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terça-feira, 26 de julho de 2016

É comum fazer tratamento de canal em crianças?



Especialista em Odontopediatria diz que sim e explica por quê

O tratamento de canal, ou tratamento endodôntico, é um procedimento restaurativo realizado quando o nervo de determinado dente foi abalado. Geralmente, só de ouvir a palavra ‘canal’ muitas pessoas fazem cara de dor. O tratamento consiste na retirada do nervo (polpa), limpeza e irrigação do canal, e obturação desse espaço com a preservação da função e estética. Apesar de ser mais comum em adultos, o dano ao nervo pode acontecer ainda na infância. Até crianças com dente de leite às vezes têm de ser submetidas ao tratamento de canal.

De acordo com a odontopediatra Helenice Biancalana, diretora do Departamento de Prevenção e Promoção de Saúde da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas), o tratamento endodôntico, hoje em dia, é muito mais simples do que se possa imaginar. Geralmente, o tratamento é realizado em uma ou duas sessões. “Com exceção de casos mais graves, como em processos infecciosos, lesões (abscessos ou cistos), ou quando pode ter havido fratura de raiz, por exemplo, o tratamento de canal pode levar de uma a três consultas e deve ser realizado inclusive nos dentes de leite. Isto porque a troca dos dentes de leite pelos dentes permanentes costuma ocorrer entre seis e doze anos e não se deve correr o risco de extrair o dente com a polpa afetada sem perspectiva de que seu substituto vá nascer logo. Manter o dente de leite da melhor forma possível é uma garantia de que o espaço, a função e a estética serão preservados, evitando problemas no futuro”. 

A cirurgiã-dentista afirma que os pais devem prestar atenção às queixas das crianças em relação à dor de dente forte ou ainda ao “choque” quando há contato com bebidas e comidas muito quentes ou geladas. “Também é fundamental consultar um cirurgião-dentista quando um dentinho da criança evidencia mudança na coloração, ou ainda quando a gengiva em torno de determinado dente se mostra avermelhada e sensível por vários dias, atrapalhando a mastigação. Como esses sintomas indicam apenas uma suposição ou um sinal, a radiografia é que vai conduzir o especialista ao tratamento adequado”. 

Nos Estados Unidos, de acordo com a Associação Americana de Endodontistas, por ano são realizados cerca de 15 milhões de tratamentos de canal, ou seja, mais de 41 mil por dia. No Brasil, esse tratamento também é muito recorrente nos consultórios dentários. “Tudo deve ser feito no sentido de evitar a perda do dente. Isto porque as complicações são inúmeras: desde alteração de fala, até comprometimento da mastigação, maior dificuldade de higiene diária, pressão extra no tecido onde foi extraído o dente, além de insegurança e impacto na autoestima da criança”, diz Helenice. 

A terapia, de acordo com a especialista, consiste no diagnóstico e tratamento da inflamação ou infecção que está atingindo a polpa no interior da raiz do dente, além do entorno. Apesar de simples, quando um tratamento de canal não é bem realizado, pode haver desdobramentos bastante arriscados, como a inflamação da membrana que reveste o pulmão (mediastinite), ou ainda um quadro de infecção da membrana interna que reveste o coração (endocardite). Nestes casos, depois de um tratamento malsucedido o paciente começa a desenvolver sintomas como febre, mal-estar, formação de abscessos e, inclusive, o dente volta a doer. Recorrer ao cirurgião-dentista e reportar os sintomas é um primeiro passo antes do retratamento do canal. 



 Dra. Helenice Biancalana - cirurgiã-dentista, diretora do Departamento de Prevenção e Promoção de Saúde da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas) www.apcd.org.br

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