Dr. Guilherme
Sangirardi de Melo Reis, cardiologista credenciado Omint, destaca alguns
aspectos relacionadas ao sedentarismo causado pela Covid-19 e aborda a relação
entre doenças cardíacas e inatividade física
Nesta terça-feira, 6 de abril, é comemorado o Dia
Mundial da Atividade Física, data importante para conscientizar as pessoas de
que o sedentarismo é um fator de risco para a saúde e deve ser combatido. De
acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 5 milhões de mortes
por ano poderiam ser evitadas no mundo com o aumento da atividade física.
No Brasil, o número de indivíduos fisicamente
inativos é significativo: segundo a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) 2019,
realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 40,3% da
população de 18 anos ou mais foram classificadas como insuficientemente ativas.
Esse cenário torna-se ainda mais preocupante quando levamos em consideração que
o sedentarismo é um dos principais causadores de doenças crônicas não
transmissíveis, como as doenças cardiovasculares, por exemplo, e que
provavelmente, no ano de 2020, por conta da pandemia de Covid-19 e do
distanciamento social, esses números devem ter piorado ainda mais.
O cardiologista credenciado Omint, Dr. Guilherme
Sangirardi de Melo Reis, explica que as doenças coronárias são a causa
primordial de morte no país e podem levar ao infarto agudo do miocárdio,
provocando uma disfunção do músculo cardíaco, que compromete o bombeamento de
sangue para todo o corpo e ocasiona uma série de complicações. Além disso, “a
hipertensão arterial é o principal fator de risco de pacientes cardiopatas,
seguida de diabetes, dislipidemia, que são os níveis elevados de colesterol, e
tabagismo. O controle adequado dessas condições é a única maneira de tentar
minimizar a incidência de quadros agudos”, alerta.
Atividade física x Covid-19
A pandemia do novo coronavírus acabou afetando a prática de atividades físicas,
devido ao distanciamento social e ao fechamento de academias, clubes e parques.
As pessoas com doenças crônicas deixaram de fazer seu acompanhamento médico
periódico com medo da transmissão do vírus em ambientes de ambulatórios e
laboratórios, aumentando índices de descompensações de hipertensão, diabetes
etc. Além disso, muitas pessoas que foram infectadas pelo vírus estão sofrendo
com os efeitos colaterais da doença. Soma-se a isso o fato de que indivíduos
que apresentam problemas de saúde pré-existentes, como doença cardíaca,
diabetes e problemas respiratórios, correm maior risco de complicações e morte
devido à Covid-19.
Na prática, a infecção pelo coronavírus não é
limitada ao trato respiratório, é uma doença sistêmica que afeta diversos
órgãos, e um deles é o coração. “Em pacientes com estado mais grave, a Covid-19
pode causar miocardite, que uma inflamação no músculo cardíaco. Ela pode trazer
distúrbios da frequência cardíaca e causar arritmia cardíaca, fazendo com que o
paciente precise usar marca-passo, que é uma maneira artificial de estimular o
coração. Estamos vendo isso com cada vez mais frequência, independentemente da
variante do vírus”, afirma.
Para pacientes que se recuperaram da Covid-19, é
importante verificar se houve algum acometimento do sistema cardiocirculatório.
Se for uma infecção leve ou assintomática, em 20, 30 dias o paciente já está
autorizado a fazer atividade física, mas é importante ir ao cardiologista para
realizar exames e ter certeza de que não há sequelas.
Entretanto, o paciente que teve miocardite deverá
passar por uma fase de recuperação mais extensa e será necessária a realização
de alguns exames específicos. “Antes de liberar o paciente para a prática de
atividade física com segurança, prescrevemos a ressonância, para ver a extensão
da inflamação, e o holter, para avaliar se houve algum distúrbio do ritmo
cardíaco. Se os resultados forem favoráveis, entre 40 e 60 dias o paciente é
liberado para fazer esportes”, orienta.
Recomendações para manter a saúde em dia
De maneira geral, antes de começar a praticar uma atividade física de forma
segura, é importante ir ao médico para fazer uma anamnese, que é a verificação
do histórico clínico da pessoa, além de teste ergométrico (ou teste da esteira)
e ecocardiograma, que é o ultrassom do coração, responsável por avaliar a parte
estrutural e funcional do órgão.
O estímulo de hábitos saudáveis, como a atividade
física e a alimentação equilibrada, é imprescindível para a longevidade e reduz
a prevalência de doenças. “Mesmo em pessoas que apresentam alguma patologia,
como no caso de pacientes hipertensos, por exemplo, é possível, sim, ter
qualidade de vida, mas levando em consideração alguns cuidados importantes”,
afirma.
As principais recomendações para quem tem o
diagnóstico de hipertensão incluem: prática de atividade física (30 minutos, no
mínimo, e três vezes por semana), bons hábitos alimentares, privação de consumo
de cigarro, redução na ingestão de álcool e restrição do sódio na alimentação –
a quantidade diária que o nosso organismo precisa é de 1g, que equivale
aproximadamente a uma colher de café ou um sachê de sal.
O paciente que pratica esporte de maneira regrada consegue fazer de forma mais adequada um controle glicêmico, da pressão, do peso e dos lípides, partículas de gordura que circulam no sangue e podem ser acumular no fígado (esteatose) ou em outros órgãos e tecidos. “Ao fazer atividade física, você melhora o metabolismo, baixa os níveis de colesterol, glicemia e triglicérides. É uma maneira natural de tratar o organismo sem precisar medicar. O combate ao sedentarismo é a melhor maneira de prevenir as doenças cardiovasculares de maneira geral”, conclui.
Nenhum comentário:
Postar um comentário