Pesquisa da USP
mostra como essa realidade afeta a vida das mulheres
A endometriose caracteriza-se pelo implante, crescimento e desenvolvimento de glândula/tecido endometriais fora do útero. Trata-se de uma doença ginecológica benigna que ocorre pelo refluxo de menstruação pelas trompas, acumulando células parecidas com o endométrio (e que, portanto, também "menstruam"), fora da cavidade uterina.
Estima-se que 10% da população feminina apresentam essa doença e, quando são estudadas populações específicas de mulheres com dor pélvica ou infertilidade, a prevalência pode atingir até 47% dos casos.
É uma doença com impacto negativo em diversos aspectos da vida da mulher, inclusive na função sexual - Os principais sintomas da endometriose são representados por dor e infertilidade, relacionam-se diretamente com prejuízos na atividade sexual, mas aspectos específicos da função sexual dessas mulheres permanecem obscuros, o que motivou a realização deste estudo.
As principais causas são o refluxo menstrual, associado a causas genéticas (o risco é maior entre parentes de primeiro grau), ambientais (exposição a ambientes poluídos com resíduos de monóxido de carbono como as dioxinas) e imunológicas (o organismo não reconhece, adequadamente, esse tecido fora de lugar e não faz uma faxina adequada todos os meses, que serviria para remover esse tecido e evitar a doença).
A Endometriose pode ocorrer entre a adolescência e
a menopausa, em qualquer idade, mas a faixa dos 30-40 anos é a mais comum. O
diagnóstico se baseia em ouvir as queixas da paciente (cólicas menstruais muito
severas, dor nas relações sexuais, dores na barriga durante o mês, dificuldade
para engravidar, alterações do intestino durante a menstruação e também da
urina). Também pode ser feito por exames complementares especializados
(ultrassom pélvico e transvaginal com preparo intestinal ou ressonância
magnética da pelve) e também por videolaparoscopia - uma cirurgia que pode
ajudar a tratar o problema.
Mesmo com os tratamentos acredita-se que a
prevenção verdadeira não exista.
Há muitos fatores envolvidos, porém, existem
medidas que evitam que a menstruação seja muito abundante, como o uso de
anticoncepcionais que reduzem o fluxo menstrual, o que é benéfico.
Os tratamentos são à base de medicamentos gerais,
para alívio dos sintomas (analgésicos e anti-inflamatórios, associados a
hormônios, para reduzir a menstruação e agir nos focos da doença,
anticoncepcionais ou progesteronas específicas e, por vezes, cirurgia para
restaurar a pelve.). Há, também, a possibilidade de tratamentos complementares,
simultaneamente, com excelentes resultados: acupuntura para as dores,
fisioterapia do assoalho pélvico e, recentemente, um estudo mostrou que a
homeopatia também pode ter algum benefício.
Dra. Flávia Fairbanks - ginecologista do Hospital
das Clínicas da USP e da Clínica FemCare. Graduada pela Faculdade de Medina da
USP, realizou residência médica em Ginecologia e Obstetrícia no Hospital das
Clínicas da FMUSP, foi médica preceptora da Ginecologia do Hospital das
Clínicas da FMUSP. É Pós-graduada em Ginecologia do Hospital das Clínicas da
FMUSP nos setores de Endometriose e Sexualidade Humana.
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