São muitos os motivos para envolver os filhos em atividades
extracurriculares: elas favorecem o desenvolvimento e habilidades
complementares que vão bem além do mínimo exigido por um currículo escolar. De
quebra, ajudam a organizar a agenda de toda a família, sobretudo quando os pais
trabalham fora e não contam com um auxílio doméstico para supervisionar as
crianças. Mas mesmo para aqueles que estejam em escolas de período integral,
podem ter atividades apropriadas para sua fase de desenvolvimento e em
equilíbrio com o tempo livre.
É interessante que ao menos
parte das atividades extracurriculares não sejam conteudistas e que abram
espaço para o lazer e o desenvolvimento de outras habilidades e valores, como
convivência social, desenvolvimento motor, sensibilização artística e mesmo
diversão pura: o lúdico, o aprender a brincar e se divertir também são
importantes na formação de um ser humano emocionalmente pleno, saudável e
responsável.
Para os menores, até os seis
anos, o fator lúdico deve ser preponderante. Seja em esportes, cursos de
idiomas, musicalização infantil, dança e outras atividades, não é hora ainda de
submeter os pequenos a regras complexas e competitividade. É o momento de
expandir repertório, fortalecer o autoconhecimento do corpo e desenvolver
habilidades básicas. Atividades mais livres e flexíveis, que deixem espaço para
a experimentação, são ricas e agradáveis. Tempo de recreação precisa ocupar uma
boa parte da agenda nessa fase.
Em outras faixas etárias as
atividades extracurriculares podem ser mais direcionadas, coordenando variáveis
como o interesse das crianças, o cardápio de cursos e atividades disponíveis e
a possibilidade de formar uma agenda razoável, que não deixe essa segunda
jornada excessivamente desgastante. Mesclar algo que se afaste do currículo,
como oficinas de culinária, marcenaria ou arte, desde que dentro do campo de
interesses, pode ser uma forma de relaxar de exercícios de performance mais
mensurável. Os especialistas em educação recomendam atividades no máximo três
vezes por semana - caso a própria criança queira, peça e esteja confortável, um
aumento na frequência é possível.
A inserção de atividades
recreativas não deve ser deixada de lado: são aquelas que promovem bem-estar e
satisfação pessoal, flexibilidade e aliviam o estresse. Os pais devem estar
atentos em um equilíbrio entre apresentar novas possibilidades e respeitar gostos
e escolhas pessoais dos filhos, já que talentos e pendores naturais começam a
se tornar evidentes, assim como a tendência de preferir atividades que possam
ser feitas junto com os colegas de classe.
É importante tratar o tempo
livre como um elemento tão importante e digno de atenção na agenda quanto o
conteúdo curricular e extracurricular. É o momento de descansar, de aprender a
lidar com o ócio, de processar internamente todas as informações das atividades
semanais e de buscar outras não programadas.
As atividades
extracurriculares são importantes e prazerosas para as crianças e, dada a
rotina profissional atribulada dos pais, tornam-se uma necessidade para muitas
famílias. No entanto, não se pode sobrecarregar a criança com excesso de
compromissos, tornando sua agenda semelhante à de um executivo. Pais e filhos
podem trabalhar juntos para construir uma rotina funcional para todos, mas que
não deixe de incluir uma boa dose de tempo livre, sem atividades dirigidas.
Gislene
Naxara - Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil e 1° ano do Colégio
Salesiano Santa Teresinha, Gislene Maria Magnossão Naxara atua na área de
educação há 32 anos. Formada em Pedagogia e pós-graduada em Psicopedagogia pela
Mackenzie, cursou especializações em didática de 1ª a 4ª série, semiótica e
aprendizagem cooperativa com novas tecnologias na Rede Salesiana. Atualmente
realiza mestrado na PUC-SP na área de Educação e Currículo.
Colégio Salesiano Santa
Teresinha
Rua Dom Henrique Mourão, 201
– Santa Terezinha
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