Sim, existem diversos apps para Android e iOS que "transformam"
o smartphone em uma espécie de controle remoto da TV. Mas essa é apenas uma
faceta, digamos, inusitada, quase folclórica, desses aparelhos que, a cada dia
que passa, se tornam onipresentes no bolso e na bolsa de usuários e usuárias
pelo planeta afora.
E essa onipresença tem mesmo razão de ser: hoje, falar ao telefone
celular é o que menos se faz; ele vem se transformando em uma carteira
eletrônica completa, verdadeira central de serviços financeiros, trabalho e
lazer como nunca se viu. Para se ter ideia do que isso representa, basta dizer
que algo que há uma década parecia pouco provável já está acontecendo. Segundo
recente pesquisa do IBGE, os
equipamentos móveis se consolidaram de vez como principais meios de acesso à
internet no Brasil. De acordo com o Instituto, 92,1% do acesso à rede são
feitos por esse tipo de equipamento no País - batendo, pela primeira vez, os
computadores pessoais.
Isso porque o smartphone reúne uma série de características que têm tudo
a ver com a geração dos Millennials - que está recebendo o bastão e dará as
cartas pela próxima década, no mínimo. Trata-se de uma geração hiperconectada,
preocupada com o uso inteligente de seu tempo e com a sustentabilidade em todos
os aspectos da vida e que transformou as redes sociais na versão digital (e
visceral) do "power to the people".
Atualmente, é possível pagar boletos por meio dos aparelhos móveis (além
de gerenciar suas contas bancárias e seus cartões de crédito e débito de forma
online), comprar produtos e serviços (como o tíquete do estacionamento no
shopping, combustível em postos sem nem sair do carro e diversos meios de
transporte urbano), além, claro, de assistir a filmes e séries, adquirir
ingressos para cinema, teatro e shows e atualizar seus perfis na web a qualquer
hora e em qualquer lugar.
E nem entramos ainda na discussão sobre o que será o smartphone (fisicamente)
no futuro próximo. De acordo com o que já estamos testemunhando, sua e-wallet
terá formatos cada vez mais ergonômicos, será à prova de quedas, poderá ter
opções com tela dobrável e que se pode vestir, como um bracelete high-tech, ou
até implantado no corpo. O protótipo de uma versão "gelatinosa",
combinação de alumínio com resinas naturais, já está operante, embora ainda não
à venda - e ela é capaz, inclusive, de se consertar sozinha.
O smartphone do futuro também reconhecerá (além da impressão digital e
da íris) o rosto do usuário, avaliará seu humor, e trabalhará com comandos de
voz diretos, sem qualquer tipo de digitação necessária. Ou seja, se tornará
orgânico, parte das pessoas. Isso quer dizer que a expressão "estou me
sentindo nu sem meu celular" fará sentido quase literal.
De volta à realidade, e aos números do estudo do IBGE, é bom saber que
eles vão ao encontro da terceira edição da pesquisa PayPal/Ipsos,
divulgada em novembro do ano passado, segundo a qual 17% de tudo o que foi
comprado online no Brasil nos 12 meses anteriores teve como ponto de partida um
smartphone. Em 2015, o mesmo indicador havia registrado 13%. Ou seja, quem
adquire o aparelho passa a usá-lo para tarefas antes mais fáceis de ser
executadas à frente de um PC. É, sem dúvida, a revolução dos devices
móveis.
Mais uma prova de que o futuro pertence a eles é outro estudo contratado em 2016 pelo PayPal
Brasil, este à Euromonitor International. De
acordo com ele, até 2020, cerca de 4,5 bilhões de pessoas no mundo inteiro
serão assinantes de internet móvel. No Brasil, esse número deve bater os 250
milhões de usuários até o final desta década.
Também segundo a Euromonitor, hoje 100% da população brasileira está
coberta por redes celulares; e 94% contam com alguma cobertura de rede 3G.
Aliás, o Brasil é o segundo colocado na América Latina em termos de penetração
da tecnologia de internet móvel - atrás somente da Costa Rica.
A verdade é que não importa se o smartphone como o conhecemos se
transformará em um item vestível ou um holograma ou o que quer que a imaginação
humana possa inventar. A única certeza é que ele já está se tornando
indispensável como nenhum outro device jamais sonhou ser - e se tornará, cada
vez mais, o controle remoto do nosso mundo.
Mario Mello - diretor geral do PayPal para a América Latina
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