A gravidez aumenta a velocidade da circulação e o
volume de sangue. Por isso, gestantes portadoras de doenças cardiovasculares
merecem atenção médica especial. Em contrapartida, o aleitamento faz muito bem
ao coração das mães!
Neste Dia das Mães, 211 mil mulheres estarão dando
à luz em todo o mundo, segundo dados da ONU, sendo 7.640 no Brasil, de acordo
com números de 2016 do IBGE. "Tais estatísticas relativas ao número diário
de nascimentos no Planeta e em nosso país, analisadas juntamente com estudos
indicativos de que uma em cada cinco brasileiras tem risco de sofrer um
infarto, reforçam a importância da adoção de cuidados especiais com as
gestantes, pois a gravidez provoca uma sobrecarga do coração", salienta o
médico José Francisco Kerr Saraiva, presidente da Socesp - Sociedade de
Cardiologia do Estado de São Paulo.
O cardiologista explica que mulheres sem qualquer
histórico de doença cardiovascular costumam apresentar alterações,
principalmente o chamado sopro, um ruído associado aos batimentos cardíacos,
que desaparece, na maior parte dos casos, cerca de sete dias após o parto.
Porém, quando a gestante é portadora de alguma doença cardiovascular, os
cuidados devem ser redobrados, a começar pelo relato do fato ao
ginecologista-obstetra logo no início da gravidez, para que sejam adotadas as
medidas preventivas adequadas, em conjunto com o cardiologista.
Os dois riscos mais importantes para a gestante com
doença cardiovascular são o agravamento da insuficiência cardíaca, devido ao
aumento do esforço imposto ao coração, e o surgimento de uma infecção
(endocardite), que pode atingir válvulas do coração que já apresentem alguma
lesão. O primeiro caso é mais recorrente e menos grave e o segundo, mais raro e
com maior gravidade. "A boa notícia para as jovens mamães é que nas duas
situações há medidas preventivas e controles eficientes. Por isso, é muito
importante o acompanhamento médico frequente durante toda a gravidez e a adoção
dos cuidados e recomendações do ginecologista e do cardiologista",
enfatiza Saraiva.
Durante a gestação, também podem aparecer outros
sintomas em mulheres sem histórico de doença cardiovascular, cuja ocorrência
também exige cuidados especiais no caso das grávidas cardiopatas. Uma dessas
alterações é a arritmia, com aceleração ou redução da frequência cardíaca.
"Em qualquer situação, é importante verificar as causas e, se necessário,
realizar o tratamento mais indicado", explica o médico. Outro fator que
merece atenção é o aumento da pressão arterial, que costuma atingir de 5% a 7%
das gestantes.
"Tenha ou não histórico de doença
cardiovascular, é necessário que a gestante mantenha dieta e rotina saudáveis,
sempre com orientação médica. O sedentarismo, consumo excessivo de sal,
ingestão de álcool, tabagismo e excesso de peso, que já são nocivos para todas
as pessoas, representam prioridade absoluta para as mulheres grávidas",
ressalta o presidente, observando: "A sua alimentação deve ser boa, na
medida certa para sua saúde e o desenvolvimento do bebê, mas sem
exageros".
Aleitamento
Distintos estudos demonstram que a amamentação,
além dos comprovados benefícios para o bebê, também é muito benéfica para a
saúde cardíaca das mães, favorecendo a perda de peso após o parto, a redução
dos níveis de colesterol, glicose e a normalização da pressão arterial.
Trabalho mais recente, realizado por cientistas da
Universidade de Oxford, no Reino Unido, concluiu que o aleitamento diminui os
riscos de doenças cardíacas. A pesquisa, publicada no Journal of
American Heart Association, abrangeu 300 mil mulheres chinesas,
acompanhadas durante dez anos. Os resultados apontaram que aquelas que
amamentaram apresentaram risco 9% menor de desenvolver doenças
cardiovasculares. O índice alcançou 18% no grupo das que tinham mais de um
filho e amamentaram cada bebê por dois anos ou mais.
"Os dados são reveladores", frisa
Saraiva, indicando que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o aleitamento
materno deve ser mantido de modo exclusivo no mínimo até os seis meses, seguido
de amamentação complementar até os dois anos de idade da criança.
Entre os dias 31 de maio e 2 de junho acontecerá no
Transamérica Expo Center o Congresso 39º Congresso da Sociedade de Cardiologia
do Estado de São Paulo e uma mesa específica sobre Cardiopatias e Gravidez, que
discutirá complicações, tratamentos e controle da frequência cardíaca na
gravidez.
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