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sexta-feira, 20 de maio de 2022

Cirurgia bariátrica reduz em 90% risco de doença hepática causada pela obesidade, apontam novos estudos

Ilustração: Kateryna Kon / Divulgação 
Um recente estudo, publicado no Journal of the American Medical Association (JAMA), comprovou que a cirurgia bariátrica, e seus efeitos metabólicos, reduziram em 90% o risco de pacientes com obesidade desenvolverem doença hepática, câncer de fígado ou morte relacionada.


O estudo avaliou um grupo de mais de 1,1 mil pacientes que tiveram uma forma agressiva de doença hepática gordurosa. A cirurgia apresentou nestes pacientes benefícios para o controle de doenças como a esteatose hepática (doença hepática gordurosa não alcoólica) e redução de risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC), se comparado ao grupo de pacientes com obesidade que manteve apenas o tratamento clínico.

Atualmente, a doença hepática gordurosa não alcoólica é a principal causa de doença crônica do fígado. Nos Estados Unidos, por exemplo, um em cada quatro americanos adultos têm a doença causada pela obesidade. Não existe tratamento para a redução da gordura no fígado e a única maneira de controlar a doença e evitar a evolução para cirrose, ou até mesmo câncer de fígado, é perder peso e melhorar dieta.



Reversão da esteatose em um ano

Foi o que aconteceu com a paciente Regina Aparecida de Araújo, de 55 anos, que estava com um quadro grave de esteatose hepática e foi submetida à cirurgia bariátrica há um ano e meio. Os exames realizados em janeiro, um ano após o procedimento, indicam condições de um fígado normal.

"Eu estava com 90 quilos e não tinha sintomas. Fui ao médico da família e depois ao hepatologista e descobri que estava com o fígado 'tomado' de gordura, prestes a ter uma cirrose. Recebi a indicação de cirurgia bariátrica, que eu já conhecia, e realizei em 16 de janeiro de 2021. Depois da cirurgia foram seis meses fazendo exames a cada 3 ou 4 semanas e com um ano estava completamente curada do fígado", conta Regina.
Dr. José Alfredo Sadowski em cirurgia │ Foto: André Kasczeszen / Comunicore

Segundo o cirurgião bariátrico, Dr. José Alfredo Sadowski, responsável pelo tratamento da paciente, a cirurgia bariátrica vem se mostrando como mais uma importante ferramenta para o tratamento da esteatose e da esteatohepatite. Além disso, após a cirurgia, estes pacientes geralmente precisam de menos, ou nenhuma, medicação para manter outras condições, como a hipertensão e o diabetes tipo 2, sob controle.

“As indicações para a cirurgia bariátrica são muito claras e existindo comorbidades, como a esteatose hepática, o procedimento apresenta excelentes resultados no médio e longo prazo para controle e remissão dessas doenças”, explica Sadowski.

Segundo a hepatologista do Centro de Cirurgia, Gastroenterologia e Hepatologia (CIGHEP) do Hospital Nossa Senhora das Graças, Dra. Cláudia Ivantes, os benefícios para a saúde do fígado após a cirurgia bariátrica já são observados no primeiro ano do procedimento com 7% redução do peso inicial e diminuição da fibrose hepática após 10% da perda de peso.

"Observamos ainda depois de cinco anos de cirurgia bariátrica uma resolução e regressão da fibrose que é um componente de prognóstico importante da esteatohepatite não alcoólica. Pacientes com esteatohepatite não tratada podem evoluir para cirrose hepática e câncer de fígado, o hepatocarcinoma. Então a cirurgia bariátrica também traz grandes benefícios do ponto de vista da saúde do fígado”, explica a hepatologista.


Saúde do coração

O estudo também reforça o resultado de melhora da saúde cardiovascular destes pacientes. Os pacientes que foram submetidos à cirurgia apresentaram 70% menos chance de sofrer algum evento cardíaco, como insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e infarto.



Critérios de indicação da cirurgia bariátrica e metabólica

Os critérios de indicação do Ministério da Saúde e Conselho Federal de Medicina (CFM) para a cirurgia bariátrica preveem o encaminhamento quando o paciente apresenta Índice de Massa Corporal (IMC) acima de 40 kg/m², com ou sem comorbidades; acima de 35 kg/m², na presença de comorbidades como a esteatose hepática, hipertensão, diabetes tipo 2, problemas cardiovasculares, entre outras relacionadas ao excesso de peso, sem sucesso no tratamento clínico. A cirurgia metabólica, voltada para pacientes com obesidade leve e diabetes tipo 2 sem sucesso no tratamento clínico, pode ser indicada quando o paciente apresenta IMC acima de 30 kg/m².

