Somos seres dependentes da repetição. Desde nossos
processos biológicos à necessidade de se estipular uma rotina mínima para que a
civilização funcione, tudo está relacionado a algum tipo de recorrência. O
coração faz exatamente o mesmo movimento por toda a vida, a sociedade conseguiu
medir o tempo pela repetição do nascer e pôr do sol todos os dias, e a natureza
tem infinitos exemplos de como a rotina faz tudo funcionar. Logo, é inegável
que a frequência e a rotina sejam inatas ao ser humano.
Mas, apesar da demanda natural pela repetição, há
dois tipos de pessoas: as que a utilizam para fortalecer a preguiça e as que a
transformam em ferramenta para alcançar o sucesso. O fato de dirigirmos todos
os dias faz com que nosso cérebro e músculos passem a fazer a ação
automaticamente. Mal percebemos que estamos trocando a marcha, olhando o
retrovisor, pisando no pedal do acelerador, etc. Esse é um exemplo de como a
repetição pode facilitar ações, reduzir o esforço. Por outro lado, o fato de
uma ginasta repetir os mesmos movimentos, em todos os treinos, todos os dias,
faz com que ela seja cada vez melhor no que faz. Simone Biles, considerada a
maior ginasta de todos os tempos, treinou cerca de 32 horas semanais para
conquistar o ouro na Olimpíada de 2016. Ela é um exemplo da utilização da
repetição para alcançar o sucesso - e isso não é diferente em todas as outras
áreas.
A máxima “a prática leva à perfeição” talvez seja
uma das mais corretas presentes na sabedoria popular. Tudo exige esforço.
Cristiano Ronaldo, melhor jogador do mundo em 2017, é conhecido por ficar mais
tempo que os colegas treinando - segundo Felipão, “quanto mais treina, mais
pede para treinar”. No entanto, quem não conhece a história do menino que aos
11 anos decidiu que seria o melhor do mundo, afirma que ele teve apenas sorte.
Os estudantes que conquistaram os primeiros lugares nos vestibulares por terem
passado o ano realizando testes e simulados também “devem ter tido sorte”.
Estagiários que se tornaram presidentes de grandes empresas, como Laércio
Cosentino, CEO da TOTVS, e Alexandre Schiavo, presidente da Sony Music,
“tiveram muita sorte na vida”.
A sorte é o encontro da oportunidade com a
preparação. Se, ao surgir uma oportunidade, você não estiver preparado para
ela, não há sorte, há chance desperdiçada. Se cada um dos exemplos citados
acima não estivesse preparado para as portas que se abriram, hoje poderíamos
dizer que tiveram sorte? De que adianta a melhor oportunidade da vida surgir
para a pessoa menos preparada? Devemos criar nossas oportunidades por meio da
preparação para o momento que elas surgirem. As vagas, os cargos, as medalhas e
os troféus não serão entregues aos que não têm capacidade de suportá-los. A
preparação, vinda da repetição, do esforço e do comprometimento, leva às
pessoas aos patamares mais altos e mais disputados. Certo estava Thomas
Jefferson ao afirmar que acreditava na sorte, uma vez que, quanto mais
arduamente trabalhava, mais sorte tinha.
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