Especialistas do Grupo Oncoclínicas pontuam os
principais erros de informação relacionados à incidência de tumores malignos
Para muitas pessoas, falar sobre câncer é sempre
uma questão delicada.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), a
incidência da doença no Brasil em 2018 deve ficar em torno de 600 mil novos
casos, sendo que a estimativa indica que três em cada 10 tumores diagnosticados
estão relacionados a hábitos evitáveis como tabagismo, consumo de álcool,
sedentarismo, obesidade e exposição excessiva ao sol. Por isso, a melhor forma
de reduzir os índices do câncer no país é garantir o acesso a informações
qualificadas à população em geral. Ainda existem, contudo, muitas dúvidas
relacionadas à doença que em boa parte têm suas respostas baseadas em dados que
não possuem comprovação científica e nem tampouco refletem a realidade.
Para esclarecer alguns mitos sobre o tema,
especialistas do Grupo Oncoclínicas dão suas opiniões sobre assuntos
recorrentes nos consultórios e mídias sociais.
1- Mito: Todo câncer é igual
Na realidade, existem centenas de tipos de
cânceres. E cada tipo de tumor evolui de forma diferente, assim como os métodos
de tratamento podem variar de acordo com cada caso e as respostas às
terapêuticas da mesma forma dependerão do comportamento do organismo do
paciente. "Cada câncer tem uma única assinatura molecular com manifestações
clínicas e prognóstico variáveis. Por isso, é inviável generalizar, pois cada
paciente tem um caso específico", conta a Dra. Ana Paula Giuliani,
oncologista da Oncoclínica Porto Alegre – unidade do Grupo Oncoclínicas no Rio
Grande do Sul.
A especialista alerta ainda para o diagnóstico
precoce como fator essencial para o sucesso no tratamento de todos casos de
câncer, independente do tipo. "Não podemos indicar de forma genérica um ou
outro medicamento que poderá ser eficaz para toda a gama de tumores malignos que
existem, mas há um conselho que vale para a população em geral: busque sempre
aconselhamento médico especializado caso note qualquer alteração à sua saúde.
Quanto mais cedo identificado o problema, maiores as chances de cura",
ressalta.
2- Mito: O câncer é hereditário. Você terá câncer
apenas se existir em sua família
Grande parte da população acredita que casos de
câncer na família aumentam as chances dos indivíduos desenvolverem a doença. E
que quanto mais próximo o grau de parentesco, maiores os riscos de cedo ou
tarde ser surpreendido com um tumor maligno. Porém, tais medos são infundados.
Estudos internacionais apontam que apenas entre 5% a 10% dos casos de câncer
são decorrentes da combinação genética familiar.
"É errado dizer que o câncer é uma doença
hereditária, mas não é errado dizer que é uma doença genética. Nos acostumamos
a relacionar a genética como algo hereditário e é aí que está o problema.
Quando falamos em genética é porque existem alterações no DNA da célula
tumoral. E essas alterações podem ser herdadas ou não dos pais. Mas é fato que
se há um grande número de pessoas na família com o mesmo tipo de tumor e
acometidos em idade mais jovem (abaixo dos 50 anos), pode ser um sinal de
atenção e um oncogeneticista deveria ser procurado", contextualiza o Dr.
Raphael Parmigiani, biomédico especialista em genética e sócio-fundador do
IdenGene - Grupo Oncoclínicas, laboratório de análises especializado em testes
genéticos para ajudar no tratamento e prevenção do câncer.
3- Mito: Os pacientes com pele mais escura não
podem ter câncer de pele e não precisam usar protetor solar
O câncer da pele responde por 33% de todos os
diagnósticos desta doença no Brasil – são cerca de 180 mil novos casos a cada
ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra, a cada ano, cerca
de 180 mil novos casos. Em 90% dos casos, o fator de risco é a exposição
excessiva e sem proteção ao sol. "Pessoas de pele clara, cabelos claros e
sardas são mais propensas a desenvolver o câncer de pele, mas isso não significa
que quem não se encaixa nesse padrão de características físicas está livre dos
riscos de desenvolver esse tipo de tumor. Quanto mais tempo de exposição da
pele ao sol, mais envelhecida ela fica, aumentando também a possibilidade de
surgimento do câncer de pele não melanoma", destaca o Dr. Frederico Arthur
Pereira Nunes, oncologista da Oncoclínica Centro de Tratamento Oncológico -
Grupo Oncoclínicas.
4 - Mito: A quimioterapia é a mesma para todos os
cânceres
Existe uma ampla variedade de medicamentos
quimioterápicos e de combinação entre elas, com perfil de tolerância e
toxicidade variável. Isso significa que nem toda quimioterapia é igual, sendo a
definição sobre a droga feita de acordo com suas indicações para cada tipo de
tumor e necessidades específicas de tratamento para o caso específico do
paciente.
Quimioterapia é um nome genérico dado ao conjunto
dos medicamentos que agem contra o câncer. Dentro dessa classificação existem
diversos tipos de drogas que atuam de maneira diferente. Por isso, a escolha do
tratamento depende do tipo da doença, suas mutações, pontos fracos, tamanho do
tumor e o estado geral do paciente. Além disso, é preciso ressaltar que durante
todo o processo contra o câncer podemos utilizar diversas opções terapêuticas
como: cirurgia, radioterapia, medicamentos orais e intravenosos que são
conhecido como quimioterapia, a ciência tem avançado na descoberta de novas
frentes, como a imunoterapia, por exemplo", destaca o Dr. Felipe Ades,
oncologista do Centro Paulista de Oncologia (CPO) – Grupo Oncoclínicas.