Atlas da Obesidade alerta sobre índices da obesidade - A última edição do Atlas da Obesidade, divulgada neste mês de abril, mostrou que as metas de controle da prevalência da obesidade estabelecidas pela OMS até 2025 estão longe de serem cumpridas. Segundo os dados, a previsão é que até 2030 uma em cada cinco mulheres esteja obesa. Nos homens, é esperado que um em cada sete homens esteja com obesidade.

No Brasil, o Atlas apontou que a população obesa deve ser de aproximadamente 50 milhões até o início da próxima década, sendo 29 milhões de mulheres e 21 milhões de homens, o que representa 33% da população aproximadamente.
Segundo o cirurgião bariátrico, a sociedade precisa compreender a obesidade como uma doença sem cura, causada por vários fatores e progressiva, que precisa ser tratada de forma precoce e principalmente prevenida.

“A obesidade, além da sobrecarga do peso, traz outros problemas de saúde como a hipertensão, o diabetes, problemas cardiovasculares e pode até aumentar o risco de alguns tipos de câncer se não houver um controle adequado. Entre estes tratamentos está a cirurgia bariátrica, considerado o método mais eficaz até o momento para controle da obesidade em seus níveis mais graves”, explica o Dr. José Alfredo Sadowski.


Medicamento genérico proporciona tratamento de qualidade e economia aos brasileiros

 Medley desmitifica principais dúvidas sobre genéricos para promover informação relevante ao consumidor

 

Nesta sexta-feira (20/05) é celebrado o Dia Nacional do Medicamento Genérico, um item essencial para garantir tratamento de qualidade a milhares de brasileiros. Pensando nisso, Medley, marca referência na produção e qualidade de medicamentos genéricos, com o propósito de promover acesso a saúde integral, desenvolveu um conteúdo informativo sobre esse tipo de medicamento. 

Conheça abaixo algumas das principais dúvidas dos consumidores sobre o assunto:

 

O medicamento genérico é confiável?

Os medicamentos genéricos foram instituídos no Brasil em 19991 e sua qualidade é garantida da mesma forma que os medicamentos de referência. Os genéricos passam por testes de equivalência farmacêutica e terapêutica, de biodisponibilidade e bioequivalência, antes da concessão do registro pela Anvisa.2 A importância dos genéricos está associada à oferta de medicamentos seguros e eficazes com um preço menor, mas que muitas vezes ainda possuem certa desconfiança sobre sua qualidade.

 

Pode substituir um medicamento de marca por um genérico?

A segurança e eficácia do medicamento genérico são totalmente asseguradas. Ele contém o mesmo princípio ativo, a mesma dose e fórmula farmacêutica, tendo que ser administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência. Dessa forma, o medicamento de referência pode ser trocado por um genérico, conforme indicação médica.5

 

Precisa de receita?

Assim como ocorre com medicamentos de referência, os genéricos também precisam de prescrição médica para serem adquiridos. O médico deve prescrever com a denominação genérica³, tendo um papel importante para o sucesso da política de medicamentos genéricos no Brasil. Por isso, sempre que possível, o profissional deve receitar medicamentos pelo nome do princípio ativo.4

 

Só tem genérico no Brasil?

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os medicamentos genéricos não são vendidos apenas no Brasil. Desde que foram implantados no país, permitiu-se uma maior sintonia com normas adotadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS), países da Europa, Estados Unidos e Canadá.6 Nos Estados Unidos e em muitos países da Europa, políticas semelhantes foram adotadas há décadas. Os Estados Unidos, o Japão e a Europa representem cerca de 60% do mercado mundial de genéricos.7

 

Florencia Duarte 

Diretora de desenvolvimento industrial da fábrica da Medley 

“A empresa interessada em registrar medicamentos genéricos deve utilizar obrigatoriamente o medicamento de referência constante nas listas vigentes da autoridade sanitária.8 Os medicamentos de referência são registrados no órgão federal responsável pela vigilância sanitária. Depois, são comercializados conforme a eficácia, segurança e qualidade que foram comprovadas cientificamente junto ao órgão federal competente pelo registro. É importante que as pessoas saibam que o processo regulatório e também o de qualidade pelo qual um medicamento genérico passa é tão rigoroso quanto o de qualquer medicamento, independente da marca, por isso, é realmente seguro e confiável para o tratamento.” 

No mês do genérico, Medley reforça que o medicamento genérico é aquele que contém o mesmo princípio ativo, na mesma dose e forma farmacêutica, administrado pela mesma via e com a mesma posologia e indicação terapêutica do medicamento de referência, apresentando eficácia e segurança equivalentes à do medicamento de referência podendo, por isso, substituí-lo sem comprometer a eficácia do tratamento9. Para saber mais, é só acessar o Instagram da marca 

 

Sobre Medley, referência em genéricos

Referência na produção de medicamentos, inclusive os genéricos, a Medley tem como propósito promover o acesso à saúde integral aos brasileiros. Para a empresa, a saúde não é apenas um detalhe na vida das pessoas, mas sim uma jornada que requer dedicação. 

A Medley acredita que o cuidado com a saúde vem da dedicação diária a detalhes que fazem a diferença. Pensando nisso, busca fazer parte da jornada de saúde das pessoas promovendo conteúdos relevantes, campanhas educativas e serviços ao público, para que as pessoas se tornem protagonistas da própria saúde. 10

 

Sanofi 

  

Referências: 

1. Ministério da Saúde. Dia Nacional do Medicamento Genérico. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

2. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Livro do Cremesp - Manual dos Medicamentos Genéricos - Perguntas e Respostas. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

3. Ministério da Saúde. Medicamentos Genéricos. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

4. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo. Manual dos medicamentos genéricos. Disponível neste link. Acesso em; 2022, março ;

5. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Conceitos e Definições. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

6. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

7. Ministério da Saúde. Genéricos. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

8. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Conceitos e Definições. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

9. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Conceitos e Definições. Disponível neste link. Acesso em: 2022, março; 

10. Medley. Sobre a Medley: uma das maiores indústrias farmacêuticas do Brasil. Disponível neste link. Acesso em: 2022, janeiro.

Testosterona não é a solução para todos os casos de falta de libido.


Estar atento aos sinais do nosso corpo é importante para identificar os motivos que causam algum comportamento estranho ou inesperado. E a falta de libido pode acontecer e estar relacionada a questões físicas ou emocionais e deve ser examinada mais a fundo.

Mas o que é a libido? O nome está relacionado ao desejo sexual, e por isso, pode estar alto ou baixo em algumas pessoas, em determinadas fases da vida como explica a Dra. Sarina Occhipinti, especialista em Clínica Médica: "Os aspectos hormonais influenciam tanto quanto os aspectos psicológicos. Essas alterações na área do desejo para homens têm muita relação com testosterona, mas também tem relação com ansiedade e estresse que podem influenciar demasiadamente na falta do desejo sexual. Já em mulheres a maior parte das queixas está relacionada a predominância estrogênica, isto é, uma fase do climatério onde o estrogênio está desproporcional em relação a progesterona e isso pode ocorrer a partir dos 35 anos. O uso da testosterona em mulheres é indicado numa patologia denominada Desejo Sexual Hipoativo e o diagnóstico é feito pelas queixas e não pelo valor de testosterona no sangue. Os estudos demonstram que a testosterona nesses casos tem efeito moderado. Outra causa comum de queda de libido em mulheres é a menopausa, e para isso o mais indicado é a reposição hormonal” explica.

A falta de libido começa a ser um problema quando afeta a qualidade de vida e o bem-estar do casal, gerando dificuldades no relacionamento “A falta de libido é um problema que pode ser a causa de uma relação amorosa problemática mas também pode ser consequência dela. O importante é identificar as origens bioquímicas, anatômicas ou psicológicas e tratá-las”.


Possíveis causas da falta de libido


Fatores psicológicos: estresse, depressão, ansiedade, traumas e fadiga são alguns dos motivos que provocam a falta de libido.

Alterações anatômicas na região urogenital consequente à doenças ou má-formações.

Medicamentos: o uso contínuo de remédios que diminuem os níveis de testosterona no sangue (como aqueles para exemplo medicamentos para depressão, ansiedade, tratamento hormonal para câncer de mama, tratamento de câncer de próstata) também podem reduzir a libido.

Alterações hormonais: Baixo nível de testosterona estradiol podem influenciar em homens e mulheres, mas seus resultados são impactantes nas queixas masculinas. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a testosterona em mulheres tem efeitos limitados e a maior parte das vezes os problemas hormonais são outros, como climatério e menopausa.

Segundo um levantamento realizado pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo por meio do Cresex (Centro de Referência e Especialização em Sexologia) do hospital estadual Pérola Byington, falta ou diminuição do desejo sexual afeta 48,5% das mulheres que procuram auxílio médico por conta de disfunções sexuais.

