Neurocirurgião especialista em dor faz um
panorama dos tratamentos da dor e antecipa inovações do futuro
Segundo a IASP (International Association for the Study of
Pain), a dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável, associada
com lesão tecidual atual ou potencial. Ela afeta a maioria das pessoas ao longo
de suas vidas, de forma aguda ou crônica, e quando contínua, de longo prazo,
compromete funções laborativas e sociais dos indivíduos, com consequências
muitas vezes irreversíveis, com perdas familiares e de sustento. Diante disso,
a dor, que até então tem sido objeto de estudos científicos por anos para seu
melhor entendimento e desenvolvimento de tratamentos que visem amenizar seus
sintomas, parece agora vislumbrar outros horizontes, onde ela possa nem mesmo
existir na maioria dos casos.
Como explica o neurocirurgião
especialista em dor, Dr.
Claudio Fernandes Corrêa, no passado, a dor era traduzida como
expressão de alguma agressão ou, ainda, no contexto teológico, como fonte de
sofrimento e punição que deveria ser aceita como tal. Com o passar do tempo e
os devidos esclarecimentos obtidos a respeito da biologia humana, suas doenças
e as suas consequências no estado físico e emocional, a dor passou a ter um
foco diferenciado de atenção para a sua contenção. “Se antes ela era vista como
uma consequência natural de alguma disfunção, acidente, destino, com a obtenção
de novos conhecimentos médico-científicos foi possível contextualizar a sua
existência como algo tão importante quanto à doença de base que a gerava e a
permanente necessidade de cuidados especiais que, inclusive, ajudassem no
tratamento desta”, relata dr. Claudio.
O caminho para o futuro neste campo, no entanto, prevê mais
que a amenização ou cura da dor, mas fazer com que ela seja de fato, prevenida
na maioria dos casos.
Tendo como parâmetro a idade média, onde predominava os
procedimentos ablativos (de corte) fomos evoluindo gradativamente.
“Um exemplo de técnica rudimentar, era o uso da trepanação
para o tratamento de dores de cabeça, e que consistia em abrir um buraco no
crânio do paciente com uma broca neurocirúrgica. Apesar de assustador e
bastante invasivo, os médicos da época acreditavam que o procedimento ajudaria
a aliviar a pressão que causava o quadro doloroso. Hoje, sabendo que existem
mais de 150 tipos de dores de cabeça, com gatilhos de crise bem conhecidos,
percebe-se o quanto evoluímos com o desenvolvimento de medicamentos
inteligentes, orais e injetáveis, bem como com o apoio de procedimentos
operatórios, além das terapias mentais e físicas para o seu alívio”.
Em um processo evolutivo, desde então, temos os
procedimentos cirúrgicos cada vez menos necessários e menores, conhecidos como
minimamente invasivos. Do ponto de vista medicamentoso, o aprimoramento do
manejo de opioides tem garantido mais qualidade de vida, com segurança, a
pacientes crônicos e terminais. Neste contexto, bombas de infusão abastecidas
periodicamente pelo médico responsável e administradas pelo próprio paciente
têm se mostrado bastante eficientes.
Outro destaque é a neuroestimulação cerebral profunda, em
que um eletrodo implantando em pontos estratégicos no cérebro do paciente
consegue regular suas ondas cerebrais para o controle da dor.
Para o futuro
tratamento da dor, alguns estudos apontam para linhas bastante
inovadoras e promissoras, tais como:
-
Scanneamento de bebês para mapeamento do seu DNA, identificando a predisposição
ao desenvolvimento de doenças futuras, e cujo tratamento seria o recorte destes
genes. Esta técnica também é conhecida como Photoshop Genético e também poderá
ser utilizada por casais que planejam ter filhos, com mapeamento e cruzamento
prévio de seus próprios genes antes de engravidarem.
-
Diagnóstico Portátil: uma escova de dente, com dispositivos eletrônicos,
identificará vírus e bactérias antes mesmo de eles se manifestarem no
organismo, tornando a profilaxia prévia do indivíduo.
-
Fonte da Juventude: doenças degenerativas típicas do envelhecimento e que são
as maiores responsáveis pelas dores crônicas poderão ser contidas com terapias
de rejuvenescimento celular.
“Em
resumo, ainda que não seja possível prever traumas, acidentes e alguns adventos
agudos que geram a dor, a medicina se prepara para cada vez mais absorver casos
em que ela seja previsível no médio e longo prazo, especialmente como
consequência de doenças já conhecidas, e, desta forma, poder antecipar e
aperfeiçoar tratamentos antes mesmo de ela se instalar”, finaliza o
especialista.
Dr.
Claudio Corrêa - Com mais de 30 anos de atuação profissional,
Dr. Claudio Fernandes Corrêa possui mestrado e doutorado em neurocirurgia pela
Escola Paulista de Medicina/UNIFESP. Especializou-se no tratamento da dor
aliado a neurocirurgia funcional – do qual se tornou uma das principais
referências no Brasil e também no Exterior. É também o idealizador e
coordenador do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho,
serviço que reúne especialistas de diversas especialidades para o tratamento
multidisciplinar e integrado aos seus pacientes. Currículo Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4734707Z5
www.claudiocorrea.com.br
- https://www.facebook.com/dr.claudiofernandescorrea
- www.twitter.com/drclaudiocorrea
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