Saudades dos tempos normais né, amigos? Esse ano nada, nada está sendo fácil. Nunca percorri caminhos tão óbvios com tantas dificuldades e incertezas. Eu, sinceramente, ando com uma nostalgia imensa.
Quando poderíamos prever um fim de ano que teríamos que substituir o Papai Noel
"físico" pelo virtual? As vendas online já estavam chegando e todos
nós já estávamos nos preparando para grandes mudanças no varejo. Mas, e o Papai
Noel?
Pensei muito, e como essa época é de reflexão e avaliação, decidi ter uma
conversa sincera com ele, ter um papo reto mesmo, olho no olho, assim como as
crianças fazem quando querem pedir seus presentes tão desejados.
Abri meu coração. Quando decidi que teríamos o Papai Noel "de
verdade" no shopping, falei para ele de todos os protocolos e dos cuidados
que precisamos ter com todos nesse momento tão difícil. Minha intenção era
escutar também um pouquinho a opinião dele, que é tão sensato com todos,
afinal, se nós esperamos ansiosamente essa data, imaginei que ele também
esperaria.
Sabemos que os protocolos são rígidos e respeitá-los é fundamental. Em nossa
conversa, ele entendeu e concordou, mas em seguida ele me contou que os
empregos estavam em baixa esse ano. E olha que ele, que só trabalha mesmo nessa
época, esperou o ano inteiro para poder escutar os pedidos de presente, dar
bons conselhos e desejar um Feliz Natal. Deixou bem claro que a decisão era
minha (esperto ele viu), mas que desejava mesmo só isso: estar presente.
Então, com todo cuidado, lembrei de conselhos tão antigos que sugerem que nos
coloquemos no lugar do outro, que a gente decida com a razão, mas que uma
pitada de emoção pode sim ser fundamental.
E lá está ele! Muito bem protegido em uma redoma de vidro! Feliz, conversando e
alegrando crianças e adultos.
Quando sentei para fazer meu pedido, ele fez um breve agradecimento dizendo que
poucos amigos estão trabalhando neste ano. Que, na idade dele, esperar mais um
ano não é fácil e que é bem diferente de 365 dias para os jovens. Disfarcei a
emoção. Eu queria mesmo era dar um abraço nele. Mas quem sabe a gente consiga
no ano que vem, né?!
Para finalizar, curiosa, perguntei sobre os pedidos que ele tem recebido e ele
me contou: “Sabe, as crianças continuam pedindo mesmo os brinquedos, e
aguardando suas balinhas. Aqueles que não gostam muito de estudar, chegam mais
seguros, pois sabem que não vou falar em notas, nem se passaram de ano. Mas
todas as crianças falam das saudades que sentem dos colegas da escola”, ele me
disse.
“E os adultos?”, eu perguntei. A resposta foi: “Bem, neste ano as viagens para
Europa ou Disney com a família praticamente desapareceram. Poucos pedem algo
material, mas todos, todos mesmo, pedem saúde e que mantenha sua família mais
próxima”.
Eu não pedi nada. Só agradeci pela oportunidade que tenho em conseguir
proporcionar momentos inesquecíveis para tantas pessoas. Continuo com saudades
dos meus dias normais, mas confesso que aprendi muito com tantos desafios.
Feliz Natal.
Cida Oliveira - diretora de marketing do Grupo Tacla Shopping
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