Diagnosticada com leucemia pelo Sabará, Clarinha faz campanha para doação de cabelos
Crédito: Sabará Hospital Infantil
Depois
de 6 meses sem ir à escola, volta às aulas conta com um pedido especial: “quero ir com as unhas bonitas no primeiro
dia de aula, já que ainda não posso arrumar o cabelo”
Como quase toda criança, Clara, de 10 anos,
volta às aulas esta semana. Mas, para ela, essa volta tem um gostinho especial:
faz 6 meses que não frequenta a escola. No último semestre, passou por um longo
período de internação no Sabará, ao descobrir uma leucemia.
Tudo começou em julho de 2018.
Clara ficava cansada no fim do dia, o que parecia normal após dias de muita
brincadeira durante as férias escolares. Até que um dia acordou com dor no
peito e não conseguia nem por o pé no chão. A família correu para um hospital
próximo e viu a menina piorar de hora em hora. Ela teve uma hemorragia no
pulmão, as plaquetas estavam baixas, havia várias possibilidades de
diagnóstico. Por recomendação de um amigo, a família pediu transferência para o
Sabará. Clarinha foi de uma UTI a outra. “Ela entrou aqui de ambulância, mas
vai sair andando pela porta da frente”, disse a médica plantonista na chegada.
Com os exames de sangue
realizados, no dia seguinte a família ficou sabendo a notícia: Clara tinha
leucemia. “Em uma semana a gente teve uma reviravolta em nossas vidas”, conta a
mãe Claudia. Para o pai, foi um baque. Para a mãe, a certeza de que a menina ia
se recuperar e a força necessária para segurar as pontas.
“Isso é um castigo?”, perguntava
Clarinha para a mãe. “Não, mas tem algum motivo para você estar aqui”,
respondia Claudia. E transformaram o limão em limonada, resolvendo ajudar
outras crianças doentes. Criaram uma meta entre elas de atingir 100 doadores de
sangue por meio de uma campanha nas redes sociais. Quando atingiram a meta, foi
uma festa. E, ao final, alcançaram mais de 300 doadores. Segundo o banco de
sangue responsável, havia doação suficiente para a própria Clarinha e para
ajudar outras crianças internadas no Sabará durante um mês!
Nos 40 dias em que ficou na UTI,
Clarinha passou por momentos tristes e alegres. Perder o cabelo foi difícil
para a menina, que é supervaidosa. Ela logo pediu uma peruca à mãe. Mais
difícil ainda foi quando ela precisou ser intubada. Clarinha não podia falar, mas
se comunicava escrevendo num caderninho. Foi por meio dele que pediu um suco.
“Habitualmente não se toma nada por boca nessas condições. Mas como negar um
suco a ela? A gente gosta de deixar os pacientes felizes”, conta a médica da
UTI Dra. Regina Grigolli, que liberava 10ml de suco por dia. E era uma alegria
só! A Dra. Regina, assim como outros membros da equipe, se afeiçoaram tanto a
Clarinha que mantém contato até hoje.
De maneira geral, Clarinha estava confortável
no hospital, se sentindo em casa com as equipes de humanização. “Parecia que
tinha só mudado de quarto: do quarto de casa para o quarto do hospital”, lembra
a mãe. O que fazia falta mesmo era o irmão Caio, de 12 anos, de quem Clarinha
tinha saudades. Mas ele foi visitá-la e sempre tinha uma palavra de apoio: “vai
ficar tudo bem!”, dizia.
Depois
da alta
Clara se preocupava com a falta de cabelo e o
que os amigos iam pensar. A família chamou um amigo de cada vez para brincar
com ela em casa e percebeu, surpresa, que as crianças nem ligavam para isso.
“Ninguém pergunta nada, é muito natural para eles”, conta a mãe.
Claudia entrou em contato com a ONG
Cabelegria, que produz perucas a partir da doação de cabelos, para
pedir uma peruca. Clarinha, então, acabou participando de uma campanha onde
conta a sua história e, assim, estimula a doação de cabelos.
Agora está na fase de manutenção do
tratamento, que vai até o fim do ano. Faz a quimioterapia a cada 15 dias. O
mielograma teve um resultado bom e a medula está “limpinha”, conta a mãe.
Às vésperas de voltar às aulas,
Clara pediu para a mãe chamar uma manicure para ir com as unhas bonitas no
primeiro dia de aula, já que não pode arrumar o cabelo. “Nossa, tem que ver
como ela está animada para ir à escola”, conta a mãe.
Assista
o vídeo da campanha de Clarinha para a ONG Cabelegria:
O Sabará é uma instituição sem
fins lucrativos e braço assistencial da Fundação José Luiz Egydio Setúbal, da
qual faz parte também o Instituto PENSI, focado na realização de pesquisas e no
ensino e treinamento de profissionais da saúde infantil.É um dos maiores e mais respeitados centros
de atendimento pediátricos do Brasil, reconhecido pelo excelente atendimento ao
paciente e pelo pioneirismo nesta área, desde sua inauguração em 1962. Instalado
em um moderno edifício de 17 andares na Avenida Angélica, em São Paulo, opera
segundo o conceito de "Children's Hospital". Este modelo assistencial
conta com a retaguarda em todas as especialidades pediátricas e atua com equipe
multiprofissional integrada e de alta capacidade resolutiva na atenção à
criança. Em 2013 o Hospital recebeu seu primeiro selo de acreditação pela Joint Commission International,
principal agência reguladora de instituições de saúde no mundo. Em 2016 o
Sabará foi reacreditado, reforçando seu compromisso com a qualidade e com a
prestação de cuidados de saúde segura e eficaz.
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