Muitos
pais ainda acham que os aparelhos eletrônicos são inofensivos e até auxiliam no
desenvolvimento de seus filhos. Sempre escutamos aquela frase: “ele tem somente
2 anos e já sabe mexer em tudo no celular”.
O
tempo de mastreia no uso de qualquer coisa é o tempo de treino. Desde pequenos,
estamos usando mais e mais aparelhos eletrônicos. As últimas pesquisas
demonstram que utilizamos os aparelhos cerca de 9 horas por dia. E quando
aponto os números nas salas de aula, meus alunos acabam falando que a pesquisa
está errada, que eles utilizam muito mais.
A
verdade é que colocar um aparelho eletrônico na mão de uma criança é um alívio
para os pais, vovós, babás, etc.. E quando eles percebem que a criança se
viciou nos aparelhos, é tarde demais, já que essa prática começa logo na terna
infância. Começa muitas vezes até com qualquer choro.
O
problema é que hoje, assim como o mundo fora de casa anda perigoso, o mundo
dentro de casa, ou seja, o virtual, o da internet, também pode prejudicar a
integridade psicológica e física de nossos filhos. Eles estão cada vez mais
influenciados por conteúdos que não são controláveis e muitas vezes perigosos.
O massacre de Suzano, por exemplo, foi totalmente viabilizado por meio da
internet. Os desafios da Baleia Azul, da boneca Momo, entre outros, além de afetarem
psicologicamente uma criança, podem levá-la à morte.
Quando
se coloca um aparelho nas mãos de uma criança, ela para de chorar, de correr,
de ser peralta, pois os aparelhos eletrônicos causam o mesmo efeito que uma
droga pré-operatória denominada midazolan.
Ou seja, interrompe-se seu desenvolvimento e aprendizado, que passa por essas
estripulias. Cria-se um anestesiamento na criança. Porém, assim como qualquer
droga, vicia, causando perda de memória, dificuldade de concentração, de foco,
desinteresse por outros estímulos...falta de interação social e,
psicologicamente, gera depressão, ansiedade, pânico, etc.
A
culpa não é somente dos pais, nem das crianças, mas principalmente de como
estamos vivendo. Parece que a sociedade e o mercado querem que os pais cuidem
dos filhos como se não tivessem trabalho e trabalhem como se não tivessem
filhos. Os direitos de maternidade e paternidade são escassos aqui no Brasil.
A
perspectiva igualitária é importante, ou seja, o pai e a mãe devem combinar, a
fim de cuidar dos filhos igualmente e se disponibilizar igualmente. Isso não
pode ser desculpa para um patriarcado escondido na famosa frase: “eu trabalho e
você cuida dos filhos”.
Leonardo Torres - palestrante, professor e doutorando em Comunicação e
Cultura Midiática
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