Na sua função primordial e biológica, o medo é considerado por especialistas algo natural e saudável. Afinal, o medo costuma nos afastar de situações potencialmente perigosas e que representem ameaça para a nossa sobrevivência. No entanto, em excesso, o sentimento do medo pode atrapalhar a vida de qualquer pessoa, no aspecto relacional, social e psicológico.
O
filósofo Fabiano de Abreu
traz algumas dicas e pensamentos que podem ajudar você a vencer o medo
excessivo e se tornar uma pessoa mais aberta e livre para ir rumo às suas
conquistas na vida.
O
conceito de medo
A
primeira coisa que penso em relação ao medo é o fato dele ser uma emoção e não
um sentimento. O sentimento é o resultado de uma emoção, ou seja, o medo pode
ser primário quando é emoção e transformar-se em secundário ao tornar-se
sentimento e daí surgirem síndromes como do pânico que levam a fobias, TOC
(Transtorno Obsessivo Compulsivo) e TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada).
Os dois lados do medo
O
lado positivo do medo é que ele e a dor preservam a vida, são essenciais. Por
isso temos que definir bem o tipo de medo e o peso dele nas nossas vidas. mas
se o medo atrapalha ou dificulta as nossas decisões e torna-se um obstáculo
para a conquista, eu penso numa receita prática para que possa lidar com ele ou
vencê-lo.
O medo é positivo quando o medo nos protege de tragédias
ou algo que vá nos fazer mal. Negativo quando ele nos impede de conquistar ou
seguir adiante.
O
medo está constantemente presente nas nossas vidas. A diferença é como o
dosamos na nossa existência.
A
morte
Penso
que o medo está relacionado diretamente a morte. É como se a morte fosse o medo
maior e todos os outros provêm dele. Se não existisse a morte, existiriam mais
chances, mais tempo e com isso mais oportunidades. As consequências estão
ligados ao bem-estar e à saúde, que tem como consequência atrasar a morte.
Então
eu pensava na morte de uma maneira diferente, como um motivo para não temer a
vida. Se não temo a vida, logo tenho que colher os seus frutos. Logo tenho
que realizar ações que me deem resultado antes que seja tarde.
Vença
o medo colocando a razão à (serviço) da emoção
Temos
sempre que definir bem o tipo de medo e as suas consequências. Se o medo
preserva-me da morte e as suas chances são grandes, vale a pena arriscar? Mas
se o medo o impede de seguir adiante para as suas conquistas, vale a pena ter
medo? Por isso devemos utilizar a inteligência emocional para medir a
razão referente ao medo para que possamos controlar e regular isso de maneira
benéfica a vida. Colocar a razão a serviço da emoção.
Vencemos
o medo quando trabalhamos a nossa inteligência emocional a favor da razão. Eu
costumo utilizar de estratégias reversas. Eu era e sou uma pessoa tímida,
tinha os meus medos.
Então
eu pensava que a vida é tão curta, logo se eu tiver medo e emperrar, não
saberei o resultado. E a razão fará com que você ultrapasse o medo.
Conceito
sobre o medo
A
arqueóloga portuguesa Joana Freitas concorda com o filósofo e acrescenta sua
opinião sobre as vertentes do medo.
O
medo está constantemente presente nas nossas vidas. O que devemos ter presente
é a forma como o encaramos e doseamos. O medo apresenta se perante o ser humano
como uma força. Força essa que pode pender para uma vertente positiva ou uma
mais negativa. O sentir medo pode nos retrair de fazer certas coisas que nos
seriam nocivas mas ao mesmo tempo pode funcionar como uma alavanca quando o que
temos a perder se sobrepõe ao nosso medo. O medo e o desconhecido andam lado a
lado. A maioria dos nossos temores se deve essencialmente porque não
concentrarmos em nós todo o conhecimento e controlo que desejaríamos. Se excluirmos o medo
primário e sensorial (medo de alturas por exemplo) ficamos com o mais perigoso
dos medos: o medo racionalizado. Pensar em questões concretas com a clareza de
que o próprio pensamento é perigoso deixa nos com a sensação de que toda a
nossa existência se concentrará em questões que embora nos amedrontem temos que
as ultrapassar. O maior medo para grande parte das pessoas é a própria morte.
Mas a vida sem morte também não tem sentido. Estão intimamente ligadas. Mas
porque a morte nos provoca tanto receio e tristeza? Será porque é um fim ou
porque na realidade os nossos receios nunca nos deixaram começar
verdadeiramente? Morrer sem viver. Mas para toda a moeda existe o seu reverso.
E se o mundo é dos fortes, são eles que ao temerem redobram a sua coragem e
mesmo assim atingem os seus objetivos. Se o medo nos retrair a coragem nos
ativa. Vivemos nesse balanço e depois é a nossa inteligência que determina para
que lado caímos.
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