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quinta-feira, 27 de maio de 2021

Maio Roxo: qual a relação da Psicologia com as Doenças Inflamatórias Intestinais?

Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa podem agravar com má saúde mental

 

Entre as campanhas de conscientização em saúde ao longo do ano, o quinto mês do calendário marca o chamado Maio Roxo, que alerta para a prevenção e tratamento de Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs), como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa. Pesquisa mais recente realizada pela Associação Brasileira de Colite Ulcerativa e Doença de Crohn (ABCD) com cerca de 3 mil entrevistados apontou que 78% deles eram afetados pelas doenças.

Dito isso, as DIIs possuem várias consequências e é indicado ao paciente fazer um acompanhamento multiprofissional, incluindo a psicologia. O fator psicológico do ser humano já tem muitas relações com o organismo num geral e, especificamente para os pacientes de doenças inflamatórias intestinais, intestinos e cérebro estão num diálogo constante afetando a doença.

Segundo a psicóloga e coordenadora da clínica de Psicologia da Faculdade Anhanguera, Joice Gomes Cavalcante, "essas doenças têm relação com o estado psicoafetivo, em maior ou menor grau. Um dos gatilhos para uma crise, por exemplo, pode ser ansiedade ou depressão. A falta de compreensão da doença, a qualidade de vida afetada, os remédios, dores e sangramentos podem ocasionar modificações químicas no cérebro causando ansiedade e, consequentemente, afetar o intestino."

Além disso, pesquisas apresentam que pacientes com DIIs possuem maior chance de terem depressão do que a população em geral. Um artigo já publicado na Revista da Associação Médica Brasileira traz que há uma prevalência global de ansiedade e/ou depressão em cerca de 33% dos pacientes. Verificou-se, ainda, que os pacientes mais clinicamente enfermos apresentavam maior incidência de sintomas de ansiedade e/ou depressão do que aqueles que estão saudáveis, mesmo os que estão em remissão da doença. Outros estudos também documentaram maior incidência de sintomas depressivos e/ou ansiosos em portadores de DII, sendo que essa associação parece ser mais consistente na Retocolite Ulcerativa do que na Doença de Crohn.1

"É muito importante o acompanhamento e suporte emocional para que a pessoa aprenda reestruturar seu modo de pensar e agir, contribuindo assim para a melhora no tratamento médico. Sentir-se acolhido e compreendido como um ser único faz com que o paciente consiga lidar de forma equilibrada com seus conflitos e com a doença", completa a psicóloga.


AS DOENÇAS INFLAMATÓRIAS INTESTINAIS

As doenças inflamatórias intestinais, mais conhecidas como DIIs, são doenças autoimunes, crônicas, não contagiosas e que dependem do tratamento para a qualidade de vida.

Elas são divididas em dois tipos de inflamação constante do intestino: Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. A primeira afeta qualquer parte do trato digestório, podendo provocar lesões não contínuas do ânus até a boca. Já a Retocolite Ulcerativa afeta exclusivamente o intestino grosso e reto com lesões contínuas.

Estados mais avançados podem evoluir para a perfuração ou estreitamento do intestino e até manifestação oncológica das doenças e necessidade de cirurgia. Em casos ainda mais graves pode-se também chegar ao óbito.

A profissional ainda indica que "o diagnóstico da doença é em média de cinco anos, por isso ao menor sinal de sintomas das doenças, é recomendado a busca por um médico especialista, gastroenterologista, para que o tratamento adequado seja prescrito". A coordenadora lista as manifestações que podem afetar os pacientes:

• Dor abdominal e febre;

• Diarreia intensa e frequente;

• Distensão abdominal, sangue ou muco nas fezes;

• Falta de vitamina e a consequente queda de cabelo e perda de peso excessiva;

• Manifestação em outras partes do corpo como inflamação nos olhos, nas articulações e na pele, hepatites e trombose;

• Fraqueza e fadiga intensa.

"Hoje, o tratamento mais indicado para as DIIs é o que considera medicamentos biológicos e imunossupressores. São eles os responsáveis por uma resposta mais rápida do organismo de pacientes em estágios grave a moderado. Mas também há a opção com antibióticos e corticoides. Recomenda-se ainda, que os pacientes evitem dietas com alimentos à base de lactose e fibras", comenta Joice.

Ela ainda indica que ter um estilo de vida ativo e saudável só ajuda, visto que o tratamento é efetivo no controle dos sintomas, uma vez que as doenças não têm cura. Por isso a importância do diagnóstico precoce.

• Oscilação do humor em pacientes com doença de Crohn: incidência e fatores associados. Rev. Assoc. Med. Bras. vol.58 no.4 São Paulo July/Aug. 2012. Acesso em 19 de maio de 2021.

 

 

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