Como o empreendedorismo social pode contribuir para a educação continuada e a inclusão produtiva
O empreendedorismo de impacto social tem sido uma
potência transformadora no Brasil, em especial, por ter como diferencial o
entendimento do problema socioambiental que deseja resolver. Na prática, o
empreendedor social conhece, em profundidade e com empatia, a dor e a
vulnerabilidade social. E, a partir daí, cria um negócio de impacto social
baseado em algumas premissas. Esse conceito, aliás, abarca empresas que
oferecem, de forma intencional, soluções para problemas enfrentados pela
população em situação de vulnerabilidade social.
Um aspecto fundamental – que pontua a atuação dos
empreendedores sociais – é a visão de que devem protagonizar uma transformação
sistêmica na relação entre negócios, pessoas e meio ambiente. Com essa perspectiva,
os negócios de impacto social brasileiros têm gerado melhorias na qualidade de
vida da população de menor renda em cinco principais dimensões: diminuição dos
custos de transação; promoção de oportunidades de desenvolvimento;
possibilidade de aumento de renda; redução de condições de vulnerabilidade; e
fortalecimento da cidadania e dos direitos individuais.
Em uma análise mais setorial, observo que as
contribuições para a Educação têm sido muito significativas – sobretudo, quando
associadas à inclusão produtiva, conceito que se refere à inserção de pessoas
em situação de vulnerabilidade econômica no mundo do trabalho. Destaco esse
tema, porque acredito que dialoga muito com o que teremos de enfrentar como
nação em um cenário pós-pandemia. E, aproveito o Dia da Educação, celebrado em
28 de abril, para abordar o assunto e refletir sobre como os negócios de
impacto social endereçam a demanda de criar formas de tornar essa educação
continuada acessível para o maior número de brasileiros, preparando-os para oportunidades
de trabalho. Vale ressaltar que essa data foi criada para chamar a atenção para
a importância da educação em diferentes níveis: escolar, social, corporativo e
familiar.
Destaco dois exemplos de empresas – aceleradas pela
Artemisia, organização pioneira no
fomento e na aceleração de negócios de impacto social – que estão trabalhando
com a temática da educação e da inclusão produtiva. Fundada por Bia Santos e
Marden Rodrigues, em 2016, a Barkus Educacional tem o propósito de
democratizar o acesso à educação financeira no Brasil. A startup busca
compartilhar não apenas conhecimentos, como incentivar atitudes e
comportamentos financeiros mais saudáveis – que se relacionam com a forma como
lidamos com o dinheiro. Com metodologias próprias, a empresa atua por meio de
dois produtos: o Atlas, que desenvolve competências
relacionadas à educação financeira para quem ainda não entrou no mercado de
trabalho (crianças e adolescentes) por meio de escolas; e a iara,
um bot que ensina educação financeira pelo WhatsApp, com trilhas de
aprendizagem que abraçam temas como controle de gastos, uso de crédito
consciente e introdução a investimentos (renda fixa e variável) de empresas.
O segundo exemplo é a Resilia. Fundado
por Bruno Cani, o negócio de impacto social oferece formação destinada a
desenvolver profissionais para o mercado de tecnologia, conectando-os com
processos seletivos de empresas parceiras. A empresa tem a visão de capacitar a
população da América Latina para as demandas do século 21 e a missão de gerar,
rapidamente, oportunidades acessíveis e eficientes voltadas à empregabilidade.
Além da oferta de capacitação e da conexão com vagas de emprego no setor, o
impacto social do negócio está relacionado à redução da barreira financeira
para qualificação dos profissionais – um modelo inovador de pagamento, que abre
possibilidades às pessoas de baixa renda terem uma formação em tecnologia.
Essas duas empresas estão no que classifico como
empreendedorismo transformador com ênfase em ações empáticas e concretas.
Propositivo, esse modo de empreender se dedica a lutar contra a apatia e o
desalento ao criar mais acesso a uma capacitação qualificada para os
brasileiros via educação.
Maure
Pessanha - empreendedora e diretora-executiva da Artemisia, organização
pioneira no fomento e na disseminação de negócios de impacto social no Brasil.
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