“As
cirurgias plásticas para retiradas desses produtos podem conter a infecção,
melhorar as deformações, mas não removem 100% do produto, que continua a se
movimentar pelo corpo”.
É verdade
que algumas cirurgias plásticas são importantíssimas para a saúde do paciente,
mas os incríveis números de procedimentos realizados no Brasil mostram que o
brasileiro é também bastante vaidoso. Segundo o relatório de 2011 do ISAPS,
14,2% de todas as cirurgias plásticas no mundo foram realizadas no Brasil,
ficando atrás apenas dos EUA, com 17,2%.
A busca pelo corpo perfeito,
no entanto, esconde armadilhas muitas vezes irreversíveis e que podem levar à
morte. É o caso de quem opta por esculpir o corpo através de produtos
injetáveis como silicone líquido ou outros produtos semelhantes, que trazem
problemas à saúde quando aplicados em grandes quantidades.
Segundo o cirurgião plástico
Luiz Paulo Barbosa, especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia
Plástica, todas as pessoas que se submetem a esse tipo de procedimento mais
cedo ou mais tarde apresentarão algum problema. “E apesar de conseguirmos fazer
uma retirada parcial dos produtos através de cirurgias, jamais será possível a
sua remoção total”, alerta.
Essas substâncias
preenchedoras são atrativas porque prometem tornear o corpo, enrijecer a pele,
dar fim as estrias e celulites, além de dar volume e esculpir certas regiões do
corpo. Quando utilizadas em pequenas quantidades, mais comumente no rosto para
atenuar rugas e linhas de expressão, podem sim trazer benefícios. Porém, o
problema está quando utilizadas em grandes quantidades.
“Todos estes produtos, em
pelo menos 80% dos casos, apresentarão problemas futuros, que vão desde uma
simples inflamação, que você consegue reduzir com o uso de corticoides, até
infecções de difícil controle com antibióticos, às vezes necessários altos
doses por longo tempo”, explicou o especialista.
Outro problema gravíssimo é
a movimentação desse tipo de produto pelo corpo, alterando fatalmente e
deformando as regiões, principalmente no contorno das nádegas. É comum também
observar que essas transformações podem causar placas endurecidas pelo corpo e,
muitas vezes, chegam até o pé causando inchaço e aquela aparência de pés de
elefante.
Ainda segundo dr. Luiz Paulo
Barbosa, “é muito comum o aparecimento de manchas vermelhas e arroxeadas na
pele onde se encontra o produto. Além disso, é possível haver o desencadeamento
de distúrbios circulatórios comprometendo principalmente a circulação dos
membros inferiores”.
Antes de se submeter a tais
promessas a base de substâncias injetáveis, o cirurgião plástico aconselha a
pensar no futuro. “Aconselho a todas as pessoas que pretendam se submeter à
aplicação de produtos infetáveis no corpo que não o façam, mesmo que tenha sido
um presente. Se o desejo de mudar o contorno corporal existir, procure um bom
cirurgião e submeta-se a inclusão de próteses de mamas, nádegas, panturrilha,
etc, procedimentos muito mais seguros e também reversíveis”.
Vale lembrar que as
cirurgias para retirada desses produtos são feitas com o intuito de amenizar
dores, desconfortos, diminuir os problemas circulatórios, melhorar as
deformações, diminuir a incidência de inflamações, mas dificilmente consegue-se
que não mais apareçam por conta dessa movimentação das substâncias pelo corpo.
Além disso, é importante enfatizar que essas cirurgias resultam em grandes
cicatrizes feitas nas proximidades dos locais afetados.
Outros
produtos injetáveis:
O silicone industrial ou
mesmo o silicone médico purificado - usado para fabricação de colírios e outros
produtos - são proibidos para injeções no corpo desde os anos 80.
A toxina botulínica,
comumente utilizada para diminuir os movimentos dos músculos da testa e das
rugas em volta dos olhos (pés de galinha), acaba sendo bastante injustiçada
entre os preenchedores. “É comum ouvirmos dizer que tal pessoa está ‘botocada’
porque apareceu com a bochecha muito rechonchuda ou com os lábios aumentados
demais. O fato é que isso é resultado de aplicação exagerada de outros
preenchimentos e não da toxina, ela não serve para isso”, explicou Dr. Luiz Paulo
Barbosa, que ainda destaca que ela é utilizada para tratamento de sudorese
axilar excessiva e pequenas rugas ao redor da boca. Sua desvantagem é o seu
efeito que tem durabilidade de ação em torno de 6 a 8 meses.
Já o ácido hiaulurônico, o
único produto que pode ser usado com segurança em qualquer local do corpo,
normalmente só é utilizado no rosto, pois as embalagens têm apenas 1 ml, o que
inviabilizaria inclusive financeiramente um procedimento maior como a aplicação
de 1.000 ml no corpo. Outra desvantagem é o fato de ser um produto
absorvível que precisa de reposição entre 8 a 18 meses, dependendo da
metabolização de cada indivíduo.
Dr. Luiz Paulo Barbosa - Formado pela Universidade Federal do
Pará, especialista reconhecido pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e
Associação Médica Brasileira, membro também da ISHRS - Internacional Society of
Hair Restoration Surgery (Transplante Capilar) e da Associação Brasileira de
Cirurgia de Restauração Capilar. Foi um dos cirurgiões plásticos pioneiros a ir
para a França, em 1981, aprender a técnica de Lipoaspiração com o criador da
mesma, Prof. Dr. Yves Gerard Illouz e trazê-la ao Brasil. Entre suas
especialidades destacam-se: lifting facial (rejuvenescimento da face),
rinoplastia (cirurgia de nariz), transplante capilar, lipoaspiração e
lipoescultura, aumento (prótese) de mamas e nádegas, cirurgias de
reposicionamento e redução de mamas, entre outras cirurgias estéticas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário