Médico explica que
muitas vezes o paciente adquire a doença ainda durante o voo
Nesta época do ano, quem vai viajar por
várias horas dentro de um avião geralmente se preocupa com as pernas e a
circulação sanguínea – para evitar trombose. Mas o que muita gente desconhece é
que esse ambiente é bastante nocivo para os olhos, podendo desencadear
conjuntivite com certa facilidade. Na opinião do oftalmologista Renato Neves,
diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos (SP), qualquer
passageiro com uma crise de conjuntivite durante um voo pode se transformar num
pesadelo – tanto para ele mesmo, como para os demais.
“Em primeiro lugar, a maioria das companhias
nem permite o embarque de um passageiro no auge de uma crise de conjuntivite,
quando todos os sinais se evidenciam. Mas pode acontecer de a pessoa ter
contraído o vírus antes de embarcar e manifestar a doença apenas durante um voo
longo. O tipo viral responde por mais de 90% dos casos e é altamente
contagioso. Ainda que apenas duas ou três pessoas sentem-se perto do passageiro
afetado pela doença, todos os objetos de uso comum são agentes de propagação.
Sendo assim, muita gente pode apresentar um quadro de conjuntivite nos dias que
seguem”, diz Neves.
O médico explica que, além do tipo viral, há
outros tipos menos frequentes de conjuntivite que ainda assim incomodam
bastante, como a bacteriana, a alérgica, a química e aquelas associadas a
outras doenças, como as autoimunes. “O ambiente dentro de um avião pode
estragar o começo e o fim das férias de qualquer um. Primeiramente, quase todo
mundo vai bem apertado. Dificilmente, se uma pessoa tossir, por exemplo, quem
está a seu lado não será afetado pelas gotículas espalhadas no ar. Além disso,
tem a questão da pressurização e do ar-condicionado – que podem ressecar os
olhos e causar irritações. Pessoas alérgicas costumam sofrer ainda mais nesses
casos, podendo desenvolver conjuntivite alérgica como consequência do mal-estar
geral”.
Entre os sintomas mais comuns da
conjuntivite, Neves destaca: ardor ocular, sensação de areia nos olhos, coceira
excessiva, maior sensibilidade à luz, febre, dor nas articulações e até mesmo
dor de garganta e sintomas de gripe. Também pode haver inchaço na pálpebra e
ainda lacrimejamento excessivo – resultando na formação anormal de remela e
dificultando até mesmo abrir os olhos. “Quando o indivíduo contrai a doença
ainda durante o voo, pode avisar a comissária e solicitar uma toalha limpa e
água quente para fazer compressas e amenizar a dor. O ideal, também, seria
encontrar uma poltrona mais afastada das pessoas, para evitar contato direto.
Mas, como isso é difícil, é recomendável descansar os olhos, deixando-os
fechados o máximo possível de tempo, lavar sempre muito bem as mãos e procurar
não tocar diretamente o que for de uso comum. Assim que desembarcar, é
recomendado usar o seguro-viagem e consultar um oftalmologista sem demora, a
fim de iniciar o tratamento e aproveitar o restante da viagem”.
Mais do que lavar os olhos cuidadosamente, o
médico ensina que lavar bem as mãos, várias vezes ao dia, é o que reduz as
chances de contaminação – não só da conjuntivite, mas de outras doenças
transmitidas por vírus. “O paciente deve evitar a todo custo coçar a região do
olho afetado. Isso vai ajudar, inclusive, a evitar que o outro olho fique
doente também. Outro cuidado importante é separar tudo de uso pessoal, como
travesseiro, lençol, cobertor, toalha de rosto e de banho... E um alerta para
quem usa lentes de contato: Esqueça! Usar lentes de contato enquanto o olho
está inflamado ou infeccionado pode agravar muito mais o quadro. Portanto, quem
usa lentes deve viajar com elas devidamente armazenadas no estojo e usar
lágrimas artificiais e óculos de grau dentro do avião”.
Fonte:
Dr. Renato Neves - médico
oftalmologista, diretor-presidente do Eye
Care Hospital de Olhos e autor do livro Seus Olhos (CLA Editora). www.eyecare.com.br
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