Apesar de
aprovadas, especialista alerta que vacinas foram desenvolvidas em estado
emergencial sem incluir gestantes nas fases de teste
O início da pandemia em 2020 interrompeu o
planejamento na vida de muitos brasileiros. Grande parte dos casais que
gostariam de aumentar a família no ano passado em especial, tiveram que adiar
seus planos com a esperança de que o clima de incerteza terminasse com a
chegada de 2021. Porém, ele ainda permanece.
Apesar de sabermos cada vez mais sobre a covid-19,
e duas vacinas terem sido aprovadas para imunização esta semana pela Anvisa, o
cenário ainda é complicado para as gestantes. “Como mulheres grávidas não foram
incluídas nos testes emergenciais da vacina, ainda não existem resultados conclusivos
sobre o efeito em seus organismos”, esclarece Doutor Fernando Prado,
ginecologista e obstetra especialista em reprodução assistida da Clínica Neo
Vita.
Para Doutor Prado, o momento deve ser de cautela.
Mesmo que outras vacinas antivirais, como a da gripe por exemplo, não afetem o
período de gravidez, a falta de dados concretos é um risco. “A minha
recomendação às pacientes é de que não se vacinem enquanto os estudos não
demonstrarem segurança para este grupo tão importante, que são as gestantes.” Segundo
o Instituto Butantan, as lactantes também devem aguardar para receber a vacina,
pelos mesmos motivos.
O especialista acredita que pela familiaridade do
coronavírus com outras doenças virais, as vacinas provavelmente não terão um
efeito negativo. Mas, por causa da imprevisibilidade da covid-19, por enquanto,
o ideal é seguir as normas da OMS e continuar praticando o distanciamento
social.
Já quando falamos de casais que pretendem conceber,
o conselho é esperar até depois da segunda dose de imunização. “Ainda não
sabemos o efeito às células reprodutivas enquanto a vacina está trabalhando no
sistema imunológico,” esclarece Doutor Prado. Por isso, o processo de
reprodução assistida também deve ser pausado durante o período, já que não se
sabe se os gametas recolhidos poderão ser aproveitados.
O obstetra entende que agora que estamos tão perto
de controlar a pandemia, e não devemos nos precipitar, principalmente quando se
trata de reprodução. “Neste momento emergencial devemos ter paciência e
aguardar os resultados para grupos específicos. Com tantas pesquisas trazendo
mais e mais informações diariamente, teremos logo uma resposta para todas estas
dúvidas,” finaliza.
Fernando
Prado - Médico ginecologista e obstetra, especialista em reprodução humana,
doutor pelo Imperial College London e pela Universidade Federal de São Paulo,
diretor técnico da Neo Vita e diretor do setor de embriologia do Labforlife.
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