bridgesward por Pixabay |
Gelza
de Araujo, Presidente da Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais no
Rio de Janeiro, tira as principais dúvidas sobre medicamento e álcool
Para
sanar essas e outras questões, Gelza Araujo, farmacêutica da Anfarmag –
Associação Nacional de Farmacêuticos Magistrais e presidente da regional Rio de
Janeiro, explica que as consequências da interação entre álcool e medicamentos
dependem de vários fatores. Entre eles está a composição do medicamento, o
organismo do paciente e a quantidade de álcool ingerida. Por isso, de forma
geral, a recomendação é evitar misturar álcool com medicamento.
As
mulheres que tomam anticoncepcional devem conversar com o médico para usar um
método contraceptivo complementar, já que, com a bebida, o efeito pode cair até
pela metade. Gelza alerta: “Os anticoncepcionais podem ter tempos variados de
permanência no organismo antes de serem eliminados, com duração que varia entre
12 a 24 horas ou mais, dependendo da substância, e isso gera riscos, já que a
mulher pode achar que está protegida e ter atividade sexual sem preservativo.”
Para
grande parte dos medicamentos o principal órgão prejudicado é o fígado, que
metaboliza, por meio das enzimas que produz, o álcool, ficando sobrecarregado.
O álcool também afeta especialmente o sistema nervoso central, que comanda
nossas ações, alterando substancialmente as capacidades cognitivas estruturais
e comportamentais.
Como
a bebida altera o metabolismo, o tempo de eliminação do medicamento será
alterado, podendo ocorrer antes ou depois do previsto, com possibilidade de
prejudicar o tratamento. Aumenta a gravidade quando são utilizadas drogas para
tratar problemas neurológicos e psiquiátricos, pois o álcool em geral
potencializa o efeito dessas substâncias. “Antidepressivos agem diretamente no
sistema nervoso central. Inicialmente, as bebidas alcoólicas aumentam o efeito
do antidepressivo, deixando a pessoa mais estimulada; porém, após passar o
efeito da bebida, os sintomas da depressão podem aumentar. Já quando os
ansiolíticos são misturados ao álcool aumenta o efeito sedativo, deixando a
pessoa inabilitada para conduzir um veículo por exemplo, além de uma maior
probabilidade de efeitos adversos graves, a exemplo de coma e insuficiência
respiratória”, explica a farmacêutica.
A
mistura de antibióticos e álcool, por sua vez, pode causar desde vômitos,
palpitação, cefaleia, hipotensão, dificuldade respiratória até a morte. “Esse
tipo de reação seria mais comum com as substâncias metronidazol;
trimetoprima-sulfametoxazol, tinidazole e griseofulvin. Já outros antibióticos
– como cetoconazol, nitrofurantoína, eritromicina, rifampicina e isoniazida –
tampouco devem ser tomados com cerveja e afins pelo risco de inibição do efeito
e potencialização de toxicidade hepática”, diz a especialista.
Gelza
completa explicando o efeito com analgésicos e antitérmicos. “O efeito do
álcool pode ser potencializado e a velocidade de eliminação do medicamento do
organismo será maior, diminuindo seu efeito. Nos casos mais graves, o uso do
álcool com paracetamol pode danificar o fígado, uma vez que ambos são
metabolizados nesse órgão. Já a mistura com ácido acetilsalicílico pode causar,
em casos extremos, hemorragia estomacal, pois ambos irritam a mucosa estomacal”
“Portanto,
na dúvida, a regra é: não misturar álcool com nenhum tipo de medicamento”,
finaliza a farmacêutica. A medicação não pode ser desculpa para faltar a
reunião de amigos, afinal, o mais importante nestas festas é o carinho, a
atenção e a comemoração por terem passado mais um ano juntos e felizes.
Gelza Araujo - Farmacêutica com habilitação industrial, graduada na UFF,
com 20 anos de vivência no segmento magistral. Neste tempo atuou como
responsável técnica de uma rede de farmácias do Rio de Janeiro, trabalhando com
desenvolvimento de produtos, treinamento de equipes de produção e propaganda,
elaboração de material técnico-informativo, representação junto aos órgãos
fiscalizadores e atendimento a clientes e prescritores. Após 17 anos de
trabalho no setor focou-se no trabalho de consultoria, levando este
conhecimento acumulado para outras empresas. Desde 2017 atua exclusivamente com
consultoria tendo a oportunidade de conhecer farmácias por todo o Brasil e
entender as várias nuances e perfis de trabalho.
Anfarmag - Associação Nacional de Farmacêuticos
Nenhum comentário:
Postar um comentário