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quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

Medicação e bebida alcoólica uma combinação segura?





bridgesward por Pixabay
Gelza de Araujo, Presidente da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais no Rio de Janeiro, tira as principais dúvidas sobre medicamento e álcool




bridgesward por PixabayO Happy Hour faz parte da rotina do brasileiro e com muita frequência, essa diversão envolve o consumo de bebida alcoólica. A principal dúvida que surge para quem está tomando medicação é: será que posso beber? Mas o que a maioria esquece é que o anticoncepcional do dia a dia também é uma medicação. Será que perde o efeito após uma bebedeira? 


Para sanar essas e outras questões, Gelza Araujo, farmacêutica da Anfarmag – Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais e presidente da regional Rio de Janeiro, explica que as consequências da interação entre álcool e medicamentos dependem de vários fatores. Entre eles está a composição do medicamento, o organismo do paciente e a quantidade de álcool ingerida. Por isso, de forma geral, a recomendação é evitar misturar álcool com medicamento. 

As mulheres que tomam anticoncepcional devem conversar com o médico para usar um método contraceptivo complementar, já que, com a bebida, o efeito pode cair até pela metade. Gelza alerta: “Os anticoncepcionais podem ter tempos variados de permanência no organismo antes de serem eliminados, com duração que varia entre 12 a 24 horas ou mais, dependendo da substância, e isso gera riscos, já que a mulher pode achar que está protegida e ter atividade sexual sem preservativo.”

Para grande parte dos medicamentos o principal órgão prejudicado é o fígado, que metaboliza, por meio das enzimas que produz, o álcool, ficando sobrecarregado. O álcool também afeta especialmente o sistema nervoso central, que comanda nossas ações, alterando substancialmente as capacidades cognitivas estruturais e comportamentais.

Como a bebida altera o metabolismo, o tempo de eliminação do medicamento será alterado, podendo ocorrer antes ou depois do previsto, com possibilidade de prejudicar o tratamento. Aumenta a gravidade quando são utilizadas drogas para tratar problemas neurológicos e psiquiátricos, pois o álcool em geral potencializa o efeito dessas substâncias. “Antidepressivos agem diretamente no sistema nervoso central. Inicialmente, as bebidas alcoólicas aumentam o efeito do antidepressivo, deixando a pessoa mais estimulada; porém, após passar o efeito da bebida, os sintomas da depressão podem aumentar. Já quando os ansiolíticos são misturados ao álcool aumenta o efeito sedativo, deixando a pessoa inabilitada para conduzir um veículo por exemplo, além de uma maior probabilidade de efeitos adversos graves, a exemplo de coma e insuficiência respiratória”, explica a farmacêutica. 

A mistura de antibióticos e álcool, por sua vez, pode causar desde vômitos, palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória até a morte. “Esse tipo de reação seria mais comum com as substâncias metronidazol; trimetoprima-sulfametoxazol, tinidazole e griseofulvin. Já outros antibióticos – como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida – tampouco devem ser tomados com cerveja e afins pelo risco de inibição do efeito e potencialização de toxicidade hepática”, diz a especialista. 

Gelza completa explicando o efeito com analgésicos e antitérmicos. “O efeito do álcool pode ser potencializado e a velocidade de eliminação do medicamento do organismo será maior, diminuindo seu efeito. Nos casos mais graves, o uso do álcool com paracetamol pode danificar o fígado, uma vez que ambos são metabolizados nesse órgão. Já a mistura com ácido acetilsalicílico pode causar, em casos extremos, hemorragia estomacal, pois ambos irritam a mucosa estomacal”

“Portanto, na dúvida, a regra é: não misturar álcool com nenhum tipo de medicamento”, finaliza a farmacêutica.  A medicação não pode ser desculpa para faltar a reunião de amigos, afinal, o mais importante nestas festas é o carinho, a atenção e a comemoração por terem passado mais um ano juntos e felizes. 





Gelza Araujo - Farmacêutica com habilitação industrial, graduada na UFF, com 20 anos de vivência no segmento magistral. Neste tempo atuou como responsável técnica de uma rede de farmácias do Rio de Janeiro, trabalhando com desenvolvimento de produtos, treinamento de equipes de produção e propaganda, elaboração de material técnico-informativo, representação junto aos órgãos fiscalizadores e atendimento a clientes e prescritores. Após 17 anos de trabalho no setor focou-se no trabalho de consultoria, levando este conhecimento acumulado para outras empresas. Desde 2017 atua exclusivamente com consultoria tendo a oportunidade de conhecer farmácias por todo o Brasil e entender as várias nuances e perfis de trabalho.




Anfarmag - Associação Nacional de Farmacêuticos

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