Problema
é responsável por causar mais de 320 mil mortes súbitas por ano no país
A arritmia é uma alteração do ritmo
normal do coração, que produz frequências cardíacas rápidas, lentas e/ou
irregulares. Também é conhecida como disritmia ou ritmo cardíaco irregular.
“Nem todas as frequências rápidas ou lentas significam arritmias, alerta o
médico cardiologista do Hospital VITA, em Curitiba, Mohamad Kamal Sleiman,
especialista em arritmia cardíaca.
O problema ocorre em decorrência de
diversas causas, como doenças das artérias coronárias, do músculo cardíaco
(miocardiopatias ou insuficiência cardíaca), valvares, infecciosas (Doença de
Chagas), alterações nas concentrações de eletrólitos (sódio, potássio e cálcio)
no corpo, pós-cirurgia cardíaca ou congênita (defeito presente desde o
nascimento).
Segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias
Cardíacas (Sobrac), no Brasil, mais de 20 milhões de pessoas têm um dos tipos
desta doença, que é responsável por mais de 320 mil mortes súbitas todos os
anos no país.
Dr. Mohamad explica que a alteração
atinge com maior frequência a população adulta acima de 70anos, sendo a mais
comum a fibrilação atrial. Além de pessoas com predisposição genética para
doenças arrítmicas raras, podendo ocorrer até mesmo em crianças (Síndrome de
Brugada, Síndrome do QT longo congênito, miocardiopatia hipertrófica) e
pacientes com doenças cardíacas (infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca,
Doença de Chagas), que apresentam risco aumentado para arritmias e morte
súbita. O problema pode resultar também em síncopes (desmaios), dispneia
(dificuldade de respirar caracterizada por respiração rápida e curta) e piora
da insuficiência cardíaca.
As arritmias dividem-se em dois tipos, de acordo com a
frequência. As taquicardias,
quando a frequência cardíaca é maior que 100 batimentos por minuto (a
frequência cardíaca padrão varia entre 60 e 100 vezes por minuto em condições
normais de repouso), em decorrência de ansiedade, medicações ou exercício. A
frequência cardíaca é considerada anormal quando ocorre um aumento súbito,
desproporcional ao esforço realizado, e podem ocorrer em diversas
circunstâncias (repouso, sono, atividades diárias ou exercício). A segunda
forma são as bradicardias,
quando frequência cardíaca é menor que 60 batimentos por minuto, podendo ser
normal durante o repouso, pelo uso de medicações ou em atletas.
Quanto ao local de origem, o
cardiologista conta que se subdividem em arritmias
supraventriculares - aquelas relacionadas à parte superior do coração
(átrios) e ao nódulo atrioventricular e arritmias
ventriculares - relacionadas aos ventrículos (câmaras inferiores do
coração).
Sintomas
Palpitação é o mais comum, mas podem
ocorrer também desmaios (recuperação rápida, espontânea e sem alterações
motoras), tonteiras, falta de ar, mal-estar, sensação de peso no peito,
fraqueza, fadiga, dor no peito, entre outros.
Os sintomas que indicam gravidade são
confusão mental, pressão baixa, dor no peito e desmaios. “Caso ocorra algum
desses sintomas, é necessário realizar atendimento médico de urgência para
evitar morte do paciente”, adverte o especialista.
Prevenção
De acordo com Dr. Mohamad, é
necessário reduzir o nível de estresse, cessar o uso de drogas como cocaína ou
anfetamina, diminuir a ingestão de álcool, limitar o consumo de bebidas que
contenham cafeína, fazer exercícios regularmente, evitar atividades que
desencadeiam palpitações (como esforços físicos exagerados).
Tratamento
Segundo o médico, existem várias
modalidades de tratamento e a escolha depende do tipo de arritmia, frequência e
severidade dos sintomas. “Em alguns casos, não é necessário o tratamento”,
salienta. Os principais são: medicações, cardioversão elétrica, mudanças no
estilo de vida, marcapassos e desfibriladores, ablação por cateter e cirurgia.
• Medicações: várias drogas são úteis para o
tratamento das arritmias.
• Cardioversão elétrica: trata-se de um choque elétrico
dado no tórax para restaurar o ritmo normal do coração, quando as medicações
falham ou quando o paciente apresenta sintomas intensos com risco. É feita sob
leve sedação (paciente dormindo).
• Mudanças no estilo de vida: parar de
fumar, diminuir a ingestão de álcool e cafeína, evitar o uso de estimulantes
(descongestionantes nasais, mediações para tosse e alguns suplementos
nutricionais).
• Marcapasso cardíaco: pequeno dispositivo utilizado
para estimulação elétrica, evitando que os batimentos cardíacos fiquem muito
lentos. Consiste em um gerador de pulsos e eletrodos.
• Cardiodesfibrilador implantável: aparelho capaz de monitorar e tratar os ritmos anormais do
coração, que podem representar risco de vida. (taquicardia ventricular e
fibrilação ventricular).
• Ablação por cateter: trata-se de uma cauterização
por energia de radiofrequência do tecido cardíaco responsável pela arritmia.
Realizado por meio de catéteres introduzidos no coração.
•
Cirurgia cardíaca: recurso utilizado para corrigir
arritmias durante procedimento cirúrgico para tratar outras doenças no coração.
Nenhum comentário:
Postar um comentário