Técnicas e protocolos eliminam necessidade de internação e oferecem recuperação mais rápida e segura. Indicação depende da avaliação dos especialistas
A qualificação de
equipes médicas para a realização de procedimentos minimamente invasivos e
guiados por imagens demonstra uma tendência da medicina moderna. Alternativas
com menores riscos e breve recuperação favorecem a maior disponibilidade de
leitos e, consequentemente, o acesso para aqueles que mais precisam. Com a
pandemia de COVID-19, essa necessidade se acentuou e cada vez mais, médicos e
pacientes tem encontrado nesses procedimentos o equilíbrio entre tratar uma
condição que não pode esperar e otimizar a gestão de leitos hospitalares.
A depender da doença,
condição de saúde e tratamento necessário, é possível optar por procedimentos
pouco invasivos que, na maioria das vezes, não requerem anestesia, cortes ou
ambiente cirúrgico. Nesses casos, o paciente é submetido ao procedimento e no
mesmo dia vai para casa, sem a necessidade de internação. "Para aqueles
que não têm essa opção, é muito importante checar se o serviço de saúde conta
com fluxos separados. Nesses casos, os pacientes com suspeita ou confirmação de
COVID-19, ao chegar no hospital, são separados dos demais e encaminhados para
uma ala onde os equipamentos, profissionais e infraestrutura são exclusivos,
diminuindo as chances de transmissão do vírus para os demais", diz Dr.
Fernando Ganem, diretor de governança clínica do Hospital Sírio-Libanês, em São
Paulo.
Um exemplo de
procedimento minimamente invasivo é a radioterapia funcional, também
conhecida como radiocirurgia funcional. Essa modalidade de tratamento pode ser
indicada para pacientes que convivem com doenças neurológicas, como a
epilepsia, neuralgia trigeminal, distonia, desordens do comportamento, de humor
e pacientes que convivem com a dor crônica. "Os tratamentos padrões dessas
doenças continuam os mesmos. No entanto, por conta da condição de saúde, muitos
pacientes não têm boa resposta aos tratamentos, sofrendo com impactos na saúde
e qualidade de vida. Muitos sequer são elegíveis e acabam ficando sem saída.
Para essas pessoas, a radioterapia funcional se tornou uma opção segura e
eficiente", conta Dr. Samir Hanna, radio-oncologista do Hospital
Sírio-Libanês.
"A técnica
consiste em entregar uma alta dose de radiação em determinado local no cérebro,
responsável pela condição de saúde. Para isso, o paciente é submetido a um
procedimento em ambulatório, onde não há cortes e picadas, mas sim o uso de
imagem para determinar o local exato que deve receber a dose", conta Dr.
Gustavo Nader, radioterapeuta do Hospital Sírio-Libanês. Até pouco tempo, o
tratamento era realizado exclusivamente em um equipamento específico que
demandava o uso de um suporte parafusado na cabeça do paciente. Uma parceria
ente o Hospital Sírio-Libanês e a Universidade do Alabama proporcionou a
capacitação do time de radioterapia e neurologia, tornando o hospital um dos
três centros no país que eliminou a necessidade desse suporte e otimizou o uso
do acelerador linear, um equipamento mais acessível e versátil. Segundo os
especialistas, estudos indicam que a técnica tem uma taxa de sucesso entre 60 e
70% no controle da dor trigeminal, uma das piores dores que o indivíduo pode
sentir.
Tratamento de tumores
renais
O tratamento padrão de
tumores renais envolve cirurgia e, dependendo do caso, demais intervenções e
tratamentos, como a quimioterapia. No entanto, um estudo conduzido pelo Dr.
Marcos Menezes, radiologista intervencionista do Hospital Sírio-Libanês, indica
que procedimentos minimamente invasivos, como a crioblação e ablação por
radiofrequência, têm os mesmos resultados de uma cirurgia tradicional.
Desenvolvido em
parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade
de São Paulo, o estudo avaliou 85 pacientes entre 2008 e 2016, que tinham
determinadas características, entre elas, tumores menores do que quatro
centímetros. Além do menor risco e impacto na qualidade de vida do paciente, os
procedimentos têm menos chances de complicações e melhor tempo de recuperação.
"O estudo indica que a parcela de pacientes com tumores renais inferiores
a 4 centímetros, que têm somente um dos dois órgãos, rins com funcionalidade comprometida
ou que apresentam doenças genéticas também podem ter indicação para o
procedimento", explica o Dr. Marcos Menezes, radiologista intervencionista
do Hospital Sírio-Libanês. "São justamente esses pacientes, cuja saúde é
fragilizada, que devem redobrar os cuidados contra a COVID-19, mas não podem
esperar para tratar o câncer."
Sociedade Beneficente
de Senhoras Hospital Sírio-Libanês
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