Quebrando achismos, especialista em reumatologia explica tudo sobre o exame para diagnóstico de doenças como osteoporose e até fraturas por tosse ou espirro
Popularmente conhecido por ser usado como
diagnóstico para osteoporose, o estudo da massa óssea do indivíduo, o exame de
Densitometria Óssea, é um procedimento que analisa densidade mineral dos ossos
e possíveis perdas de massa óssea.
O exame é indicado para homens e mulheres acima dos
50 anos, nos casos de sintomas como fraturas ocorridas pelo ato de tossir e
espirrar ou por quedas da própria altura; aquelas decorrentes de escorregões
durante atividades simples e cotidianas por exemplo. Também deve ser realizado
quando há evidencia da perda de altura acentuada (>=4cm nas mulheres ou
>=6cm em relação à altura aos 25 anos de idade). Essa perda de altura
acentuada sugere a presença de fratura vertebral por osteoporose.
A Dra. Jaqueline Barros Lopes, especialista na Cobra
Reumatologia – referência há mais de 75 anos no tratamento de
doenças reumáticas no Brasil e que investe em um futuro Centro de Estudos para
aprimorar o exame, explica que o intervalo recomendado para a realização da
Densitometria Óssea está relacionado com o estado clínico de cada paciente.
A frequência da realização, a especialista indica
para mulheres acima de 65 anos e homens acima de 70 anos, se o primeiro
resultado não detectou nenhuma alteração, a cada 2 ou 3 anos. Já para as
pessoas que apresentaram alterações, dependendo do efeito terapêutico, pode ser
feito a cada 1 ano, ou intervalos mais longos estabelecidos pelo médico. Em
condições associadas a perda de massa óssea acelerada, como ocorre em pacientes
em uso de altas doses de corticoide, é recomendada a realização da
densitometria com maior frequência.
Abaixo, a Dra. Jaqueline expõe alguns tópicos
importantes que podem ajudar a esclarecer dúvidas frequentes sobre o exame.
Quando o exame se torna periódico?
- Em casos de acompanhamento no tratamento de
osteoporose para monitorar a eficácia. Da mesma forma, pessoas com uso prévio
de medicamentos para osteoporose e que suspenderam o tratamento por algum
motivo, devem realizar densitometria óssea de rotina para monitorar a perda de
massa óssea.
Se uma pessoa tem história de osteoporose na
família é natural eu fazer um exame de densitometria por prevenção, já que
cerca de 70 a 80% da variação da densidade mineral óssea pode ser atribuída a
fatores genéticos?
- Não é necessário solicitar o exame de forma
preventiva para filhos de pessoas com osteoporose ou doença reumática. As
indicações para a solicitação de densitometria para adultos jovens, crianças e
adolescentes dependem da evidencia clínica de fragilidade óssea, que são: duas
ou mais fraturas de ossos longos a partir dos 10 anos de idade; três ou mais
fraturas de ossos longos em qualquer idade até os 19 anos; crianças,
adolescentes ou adultos jovens que apresentem doenças ou uma condição de risco
para osteoporose como artrite reumatoide ou uso crônico de corticoide.
O que pode causar alterações
nos resultados, além de comprimidos contendo cálcio, pílulas de vitaminas ou
suplementos minerais ou contraste utilizado em exames de imagem?
- Presença de clipes ou pinos metálicos utilizados
em cirurgias, especialmente em cirurgias da coluna.
O exame não é recomendado para pessoas acima do
peso. Nestes casos, como se faz o diagnóstico de osteoporose?
- Não é que o exame não seja recomendado. O
problema é que a grande maioria dos aparelhos de densitometria mais antigos
possuem limite de peso de 120kg. Hoje já temos aparelhos de densitometria para
obesos capazes de realizar exames seguramente em pacientes com até 200kg.
O exame é mais recomendado para atletas e
praticantes de exercícios físicos?
- Não só que se diz respeito a investigação
exclusiva da massa óssea, mas também quando falamos em avaliação da composição
corporal. Os aparelhos de densitometria óssea constituem o padrão outro para a
avaliação da composição corporal, detectando não só a quantidade de massa
óssea, assim como a quantidade de massa magra (músculos) e de massa gorda.
Aparelhos mais modernos conseguem inclusive detectar a quantidade de gordura
visceral.
Qual a importância do exame
para a Medicina esportiva? Há algum esporte para qual o exame seja mais
indicado?
- Como mencionado acima através do aparelho de
densitometria óssea é possível fazer a avaliação da composição corporal. A
partir desta avaliação é possível saber com exatidão quanto do peso de cada
pessoa corresponde a massa muscular, gordurosa ou óssea. Assim, pode-se
calcular o gasto energético de repouso para, depois analisar a estimativa do
gasto em atividades desportivas e com mais precisão um possível déficit de
ingestão alimentar. Todos atletas de alta performance são mais
suscetíveis a perda de massa óssea acentuada especialmente em mulheres, pois o
organismo pode reduzir drasticamente a produção de estrogênio, imprescindível
para a saúde óssea.
Dra. Jaqueline Barros Lopes - Graduada em Medicina
pela Universidade Federal do Mato Grosso (2001), Jaqueline Barros Lopes tem
residência em Clínica Médica (HUJM), residência em Reumatologia (FMUSP), é
especialista pela Sociedade Brasileira de Reumatologia e Doutora em
Reumatologia com ênfase em Osteoporose (FMUSP). Hoje, é sócia-diretora, liderando
o corpo médico da renomada Clínica de Reumatologia Prof. Dr. Castor Jordão.
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