Ao acordar pela manhã, muita gente percebe um
muco branco ou amarelado nos cantos internos dos olhos – popularmente conhecido
como ‘remela’. Até aí, tudo bem. Remela nada mais é do que sobra de lágrima
carregada de poeira e gordura que se cristalizou durante o período em que a
pessoa permaneceu de olhos fechados. Mas quando esse muco é produzido em
quantidade acima do normal, principalmente se vem acompanhado de outros
sintomas, como vermelhidão nos olhos, é preciso ficar atento. De acordo com o
médico oftalmologista Renato Neves, diretor-presidente do Eye Care Hospital de
Olhos (SP), a produção excessiva de secreção pode estar associada a um quadro
de conjuntivite ou síndrome do olho seco, entre outras doenças oculares.
Independentemente da causa, o médico adverte
que a primeira medida é evitar ao máximo ficar colocando a mão nos olhos para
retirar remela, até porque eventualmente as mãos podem não estar completamente
limpas e agravar ainda mais o quadro. Nesse sentido, além de lavar bem os olhos
durante o banho, é possível usar uma quantidade mínima de xampu neutro para
crianças e lavar os olhos ao longo do dia, com o auxílio de um disco de algodão
embebido em água gelada.
“A infecção ocular geralmente se apresenta
através dos seguintes sintomas: vermelhidão dos olhos, excesso de
lágrimas/remelas, dor ou sensação de queimação, além de inflamação ao redor dos
olhos. Caso seja diagnosticada uma conjuntivite, é importante saber que se
trata de uma condição altamente contagiosa e pode ser causada por alergia,
bactéria ou vírus. Só um oftalmologista poderá identificar o tipo da doença e
indicar o melhor tratamento. De todo modo, lavar as mãos com maior frequência é
uma dica importante, bem como evitar compartilhar objetos de uso comum, como
toalhas de mão/rosto, fronhas e travesseiros”, diz Neves.
O médico afirma que, nesta época do ano, da
mesma forma que o paciente pode vir a sentir congestão nasal, dor de garganta e
tosse, pode também perceber que a conjuntiva está ficando irritada. “Se o
quadro de conjuntivite surge na sequência de uma gripe ou resfriado, é quase
certo que é do tipo viral e vai passar em uma ou duas semanas sem necessidade
de antibióticos. Já a conjuntivite provocada por bactéria apresenta um quadro
mais sério. Neste caso, colírios antibióticos devem ser prescritos o quanto
antes, a fim de conter o avanço da doença. Também é importante alertar para os
riscos da automedicação – que pode elevar as chances de complicações”.
Já se o excesso de remela ocorre em função da
síndrome do olho seco, muito comum em quem passa horas diante de um computador
ou qualquer outra tecnologia (telefone celular, videogame, televisão etc.), é
importante adotar medidas para aumentar a produção de lágrimas. “O paciente
deve se condicionar a piscar mais frequentemente. Em média, as pessoas piscam
entre 14 e 18 vezes por minuto. O piscar promove uma limpeza de toda sujeira e
oleosidade depositada na superfície dos olhos e os mantém hidratados. O
problema é que, com a diminuição das piscadas, vêm o ressecamento dos olhos e a
irritação desencadeada pelo acúmulo de sujeira. Uma boa ideia é recorrer a
aplicativos de celular que alertam para a necessidade de piscar, ou ainda se
programar para fazer pausas a cada 60 minutos e piscar durante 20 segundos”,
recomenda o especialista.
Renato Neves também adverte sobre outro vilão
do olho saudável: o vento. “Quem está enfrentando esse problema deve evitar
vento no rosto. Seja do ventilador, seja do ar-condicionado, o vento resseca a
superfície dos olhos mais do que o normal. Até mesmo o vento do secador de
cabelo não é saudável para os olhos, porque compromete toda a sua lubrificação
– lembrando que, além de limpar e manter os olhos lubrificados, as lágrimas têm
também anticorpos e proteínas de defesa que são muito importantes no combate a
bactérias oportunistas. Sendo assim, quem vai sair num dia de muito vento deve,
no mínimo, estar bem protegido com óculos de sol”.
Fonte:
Dr. Renato Neves - médico
oftalmologista, diretor-presidente do Eye Care Hospital de Olhos, em São Paulo – www.eyecare.com.br
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