No mês de conscientização sobre saúde mental, psiquiatra orienta maneiras de apoiar pessoas com depressão
O início de ano marca um importante mês para o calendário da
saúde: o Janeiro Branco, voltado à conscientização sobre a importância dos
cuidados com a saúde mental. Dados da OMS (Organização Mundial da Saúde)
mostram que 5,8% dos brasileiros (cerca de 12 milhões de pessoas) sofrem de
depressão. É a maior taxa da América Latina e a segunda maior das Américas,
atrás apenas dos Estados Unidos. Ainda de acordo com a entidade, em todo o
mundo mais de 300 milhões de pessoas sofrem do transtorno - uma situação que é
qualificada como epidêmica e um problema grave de saúde pública.
"Ainda há um grande tabu em torno das questões que
envolvem a saúde mental. É preciso conscientizar e desmistificar o assunto para
que quem sofre com esse tipo de transtorno possa receber o diagnóstico preciso
e o tratamento adequado, de acordo com cada caso. O combate à depressão depende
de acompanhamento médico especializado, mas também de uma rede de amparo
formada por familiares e amigos", explica Marco Abud, médico
psiquiatra e fundador do Canal Saúde da Mente.
Segundo ele, auxiliar alguém com um quadro depressivo requer
um pouco mais do que apenas boa vontade ou intencionalidade. A doença nada tem
a ver com variações de humor diárias ou pequenas tristezas. Ela geralmente
causa uma série de disfunções que afetam o desempenho no trabalho, na escola e
no lar. Por isso, é essencial não apenas dedicar atenção, como também
incentivar de forma ativa o paciente - uma ação que demanda técnicas e cuidados
específicos neste apoio.
Abaixo o especialista destaca oito atitudes que podem
contribuir no auxílio a quem tem depressão:
• Informe-se sobre os sintomas do quadro depressivo
A familiaridade com o tema sobre o quadro depressivo, como
funciona o diagnóstico, os tipos de tratamento sobre a doença, permite auxiliar
quem sofre desse mal. Informe-se antes de oferecer ajuda.
• Ouvir sem juízo de valores
Ouvir sem julgamentos com uma postura acolhedora é essencial,
geralmente as pessoas em um quadro de depressão já possuem uma autocrítica,
então a escuta não funciona como resolução de problemas ou aconselhamento.
Apenas, escute!
• Entenda o tratamento
A depressão é tratada com terapia e medicação e a depender
dos remédios pode-se ter efeitos colaterais, por isso conhecer os sintomas na
compreensão de que a pessoa em um quadro depressivo vai passar por um processo
com oscilações de humor é essencial. Por isso, compreenda o tratamento por meio
da informação.
• Ajude ativamente
A pessoa em um quadro depressivo geralmente não pede nada,
por isso a disposição em auxiliar deve ser ativa, desde lavar a louça, ou
auxiliar em compras. Ajude e se disponha, se puder.
• A pessoa está com depressão, ela não é depressiva.
A pessoa está vivenciando um quadro cerebral diferente do
habitual, naturalmente as respostas dadas a diferentes situações serão outras.
A personalidade dela é diferente do quadro depressivo e se torna importante
durante o tratamento diferenciar esses momentos. Evite julgamentos!
• Evite a culpa
A própria depressão faz com que a execução de tarefas simples
da rotina esteja prejudicada, devido à falta de energia e concentração para
resolução de problemas. Isso é incontrolável e a pessoa com depressão se culpa
muito por isso.
Sendo assim, compreenda o processo para não prejudicar o
tratamento do paciente. Ajude-o a caminhar sem culpas.
• Ofereça a esperança
O acolhimento é fundamental para se entender o processo, ele
pode ser difícil, mas não impossível. É preciso manter a esperança.
• Procure Ajuda
O caso de depressão pode durar tempo, então
o cuidador também precisa de atenção e acompanhamento para que durante o
processo tenha o suporte emocional necessário e mantenha os princípios e os
cuidados da pessoa com o quadro depressivo. Cuide-se também!
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