Especialista critica ministro da Economia que falou em destruição do país pelo pagamento das obrigações. Para Innocenti, Paulo Guedes ignora o que acontece quando uma dívida não é paga por décadas
Protelar indefinidamente o pagamento dos
precatórios é um mau negócio para o país. A afirmação é de Marco Antonio
Innocenti, sócio-diretor da Innocenti Advogados e presidente da Comissão de
Estudos de Precatórios do IASP (Instituto dos Advogados de São Paulo).
Nesta terça-feira, o ministro da Economia, Paulo
Guedes, disse, durante participação no Seminário “Diálogo entre os Poderes”,
promovido pelo Ieja (Instituto de Estudos Jurídicos Aplicados), que o país
estaria sendo “destruído” pela “indústria de precatórios” e que talvez fosse
preciso revisar as regras para reduzir esse custo.
“O precatório nada mais é do que o título de uma
dívida decorrente de uma ação que o Estado perdeu na Justiça. Repito: é uma
dívida do governo para com um cidadão ou uma empresa, que precisa ser paga,
assim como se pagam fornecedores e os investidores que compram títulos
públicos”, afirma Innocenti.
Innocenti destaca, ainda, que não é o precatório
que é um problema para o país, mas a gestão ineficiente dessa dívida. “Se um
cidadão tinha uma conta de luz e fica 20 anos sem pagar essa conta, o valor se
multiplica de forma exponencial, porque incidem multa e juros de mora sobre
aquele valor. No fim, a dívida é muito maior do que se ele tivesse pago a conta
em dia. É por isso que qualquer planejador financeiro recomenda às pessoas que
primeiro quitem suas dívidas. Com os precatórios é a mesma coisa, mas o
ministro parece ignorar esse fato”, explica.
O advogado reforça que pagar a dívida em dia, além
de ser dever do Estado e direito do credor, é também a forma mais racional de
gerenciar essa dívida e aponta caminhos que podem ser mais vantajosos para o
poder público. “Os governos precisam incentivar a composição de litígios e a
conciliação de conflitos, em vez de deixar que eles perdurem por décadas no
Judiciário, o que faz com que a dívida cresça de forma assustadora”, completa.
Innocenti lembra que a Constituição prevê o
pagamento de obrigação e que há normas que podem ajudar o gestor públicos a
garantir que o cidadão receba seus direitos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário