Especialista em Odontopediatria diz que sim e explica
por quê
O tratamento de canal, ou
tratamento endodôntico, é um procedimento restaurativo realizado quando o nervo
de determinado dente foi abalado. Geralmente, só de ouvir a palavra ‘canal’
muitas pessoas fazem cara de dor. O tratamento consiste na retirada do nervo
(polpa), limpeza e irrigação do canal, e obturação desse espaço com a
preservação da função e estética. Apesar de ser mais comum em adultos, o dano
ao nervo pode acontecer ainda na infância. Até crianças com dente de leite às
vezes têm de ser submetidas ao tratamento de canal.
De acordo com a odontopediatra Helenice
Biancalana, diretora do Departamento de Prevenção e Promoção de Saúde
da APCD (Associação Paulista de
Cirurgiões-Dentistas), o tratamento endodôntico, hoje em dia, é muito mais
simples do que se possa imaginar. Geralmente, o tratamento é realizado em uma
ou duas sessões. “Com exceção de casos mais graves, como em processos
infecciosos, lesões (abscessos ou cistos), ou quando pode ter havido fratura de
raiz, por exemplo, o tratamento de canal pode levar de uma a três consultas e
deve ser realizado inclusive nos dentes de leite. Isto porque a troca dos
dentes de leite pelos dentes permanentes costuma ocorrer entre seis e doze anos
e não se deve correr o risco de extrair o dente com a polpa afetada sem
perspectiva de que seu substituto vá nascer logo. Manter o dente de leite da
melhor forma possível é uma garantia de que o espaço, a função e a estética
serão preservados, evitando problemas no futuro”.
A cirurgiã-dentista afirma que os
pais devem prestar atenção às queixas das crianças em relação à dor de dente
forte ou ainda ao “choque” quando há contato com bebidas e comidas muito
quentes ou geladas. “Também é fundamental consultar um cirurgião-dentista
quando um dentinho da criança evidencia mudança na coloração, ou ainda quando a
gengiva em torno de determinado dente se mostra avermelhada e sensível por
vários dias, atrapalhando a mastigação. Como esses sintomas indicam apenas uma
suposição ou um sinal, a radiografia é que vai conduzir o especialista ao
tratamento adequado”.
Nos Estados Unidos, de acordo com
a Associação Americana de Endodontistas, por ano são realizados cerca de
15 milhões de tratamentos de canal, ou seja, mais de 41 mil por dia. No Brasil,
esse tratamento também é muito recorrente nos consultórios dentários. “Tudo
deve ser feito no sentido de evitar a perda do dente. Isto porque as
complicações são inúmeras: desde alteração de fala, até comprometimento da
mastigação, maior dificuldade de higiene diária, pressão extra no tecido onde
foi extraído o dente, além de insegurança e impacto na autoestima da criança”,
diz Helenice.
A terapia, de acordo com a
especialista, consiste no diagnóstico e tratamento da inflamação ou infecção
que está atingindo a polpa no interior da raiz do dente, além do entorno.
Apesar de simples, quando um tratamento de canal não é bem realizado, pode
haver desdobramentos bastante arriscados, como a inflamação da membrana que
reveste o pulmão (mediastinite), ou ainda um quadro de infecção da membrana
interna que reveste o coração (endocardite). Nestes casos, depois de um
tratamento malsucedido o paciente começa a desenvolver sintomas como febre,
mal-estar, formação de abscessos e, inclusive, o dente volta a doer. Recorrer
ao cirurgião-dentista e reportar os sintomas é um primeiro passo antes do
retratamento do canal.
Dra. Helenice Biancalana -
cirurgiã-dentista, diretora do Departamento de Prevenção e Promoção de Saúde
da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) – www.apcd.org.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário