Distribuído gratuitamente na rede
pública, o contraceptivo é a única maneira de evitar uma gravidez após uma
relação sexual desprotegida
Na última segunda-feira, 3 de fevereiro, um projeto de
lei protocolado pelo deputado Márcio Labre (PSL-RJ) chamou a atenção da
imprensa e de profissionais de saúde de todo o país. O PL 261/2019 visava a
proibição do comércio, propaganda, distribuição e implantação pela Rede Pública
de Saúde de diversos métodos contraceptivos usados por mulheres, entre eles a
pílula do dia seguinte e o DIU (Dispositivo Intrauterino).
Segundo o projeto, os métodos citados seriam abortivos,
provocando 'a morte do ser humano já concebido', colocando em risco a vida das
mulheres.
Após a grande repercussão da notícia, na quarta-feira, 6
de fevereiro, a assessoria de comunicação do deputado informou, em nota, que o
congressista havia solicitado a retirada do projeto.
Na nota, o deputado afirma que o projeto foi protocolado
por engano, pois o texto ainda não estava finalizado, mas que será apresentado
futuramente, 'informando os efeitos dos medicamentos usados como contraceptivos
que, na verdade, são micro abortivos'.
Para o ginecologista Dr. Thomaz Gollop, coordenador do
Grupo de Estudos sobre Aborto (GEA), considerar a pílula do dia seguinte e os
demais métodos contraceptivos citados no PL abortivos são um absoluto desconhecimento
de como eles funcionam. A proibição de sua comercialização é ainda mais grave.
"Criar restrições ao acesso a métodos contraceptivos
tira da mulher o direito de não engravidar, inclusive em casos de estupro, nos
quais somente a pílula do dia seguinte pode evitar a gravidez."
A pílula do
dia seguinte
O contraceptivo de emergência, ou pílula do dia seguinte, tem como mecanismo
principal a alteração do muco cervical, tornando-o hostil à
passagem do espermatozoide, bem como a alteração do endométrio. Em algumas
mulheres, há também a inibição da ovulação, explica o especialista.
"A pílula do dia seguinte só deve ser usada após uma
relação sexual sem proteção, a fim de evitar uma gravidez indesejada",
explica o especialista.
Vale destacar que, quanto mais cedo for tomada, maiores
as chances de evitar a gravidez. O ideal é seja
tomada em até 72 horas, mas sempre o mais próximo possível da relação sexual
desprotegida.
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