, podem e devem ser desenvolvidas desde a primeira infância. “Como resultado, teremos crianças, jovens e adultos mais fortes e confiantes do ponto de vista emocional e com um olhar mais altruísta, voltado para o próximo”, diz ela, que é também autora da coleção de apostilas “Socioemocional”, um material lançado pelo Grupo Super Cérebro, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular, para alunos de ensino fundamental e médio.

Para a neurociência, é nesta fase que ocorre o mais significativo desenvolvimento neurológico, fenômeno também conhecido como plasticidade cerebral. "Portanto, quando estimulamos desde pequenos competências como empatia, autoconhecimento, segurança e capacidade de argumentação podemos, inclusive, prevenir problemas de aprendizagem e dificuldades de socialização", afirma a neuropsicopedagoga. 


Escola como agente multiplicador

Por meio de abordagens e estímulos específicos embasados em materiais pedagógicos assertivos, a criança e o jovem entendem que as suas ações têm responsabilidades e que não devem jamais prejudicar o próximo. “Tudo, é claro, dentro de um contexto lúdico, reflexivo e de acolhimento. De preferência, dentro das escolas – que é a primeira sociedade que a criança vivencia.” 

Ao aprender a negociar um brinquedo ou ser capaz de defender suas ideias, exemplifica Renata, os pequenos vão entendendo que fazem parte de um grande sistema autossustentável, em que a relação de dependência é mútua. 

Quando a escola desenvolve esse papel junto das crianças e dos jovens o resultado reverbera na família e, por consequência, na sociedade. “As crianças são importantes agentes multiplicadores. Conforme vão aprendendo, vão reproduzindo em outros ambientes e, dessa forma, conseguimos atingir outras esferas da sociedade.” 

Além disso, prossegue, o professor que trabalha com as habilidades socioemocionais também é beneficiado. “Com o tempo ele passa a exercer a sua atividade com um nível mais profundo de autoconhecimento, autocuidado e autocrítica, estando, portanto, mais apto para lidar com as diferenças em sala de aula.”

Para a autora das apostilas “Socioemocional”, cabe ao professor e à escola observar esse aluno e cuidar para que o repertório linguístico não seja o único ponto a ser trabalhado pela instituição de ensino. “Porém, vale ressaltar que os gestores devem estar preparados. É necessário que estudem, busquem evidências científicas e entendam alguns aspectos da neurociência e do cérebro. Um exercício que gosto de praticar em sala de aula e que envolve o estímulo de áreas positivas do cérebro é: como converter a reclamação em gratidão? O resultado é transformador.” 


Como o lúdico e o brincar ajudam na compreensão das emoções

Altruísmo, empatia, autoconhecimento, segurança e capacidade de argumentação são algumas das habilidades socioemocionais que podem ser desenvolvidas por meio de brincadeiras e atividades lúdicas. Entre elas, rodas de conversa e levantamento de hipóteses, contação de histórias, músicas, cantigas, leitura de jornais, poemas, além da cultura digital (Fake News e Bullying), são apenas algumas das abordagens que podem ser praticadas em sala de aula. 

Segundo Renata Aguilar, tais práticas estimulam o olhar crítico, reflexivo e propiciam uma melhor compreensão das emoções. “No entanto, é essencial dar espaço para que as crianças sejam protagonistas do seu próprio conhecimento, a partir do repertório de vida que já possuem”, salienta, explicando que as apostilas foram desenvolvidas exatamente para que o aluno se torne protagonista e multiplicador no gerenciamento de suas emoções.

De acordo com o método, já presente em cerca de 150 escolas do Brasil, o professor deve se colocar na condição de mediador e não simplesmente entregar tudo pronto para a criança. “Ele deve dar liberdade, autonomia e desenvolver a consciência crítica e reflexiva dos seus alunos, sempre promovendo o próximo.”  

 

 


Grupo Super Cérebro

 https://www.supercerebro.com.br/


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