Especialistas
da entidade explicam como o atual cenário de isolamento social contribui para a
violência contra mulheres, menores e idosos
Dados de diversas
entidades apontam para um aumento nos casos de violência doméstica envolvendo
mulheres, menores e idosos durante a quarenta imposta pela pandemia da
Covid-19. A Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência, por
exemplo, revelou que as denúncias de agressão entre março e abril de 2020
cresceram em 34%.
Angela Nogueira,
coordenadora administrativa do Serviço Social do Seconci -SP (Serviço Social da Construção), alerta que a violência
doméstica pode deixar sequelas. "Muitas vezes, o agressor não se enxerga
dessa forma e normaliza esse tipo de comportamento. O lar deve ser, em teoria,
o local mais seguro e acolhedor, mas muitas pessoas convivem com medo e
insegurança, o que pode acarretar doenças físicas e emocionais", explica.
A pandemia tem
influência direta no aumento do estresse das pessoas, uma vez que o vírus pode
ser letal. Para o psiquiatra da entidade, dr. Clemente Soares Neto, vivemos uma
situação constante de ameaça. "O coronavírus tem ameaçado nossas vidas.
Estamos vivenciando uma situação em que o nosso corpo, por meio de reações
hormonais, está se preparando para se defender. Esse processo nos deixa mais
reativos e sensíveis. O convívio cotidiano, por sua vez, deixa em evidência
desajustes comportamentais que já existiam, mas eram aliviados pelo convívio
social", ressalta o especialista.
As questões
financeiras e o desemprego tendem a aumentar o nível de tensão, bem como a
preocupação com a saúde. Outro fator que contribui para esse cenário é a
sobrecarga de trabalho. "Durante a quarentena podemos notar que o fluxo de
trabalho das pessoas aumentou de forma geral. Além disso, a carga de trabalho
doméstico também cresceu, principalmente para mulher, que devido à cultura
machista, normalmente não tem ajuda dos filhos e marido. Esses fatores somados
causam irritabilidade, o que, por consequência, podem gerar agressões físicas,
morais, sexuais, entre outras", afirma o dr. Soares.
Idosos, crianças e
adolescentes também são considerados como grupos vulneráveis a sofrerem com
esse tipo de agressão, segundo Angela. "Com o isolamento, crianças e
adolescentes podem estar vivendo uma rotina de maus tratos e muitas vezes o
agressor é o responsável legal. A terceira idade também costuma sofrer com a
violência física, psicológica, patrimonial, entre outras".
Atento ao cenário, o
Seconci-SP disponibiliza atendimento de todos os seus especialistas para dar
suporte às vítimas de violência doméstica. A entidade orienta todos os seus
colaboradores a procurarem profissionais da saúde para acompanhamentos
psicológicos e psiquiátricos, além de orientar sobre os canais de denúncia. As
mulheres vítimas de agressões podem recorrer à Central de Atendimento à Mulher,
por meio do número de telefone 180. Já crianças e adolescentes são orientadas a
acionar a Polícia Militar por meio do telefone 190, enquanto idosos podem
recorrer ao canal Disque 100.
Nenhum comentário:
Postar um comentário