Desde a época em que o meio de
produção era puramente artesanal, as pessoas procuram diferenciar os produtos
bons dos ruins. Com a chegada da primeira revolução industrial, as empresas
passaram a buscar maneiras de padronizar a qualidade dos produtos, e serviços,
que entregam ao mercado. Já após a segunda guerra mundial, a demanda por bens
de consumo cresceu no mundo todo, fazendo com que a indústria aumentasse sua
produtividade, criando rotinas de produção para entregar produtos com
qualidade, escala e padronização.
Na época, a indústria estava
arrasada pelos esforços de guerra e era difícil garantir qualidade no que era
produzido em meio à alta demanda. Foi então, que em 1946, se utilizando da
própria base de normas militares e com o objetivo de facilitar a coordenação internacional
e unificação dos padrões industriais, surgiu a ISO International Organization
for Standardization, ou em português Organização Internacional de Normalização.
Sediada em Genebra, na Suíça, a ISO contava, inicialmente, com representantes
de 25 países.
O escopo de atuação da ISO
abraça todos os tipos de organizações, uma vez que a entidade tem normas
estabelecidas em todos os campos de conhecimento. No entanto, existem seis
normas que, por sua abrangência e importância, podem ser implementadas em todos
os tamanhos de empresas, inclusive pequenas e médias. A ISO 9001 é uma
certificação de padronização da qualidade, que garante uma gestão eficiente em
todos os âmbitos da companhia; A ISO 14001 é voltada ao cumprimento das
legislações ambientais, visando minimizar impactos; A ISO 45001 é dedicada
exclusivamente à saúde e segurança ocupacional dos funcionários; A ISO 19600,
que atua na gestão de compliance; A ISO 31000, que aborda gestão de risco; E
por fim a ISO 37001, antisuborno.
Essas certificações podem ser
aplicadas de forma separada ou conjunta, dando garantias ao mercado de que as
organizações que as possuem, tem boas práticas e altos padrões de qualidade dos
produtos e/ou serviços, além de processos muito bem estruturados. Juntas, elas
atuam de maneira inteligente nas cinco áreas mais sensíveis de qualquer
empresa: qualidade em produtos ou serviços, sustentabilidade ambiental, saúde e
segurança de pessoas, gestão de risco e compliance.
E, ao contrário do que possa
parecer, a implementação é bastante simples. A primeira fase é de diagnóstico,
que pode ser feito tanto por uma equipe interna de qualidade quanto por uma
consultoria terceirizada. Nessa etapa, é identificado qual será a melhor e mais
urgente norma a ser implementada. São mencionados os ajustes necessários, bem
como um cronograma para adequação dos requisitos da norma. O cronograma varia
caso a caso e leva em consideração os recursos financeiros, prazos e metas. De
modo geral, a implantação de todos os itens demora entre seis e dez meses. Após
esse período, a empresa passa pelo processo de acreditação junto a uma
certificadora que é credenciada junto ao INMETRO, órgão vinculado ao Ministerio
do Desenvolvimento, Indústria e Comercio exterior (MDIC).
Investir em certificações ISO
pode trazer inúmeros benefícios. Além de melhoria nos processos, é perceptível
uma significativa redução nos desperdícios, os chamados savings. A diminuição
dos custos e o aumento da produtividade também aparecem entre as principais
vantagens, uma vez que a partir da implementação da norma a organização passa a
ter um melhor aproveitamento dos recursos. Como consequência, a empresa passa a
adotar a certificação como estratégia de marketing, visando demonstrar aos
clientes que é uma empresa confiável.
Apesar de sua importância para
o desenvolvimento do mercado nacional, as empresas brasileiras ainda não dão a
atenção necessária às certificações ISO. O investimento para a conquista da
certificação é rapidamente recuperado, visto que a empresa ganha com melhoria
da gestão, a eliminação de desperdícios e a possibilidade de aumento de vendas,
já que muitas empresas de maior porte ou multinacionais só aceitam fornecedores
certificados. Ao ampliar o escopo de atuação, a empresa consegue reaver seu
investimento e percebe ainda seu fluxo de receita aumentar exponencialmente.
Sem dúvida, é bom para a empresa e para o país como um todo, que só tem a
ganhar com a melhoria da qualidade.
Alexandre Pierro - engenheiro mecânico, bacharel em física
aplicada pela USP e fundador da PALAS, consultoria em gestão da qualidade.
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