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O
desempenho de uma empresa pode e afeta a saúde financeira, mas quem determina a
continuidade do negócio é o fluxo de caixa
Com alguns controles, toda empresa sabe o que tem a pagar e a receber,
assim como tudo o que deve empenhar em termos de capital de giro. Entretanto,
os fatores geradores das deficiências do fluxo de caixa não se repetem de
maneira similar em todos os períodos.
Uma empresa com vendas e faturamento cujos ciclos
mensais ou anuais se repetem sem significativas mudanças, pode, em determinado
momento, passar por situações que provoquem mudanças nessas condições. Na base,
as duas alterações mais comuns são: queda no número ou na margem de lucro das
unidades. Seja como for, a partir deste momento, a empresa terá que recuperar
ou o faturamento ou a margem, sob o risco de ver sua saúde financeira ameaçada.
A oscilação é uma constante
Entretanto, mesmo que as vendas e os resultados
sejam estáveis, o fluxo de caixa sempre é uma sequência de altos e baixos ao
redor de uma reta representando o projetado (gráfico abaixo). “Por mais
constante que sejam as vendas - e vendas constantes ao longo do período são
coisas difíceis de ocorrer -, os recebimentos invariavelmente são mais
concentrados em um dia que em outro. Há motivos para isto, apesar de se poder
vender todos os dias, os pagamentos só são feitos em cinco dos sete dias da
semana. Além disso, há empresas que só pagam em determinados dias da semana e
por aí segue”, afirma Flávio Ítavo, especialista em recuperação de empresas e
readequação aos novos tempos do mercado.
No gráfico acima, o comportamento dos saldos do
caixa são representados pela linha que oscila para cima e para baixo À medida
em que há concentrações ou tendências de recebimentos e pagamentos. No momento
zero da maioria das crises - seja operacional, financeira ou de imagem -, a
tendência é que o caixa seja afetado negativamente. A intensidade do quanto
será negativo depende da gravidade da crise, assim como da maneira como ela é
gerenciada.
Os valores negativos de saldos de caixa são normais
em qualquer empresa, e até mesmo esperados. Porém, há um ponto claramente
definido, além do qual a empresa não apenas utiliza suas linhas de crédito
disponíveis, mas começa a falhar em seus compromissos, gerando algum tipo de
dano à sua continuidade. “Quando uma empresa me avisa que está com alguns
protestos, ela não está me avisando que enfrenta uma pequena turbulência que se
resolverá sem danos. Está comunicando que entrou em uma área onde a
credibilidade e sua continuidade estão de alguma forma afetados. Isso é a área
de dano sequencial”, explica Ítavo.
Avaliando os danos gerados à continuidade do
negócio
Quando a empresa chega num ponto crítico, é preciso
avaliar a dimensão dos danos. É muito difícil calcular o quanto a credibilidade
foi afetada por uma falha grave nos pagamentos. Este é o momento no qual as
questões relacionadas a quase tudo no empreendimento sofrem uma reavaliação. Os
clientes passam a considerar o fornecimento como risco, os fornecedores tendem
a recolher o crédito cedido, os bancos aumentam a taxa de risco inerente e por
conseguinte os juros. Os concorrentes, por sua vez, detectam um sinal de
fraqueza e passam a ampliar a comunicação negativa através de seu departamento
comercial, que tem contato com os mesmos clientes. Calcular os danos pode ser
complexo e difícil, mas a análise não pode deixar de ser feita.
Segundo o especialista, “há, por uma questão de
lógica na gestão do capital de giro, uma tendência que crises de fluxo de caixa
se comportem em grande parte das vezes, como as curvas do gráfico. A partir de
uma primeira etapa com certa gravidade, a tendência é que haja uma recuperação
dos saldos, mas em ponto inferior ao que era apurado antes do primeiro evento.
Se nada for feito no sentido de corrigir este curso, o normal é que o ciclo se
repita, levando na próxima etapa os saldos um pouco mais baixos e aumentando a
área de dano sequencial”.
Por que é difícil antever o desenrolar de uma crise
que afete o fluxo de caixa?
Nas empresas, a periodicidade dos ciclos não é
constante. Há ciclos que inicialmente são mais longos e no decorrer do período
tendem a se tornar mais curtos. Eventualmente, podem se manter iguais ou mesmo
se alongar, entretanto vão sempre se repetindo de tempos em tempos. “Não há uma
regra fixa. Não há crise totalmente previsível. Porém, há uma característica
que é muito comum nas empresas que não conseguiram lidar com as crises: o
último ciclo é espantosamente muito mais rápido e agudo quando comparado
aos anteriores”, finaliza Ítavo.
Flávio
Ítavo - Executivo com 30 anos de experiência em empresas
multinacionais e nacionais de grande porte de diferentes segmentos, atualmente,
Flávio Ítavo é um dos maiores especialistas em Turnaround, focando seus
esforços na recuperação de empresas e readequação aos novos tempos do mercado.
Também tem uma carreira sólida como negociador, na criação de alianças, joint
ventures, compra e venda de empresas, desenvolvedor de estratégias e táticas de
sucesso, criador e iniciador de novos segmentos, produtos e mercados.
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