O Canadá está na vanguarda dos transgênicos. Em março de
2018 o país deu sinal verde para o arroz dourado, uma variedade geneticamente
modificada (GM) do grão que possui altos níveis de betacaroteno, fonte de
vitamina A. Segundo comunicado da Health
Canada, a variedade “é tão segura quanto as
já comercializadas”. Além dessa decisão, a nação mais ao norte da América, vem
se destacando por algumas outras aprovações recentes e pioneiras:
O aceno positivo seguiu o de outros países como Austrália e Nova
Zelândia, que emitiram parecer favorável ao arroz dourado em dezembro de 2017.
E este somou-se ao manifesto
a favor do cereal GM assinado por mais de 100 vencedores do Prêmio Nobel. O Provitamin A Biofortified Rice Event GR2E (nome
científico do arroz dourado) foi criado com fins humanitários para combater a
deficiência de vitamina A em regiões de extrema pobreza, especialmente na Ásia.
O arroz branco, consumido por quase metade da população mundial, não é fonte de
vitamina A.
Arroz dourado no combate a deficiência de vitamina A
Meio milhão de crianças ficam cegas a
cada ano por causa da deficiência de vitamina A, segundo a Organização Mundial
de Saúde (OMS). Além disso, a OMS estima que mais de 100 mil crianças menores
de cinco anos morrem todos os anos por falta desse nutriente, que compromete o
sistema imunológico e causa mortalidade por doenças simples como diarréia,
infecções respiratórias tratáveis entre outras.
A vitamina A é primordial para o
crescimento e desenvolvimento dos tecidos. Também mantém saudável a pele,
primeira defesa do organismo contra infecções. Primordial para visão, o
nutriente está presente em alimentos como cenoura, brócolis, batata-doce, manga
e damasco, mas não no arroz branco. O dourado, entretanto, apresenta altos
níveis de vitamina A.
Origem e história do arroz dourado
Preocupado com o quadro de
mortalidade e má nutrição em países em desenvolvimento, Ingo Potrykus,
professor do Swiss Federal Institute of Technology, resolveu criar o que
parecia impossível até então: um arroz capaz de produzir betacaroteno,
precursor da pró-vitamina A. A ele se juntou o especialista no estudo do
betacaroteno Peter Beyer. Os dois combinaram seus conhecimentos e iniciaram a
pesquisa financiada pela Fundação Rockefeller no começo dos anos 90.
Em 1999, eles apresentaram o primeiro
protótipo do arroz dourado, que ganhou esse nome por causa da sua cor
amarelo-dourada, resultado da modificação de dois genes responsáveis pela
produção do betacaroteno no endosperma do grão de arroz.
Depois, décadas de pesquisas de campo
foram realizadas pelo International Rice Research Institute (IRRI) em conjunto
com o Phillipine Rice Research Institute (PRRI). O objetivo era garantir que as
variedades seriam capazes de exprimir quantidades de betacaroteno suficientes
para eliminar a deficiência de vitamina A nas populações em que o arroz é a
base da dieta.
Linha do tempo do arroz dourado
- 1999 – A equipe dos cientistas Ingo Potrykus e Peter Beyer desenvolvem o primeiro protótipo do arroz dourado, capaz de produzir betacaroteno, precursor da vitamina A;
- 2000 – Ingo Potrykus estampa capa da revista Time com o título “Esse arroz pode salvar milhões de crianças todos anos”;
- 2001 – Sementes do arroz dourado são levadas para o International Rice Research Institute (IRRI), nas Filipinas;
- 2004 – A primeira plantação da variedade geneticamente modificada do cereal foi colhida no estado da Louisiana;
- 2008 – Acontece o primeiro teste de campo do grão nas Filipinas;
- 2013 – Ativistas do Greenpeace destroem, em 8 de agosto, os campos de cultivo do arroz dourado nas Filipinas;
- 2015 – Bangladesh inicia os testes de campo do arroz dourado;
- 2017 – Austrália e Nova Zelândia aprovam o arroz dourado;
- 2018 – Canadá aprova o arroz dourado.
Crédito foto 01:
hypescience.com
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