Magistrados
representantes dos grupos de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário
(GMFs) no âmbito dos Tribunais Regionais Federais (TRFs) foram informados sobre
o programa Brasil pela Paz, do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Idealizado
pela presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen
Lúcia, o programa é composto de ações sistematizadas voltadas para melhoria do
sistema penitenciário brasileiro.
O
encontro, ocorrido nesta quarta-feira (21/6), na sede do CNJ, também
permitiu que os juízes relatassem aos membros do Departamento de Monitoramento
e Fiscalização do Sistema Carcerário e de Medidas Socioeducativas do CNJ (DMF)
as preocupações e dificuldades que vêm enfrentando na área da execução
penal.
Os
representantes dos GMFs citaram, dentre outros pontos, a falta de controle
adequado do Poder Judiciário sobre os sentenciados, principalmente aqueles que
não estão sob custódia direta do Estado (presos cumprindo penas alternativas);
falta de convênios e parcerias que permitam prestações de serviço comunitário; informações
processuais desatualizadas e dificuldade no controle das facções criminosas,
que dominam as prisões brasileiras. Também foram elencadas dificuldades
tradicionais, como falta de medicamentos e assistência médica precária para os
presos.
A
diretora do DMF, juíza auxiliar da presidência do CNJ, Maria de Fátima Alves da
Silva, afirmou que irá listar e catalogar os problemas apresentados pelos
magistrados e os encaminhará à própria ministra Cármen Lúcia, “que está
cuidando dessa questão de maneira muito atenta e zelosa”. Maria de Fátima disse
que a crise no sistema penitenciário é um fato. “Seja na falta de estrutura
física e de pessoal, seja em relação à entrada das facções nos presídios, temos
muitos problemas e deficiências que forçam nossos juízes a buscarem saídas.
Mas, precisamos ter informações precisas para as ações sejam consistentes e as
saídas, justas. Essa é a nossa intenção”, afirmou, durante apresentação do
projeto Brasil pela Paz.
Dentre
as ações do programa, está o aprimoramento da base de dados relativos aos
presos e ao cumprimento de suas penas. Concebido a partir da reformulação do
Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP), atualmente em processo de
aprimoramento para permitir a integração de dados de todos os tribunais via
webservice, o Cadastro Nacional de Presos permitirá que o Poder
Judiciário tenha conhecimento e controle sobre todos os sentenciados no país.
“A
reformulação do Banco permitirá conferir consistência aos dados. Quem acessar o
banco saberá de que cidade é aquele preso, onde ele está cumprindo pena, e toda
a situação processual do caso. Se receber um alvará de soltura, por exemplo,
essa informação constará do sistema e terá de ser repassada para o tribunal de
origem, para que a vítima ou familiares da vítima e do preso, tomem
conhecimento de seu paradeiro”, disse o secretário-geral da presidência do CNJ,
juiz auxiliar Júlio Ferreira de Andrade.
Outra
ação pertencente ao Programa Brasil pela Paz diz respeito ao cuidado com as
vítimas jovens e crianças. O juiz auxiliar da presidência, à frente do trabalho
do DMF em relação à infância e juventude, Alexandre Takashima, citou a criação
da Associação de Proteção e Assistência ao Condenado (APACs) dedicadas a jovens
infratores de ambos os sexos como exemplo de um trabalho com índice de
reincidência baixíssimo e lembrou que o CNJ vem contribuindo para que os
Tribunais se adequem à lei 13.431/2017, que torna lei salas especiais para
coleta de depoimento de crianças, vítimas de violência.
Ainda
na área de proteção e atenção à vítima, estão sendo pensadas ações que
possibilitem a vítimas e seus familiares acesso à equipe multidisciplinar dos
tribunais. O programa Brasil pela Paz ainda está sendo delineado, mas algumas
das ações já devem estar prontas até agosto desse ano. É o caso do BNMP e do
Cadastro Nacional de Presos. As APACs juvenis deverão estar em funcionamento em
abril de 2018. As duas cidades que receberão o projeto-piloto são: Itaúna/MG e
Fortaleza/CE.
Compareceram
ao encontro os magistrados José Eduardo Nobre da Matta e Débora Valle de Brito,
do TRF da 2ª Região (Rio de Janeiro e Espírito Santo), Alessandro Diaféria, do
TRF da 3ª Região (SP, MS), Cláudia Cristofani, do TRF da 4ª Região (RS, SC, PR)
e Ney de Barros Bello Filho, do TRF da 1ª Região, que tem sob sua jurisdição o
Distrito Federal e os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Bahia, Goiás, Maranhão,
Mato Grosso, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins.
Do
CNJ, além do secretário-geral, Júlio de Andrade, a diretora do DMF, Maria de
Fátima, e o juiz Alexandre Takashima, participaram o juiz Marcelo Mesquita
Silva, da área da Tecnologia da Informação, e o chefe de gabinete do DMF,
Renato de Vitto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário