Neurologista
afirma que médicos devem estar atentos a todos os tipos de sintomas da doença,
inclusive os não motores
Já faz algum tempo que as
manifestações não motoras estão sendo cada vez mais valorizadas pelos médicos
no tratamento da Doença de Parkinson. Normalmente relacionada a tremores, a enfermidade
provoca outros sintomas, como depressão e alteração de humor, redução do
olfato, constipação. Um artigo científico[i]
disponível na biblioteca do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos
apontou que de 40% a 90% da população com a doença apresentam distúrbios do
sono, como insônia, noctúria (aumento da urina noturna), cãibras musculares e
pesadelos.
Por essa razão, o paciente
deve ser avaliado em 360 graus pelo médico, ou seja, de forma ampla e completa.
“Precisamos olhar cada pessoa diagnosticada com Doença de Parkinson de maneira
personalizada, analisando todos os aspectos. Os sintomas motores são mais
visíveis e por isso recebem atenção imediata, mas existem outros que incomodam
tanto quanto eles”, esclarece Renata Ramina, neurologista e diretora clínica da
Associação Paranaense dos Portadores de Parkinsonismo.
Segundo a especialista,
essas características também são incapacitantes e devem ser tratadas com o
mesmo foco dado aos tremores, à rigidez muscular e à lentidão dos movimentos (bradicinesia).
“A depressão, por exemplo, pode ser um dos sinais da Doença de Parkinson. Ela é
capaz de provocar insônia, piorar a cognição e levar a outros sintomas. Por
essa razão não se deve tratar só os motores, está tudo interligado”, afirma.
Nelson José, morador de
Curitiba, tem 57 anos e foi diagnosticado aos 50. Atualmente aposentado por
causa da doença, explica que acordava de duas em duas horas, ficava inquieto e
o volume da urina era alto durante o período noturno. “Recentemente mudei o
tratamento e a qualidade do meu sono melhorou. Mas passei anos com insônia,
dores por causa da rigidez muscular e muita ansiedade”, garante.
De acordo com um estudo[ii], os sintomas não motores da Doença de
Parkinson não são identificados pelos neurologistas em mais de 50% das
consultas. Em especial os distúrbios do sono, que não são reconhecidos em mais
de 40% dos casos. A publicação afirma que, em geral, os pacientes relataram que
depressão, apatia, dores, problemas de memória e transtornos noturnos estão entre
as principais complicações da doença que mais afetam suas vidas.
Para José, todas as
consequências da enfermidade incomodam. “Os sintomas não motores perturbam
bastante. Para mim, Parkinson significa uma perda total de controle sobre o
próprio corpo”, elucida. Renata lembra que a evolução da doença é crucial
nesse sentido. “Infelizmente, quanto mais progride mais aumenta a frequência
das manifestações não motoras. Por isso é importante olhar para todos os
sinais, mesmo os mínimos, desde o início do tratamento”, conclui.
UCB
Biopharma
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