Outro levantamento feito pelo Hospital das Clínicas (HC) da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), mostrou que a falta de libido representa o maior número de queixas registradas no Ambulatório de Sexualidade da Ginecologia, somando 65% das reclamações.

A pesquisa do Cresex foi realizada com 455 pacientes do Ambulatório de Sexologia. O HC levou em conta o público que gira em torno de 150 a 200 pacientes por mês. Os dois estudos mostraram que a falta de desejo sexual é uma queixa predominante entre as mulheres nos consultórios médicos.

Mesmo as mulheres sendo a maioria nas queixas pela falta de libido, de acordo com a Dra. Sarina Occhipinti, os homens também se queixam, no ápice da relação sexual, ou seja, na hora do orgasmo “A falta de orgasmo em mulheres é um problema muito mais comum do que se pensa, alguns estudos apontam que mais de 80% das mulheres queixam de anorgasmia e a causa está muito relacionada à falta de conhecimento do próprio corpo. Existe uma ideia de que a área da vagina seria a região mais sensível e responsivo ao orgasmo mas não é. Essa região é pouco inervada para permitir a passagem do feto quando do processo do nascimento. A área feminina que corresponde ao penis no homem é o clítoris então é a que deve ser friccionada para que a mulher chegue ao clímax da relação sexual”.


Como tratar e aumentar a libido

Para aumentar a libido é importante primeiramente consultar um médico para que seja possível identificar a causa e, assim, iniciar o tratamento mais adequado, como explica a Dra. Sarina Occhipinti: “Nos casos em que a falta de libido é devido ao uso de algum medicamento, o médico pode alterar a dosagem, efetuar a troca do medicamento, ou até mesmo a suspensão do remédio. Quando está relacionado com alterações hormonais, pode ser recomendada a realização da correção dos hormônios apropriados”.

Mas se a falta de libido estiver relacionada a questões emocionais, é importante procurar um médico ou psicólogo que seja capacitado em tratar ansiedade e estresse que são as causas mais comuns. Para casos específicos na esfera sexual, a melhor solução é buscar um tratamento com profissional especializado.


Einstein testa técnica que aumenta número e qualidade de transplantes de fígado

Método permite preservação e recuperação extracorpórea do órgão aumentando a taxa de aproveitamento das doações

 

O Brasil é o segundo país em número absoluto de transplantes hepáticos realizados no mundo. Apesar disso, pode levar até quatro anos para uma pessoa receber um órgão.

Muitas vezes os fígados são subaproveitados devido a características intrínsecas dos doadores (como idade, obesidade e doenças prévias) e outros fatores como lesões vasculares, acúmulo de gordura interna, anormalidades anatômicas e lesões causadas durante a extração para doação, por exemplo. Somente em 2019, dos 3.768 doadores falecidos, apenas 2.245 fígados estavam em boas condições para a efetivação dos transplantes, uma diferença de 40%.

Atento a esse desafio, o Einstein busca uma maneira de maximizar o aproveitamento dos órgãos para transplante. Pesquisadores da organização começaram, neste ano, a estudar uma nova abordagem para realizar a perfusão extracorpórea de fígado em um protocolo de pesquisa que envolverá 12 pacientes. O hospital é o primeiro no Brasil a avaliar o método.

A técnica, chamada HOPE – sigla para hypothermic oxygenated machine perfusion (máquina de perfusão hipotérmica oxigenada), foi introduzida no transplante de fígado para mitigar a lesão de isquemia-reperfusão, dano que se intensifica durante o restabelecimento do fluxo de sangue no novo corpo ao qual foi ‘conectado’. Este tratamento após a retirada do órgão do doador e antes do transplante contribui para o sucesso do procedimento e pode reduzir o risco de rejeição.

O HOPE é um método que auxilia na recuperação do órgão antes mesmo do transplante e na investigação de sua funcionalidade e viabilidade ao fazer uma análise detalhada do fígado com exames bioquímicos, como o de consumo de oxigênio e lesão celular, que ajuda a avaliar a funcionalidade do órgão. Essas informações e suas implicações também são analisadas no âmbito da pesquisa.

“Infelizmente, o paciente pode não sobreviver até o aparecimento de um órgão que esteja em boas condições, devido à gravidade do seu caso. Sendo assim, aumentar com segurança a taxa de utilização de órgãos é fundamental para salvar mais vidas”, explica o Dr. Yuri Longatto Boteon, cirurgião de transplante hepático e pesquisador do Einstein, responsável pelo estudo.