5 - Mito: Não há nada que você possa fazer para
reduzir o risco de desenvolver câncer
Estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS)
indicam que 80% dos casos de surgimento de tumores malignos estão relacionados
ao nosso modo de vida, sendo o sedentarismo um dos principais protagonistas
destas estatísticas. De acordo com a Dra. Ana Carolina Guimarães, oncologista
do Oncocentro - unidade do Grupo Oncoclínicas em Minas Gerais, outro dado que
reforça essa percepção vem de uma pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do
Câncer (Inca), que aponta que a prática frequente de atividade física pode
reduzir o risco de desenvolvimento de 26 tipos de câncer, entre eles o de mama,
neoplasia que mais atinge a população feminina no Brasil.
"Para manter seu risco baixo, o certo é manter
um peso saudável, fazer exercícios regularmente e limitar a quantidade de
álcool ingerida. Vale lembrar ainda que o incentivo à prática constante de
atividades físicas e ingestão de alimentos saudáveis surgem não apenas como
iniciativas essenciais para frear os índices aumentados de risco de desenvolver
a tumores malignos como também forma de potencializar o processo de
tratamento", diz.
6 - Mito: Quimioterapia significa que você vai
perder o cabelo
Assim como existem variados tipos de câncer, também
os efeitos dos diferentes tipo de medicamentos quimioterápicos podem variar de
acordo com sua composição e resposta do paciente. Entre os efeitos colaterais
de algumas quimioterapias, pode acontecer a queda dos fios de cabelo, que pode
ainda variar de intensidade de acordo com cada caso.
"As células do câncer se multiplicam e crescem
mais rápido que as células normais do corpo. Sabendo disso, os remédios foram
desenvolvidos para atacar as células que se multiplicam mais rápido, assim
reduzindo os tumores e aumentando a chance de cura em casos em que há indicação
cirúrgica. O problema disso é que existem células normais do corpo que também
se multiplicam rapidamente, como as células responsáveis por fazer crescer o
cabelo. Por isso, dependendo do remédio que se use, pode ocorrer a queda do
cabelo depois de alguns dias do tratamento. Normalmente os cabelos voltam a
crescer algumas semanas depois do tratamento terminar", comenta a Dra.
Clarissa Mathias, oncologista do Núcleo de Oncologia da Bahia (NOB) – Grupo
Oncoclínicas.
Como alternativa para prevenção à perda dos fios
durante o tratamento quimioterápico, há a opção de utilização de aparelhos que
causam o resfriamento do couro cabeludo durante a administração da
quimioterapia. "O frio faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, assim
menos sangue passa por partes do corpo que estão geladas. A ideia por trás
dessa estratégia é fazer com que menos quimioterapia circule pela pele do couro
cabeludo, reduzindo assim o efeito de queda de cabelo", explica.
7- Mito: Homens não desenvolvem câncer de mama
Assim como as mulheres, homens também apresentam
glândulas mamárias e, portanto, apesar da baixa incidência, o câncer de mama
pode se manifestar em homens. Apesar da baixa incidência - em cerca de 100
casos da doença, apenas um ocorre no sexo masculino – estima-se que os Estados
Unidos registram cerca de 1900 casos ao ano e, na maioria das vezes, o
diagnóstico é tardio.
"O diagnóstico precoce ainda é uma das
principais ferramentas de sucesso para o tratamento do câncer, por isso a
informação é essencial neste processo. Para detectar qualquer tipo de problema,
é preciso que o homem realize o autoexame com frequência, principalmente depois
dos 50 anos, faixa etária em que ocorrem mais casos do câncer de mama masculino
. E claro, caso haja qualquer mudança suspeita na região mamária, é preciso
deixar de lado qualquer tipo de preconceito e procurar a ajuda de um
especialista", explica o Dr. Daniel Gimenes, oncologista do CPO - Grupo
Oncoclínicas, em São Paulo.
8 - Mito: Fé é para pessoas fracas e apenas uma
fuga para os pacientes com câncer
Na verdade, os pacientes com câncer que possuem
fortes crenças religiosas têm melhores resultados, segundo um estudo publicado
em 2017 no Cancer, um dos mais importantes jornais médicos do mundo.
Uma outra análise, liderada pela Universidade de Duke, nos Estados Unidos,
comprovou que pacientes que se valem de práticas religiosas apresentam 40%
menos chances de sofrerem depressão durante o tratamento não apenas do câncer,
mas das doenças em geral.
"Não há provas científicas de que a fé
representa um reforço para o sistema imunológico, mas inúmeros estudos sugerem
uma ligação entre religião e espiritualidade com a melhor saúde física relatada
entre os pacientes com câncer. Elas funcionam como um incentivo extra para a
autoestima dos pacientes e ajudam a proporcionar conforto diante do medo",
finaliza a Dra. Clarissa Mathias, do NOB – Grupo Oncoclínicas,
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