Atenção com os ovos de chocolate,
frutos do mar e bebidas alcoólicas
Além de um marco religioso para muitos, a Páscoa é
um momento de fantasia envolvendo os ovos de chocolate e uma data muito
esperada por todas as crianças. Mas o período de brincadeiras e
confraternizações pode se tornar um verdadeiro pesadelo para algumas famílias.
O motivo? Os alimentos contidos nas ceias de Páscoa. Segundo a Associação
Brasileira de Alergia e Imunopatologia (Asbai), 85% das reações alimentares
adversas se dão por leite, ovo, amendoim, crustáceos e peixe – comidas mais que
garantidas nesta temporada.
Ao lado do camarão, o leite bovino é o maior
causador de alergias alimentares no Brasil, de acordo com pesquisas. Presente
em quase todos os ovos de chocolate e em muitas receitas de Páscoa, o alimento
já provoca quadros alérgicos em mais de 350 mil crianças brasileiras, conforme
dados da Asbai. “As proteínas contidas no leite, como a caseína, a alfa lacto
albumina e a beta lacto globulina, são as responsáveis pelo problema”, explica
o coordenador técnico do Brasil Sem Alergia, o médico Marcello Bossois.
Segundo ele, o sistema imunológico identifica a substância como estranha ao
organismo, desequilibrando seu funcionamento. “O processo dá origem a variados
sintomas gastrointestinais e respiratórios”, alerta.
O médico lembra, porém, que não é só a alergia que
pode gerar reações após a ingestão do leite bovino. A intolerância alimentar,
que já afeta mais de 100 milhões de brasileiros, é outro processo desencadeado
pelo alimento. Para a médica Patrícia Schlinkert, que também é
coordenadora do Brasil Sem Alergia, o leite de vaca, ao lado dos grãos e do
café, é o campeão da doença. A intolerância é provocada pela lactose, o açúcar
do leite. Pessoas intolerantes à lactose não possuem a lactáse, enzima capaz de
digerir a substância. “É importante não confundir alergia com intolerância, já
que os agentes causadores e os sintomas são distintos”, comenta a especialista.
O ovo, outro alimento que tem presença garantida
nas ceias, é outro vilão dos pacientes com alergia. Ele possui ovalbumina e
ovomucoide, duas proteínas presentes na clara - que frequentemente geram
reações adversas. Especialistas do Brasil Sem Alergia recomendam que os
alérgicos não comam nenhuma parte do alimento, já que há um contato direto
entre a gema e a clara.
Alergistas destacam a preocupação com o camarão.
Segundo afirmam, os frutos do mar, crustáceos e moluscos são a principal causa
de reação alérgica grave (choque anafilático) entre os brasileiros. Existem
pacientes que sequer podem estar no mesmo ambiente onde é servido um prato
contendo o alimento. O ponto é que o camarão pode liberar no ar toxinas
altamente irritantes e perigosas aos alérgicos.
Muito consumidos no Natal, Os vinhos branco e tinto
são outros que não são nada bem-vindos pelos alérgicos. O processo de
fermentação, parte importante na produção dessas bebidas alcoólicas, dá origem
a grandes volumes de leveduras e bactérias, facilitando a fabricação de
histamina pelo organismo. A histamina, por sua vez, é um composto orgânico
produzido pelo sistema imunológico que funciona como um mediador inflamatório e
é responsável pelos mais variados tipos de processos alérgicos.
Assim como no caso do suco de uva, essas bebidas
apresentam ainda altas concentrações de sulfitos, um grupo de compostos
conhecido por causar inúmeros sintomas de alergias como espirros, coriza e
tosse. Presentes ainda em azeitonas, vegetais em conserva e frutos do mar como
lulas e polvos, os sulfitos também podem causar reações cutâneas ou diarreia em
pessoas com o suco gástrico pouco ácido.
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