O primeiro paciente beneficiado com a técnica HOPE no Einstein foi um homem de 22 anos e em estado crítico, com alto risco de mortalidade. Como nesse caso, pessoas mais debilitadas demandam órgãos de melhor qualidade, a dificuldade de encontrar um que esteja em boas condições pode atrasar todo o processo. “O transplante para esse paciente jovem foi realizado de forma bem-sucedida após o tratamento com o HOPE de um órgão de doador de critério estendido dentro do protocolo de pesquisa. O paciente se recupera bem”, ressalta o cirurgião.

Doadores de critérios estendidos (limítrofes) são aqueles com perfil de risco, como idosos ou pessoas com alguma doença prévia, o que faz com que as chances de descarte dos órgãos doados aumentem para prevenir um possível mal funcionamento do órgão no transplantado. Atualmente, 60% a 70% dos fígados para transplante são de doadores com essas características.

O projeto nasceu de uma colaboração com uma empresa americana, a Bridge to Life, com uso do equipamento VitaSmart™, que é fabricado na Itália. Em países como Suíça e Holanda, por exemplo, a máquina de perfusão já faz parte da rotina na prática.

 

Fígados não transplantados

No ano de 2019 foram realizados 23.957 transplantes no país, dos quais 2.245 foram hepáticos. Entre 2009 e 2019, houve um aumento no número de transplantes de fígado (de 1.603 para 2.245), assim como de doadores falecidos (2.406, em 2012, para 3.768) e de equipes especializadas na realização do procedimento (59, em 2009, para 74, em 2019). Apesar desses números positivos, há uma constante disparidade entre o número de transplantes de fígado realizados e o necessário – que, no ano de 2019, era de 2.967.

Os dados estão descritos em artigo publicado em 2021 na revista científica einstein (São Paulo) e intitulado “Descarte de fígados de doadores no Brasil: como otimizar sua taxa de utilização em transplantes?”¹,

Fígados não transplantados são frequentemente de doadores com idade avançada, com obesidade, portadores de hepatites virais (vírus B e C) e com maior número de comorbidades. Os órgãos de doadores não ideais ou de critérios estendidos apresentam risco aumentado de complicações pós-operatórias e mesmo de não função primária do enxerto. Logo, a expansão dessa população de doadores de critérios estendidos compromete as taxas de utilização desses órgãos.

Apesar da otimização dos cuidados de terapia intensiva com os doadores abrandar um agravamento da lesão aos órgãos, não é possível a reversão de características demográficas desfavoráveis dessa população (por exemplo: obesidade e senilidade). Assim, a implementação da máquina de perfusão para permitir a criação de estratégias de avaliação da capacidade metabólica desses fígados antes do transplante, bem como potencialmente de seu recondicionamento, tem ganhado crescente atenção da comunidade transplantadora.

¹Drezza JP, Boteon AP, Calil IL, Sant Anna RS, Viveiros MM, Rezende MB, et al. Descarte de fígados de doadores no Brasil: como otimizar sua taxa de utilização em transplantes? einstein (São Paulo). 2021;19:eAO6770. https://journal.einstein.br/wp-content/uploads/articles_xml/2317-6385-eins-19-eAO6770/2317-6385-eins-19-eAO6770-pt.pdf?x56956


Como evitar o agravo de alergias respiratórias e de pele no inverno

  Com a chegada do frio, é comum as pessoas alérgicas sofrerem com a piora das suas condições, tanto respiratórias quanto de pele.

 

O inverno é o tipo de estação "ame ou odeie". A queda das temperaturas é o amor de uns, mas o terror de outros, principalmente pelo aumento dos sintomas daqueles que lidam com alergias respiratórias e de pele.  

"As alergias respiratórias (como rinossinusites e asma) pioram nesse período porque é um momento de baixa umidade do ar, de alterações bruscas de temperatura e do aumento da poluição atmosférica", explica a Dra. Brianna Nicolette, alergista e imunologista pela USP.  

Essas condições climáticas, por si só, são mais irritantes para a pele e a mucosa de qualquer pessoa. No entanto, para os alérgicos esse efeito irritativo costuma ser pior, já que aumenta a exposição às proteínas alergênicas.  

Some-se a isso a vestimenta: no inverno, as pessoas costumam usar roupas de lã e cobertores - ou seja, tecidos que acumulam ácaros -, e que, muitas vezes, estavam a vários meses no armário. Também é habitual nessa época do ano ficarmos em ambientes fechados e com pouca ventilação, o que favorece o desencadeamento de doenças respiratórias e alérgicas.  

"As alergias de pele, como a dermatite atópica e a urticária, também têm impacto nos dias mais frios", explica a Dra. Brianna. "Nesse caso, os fatores mais prejudiciais nessa época do ano são a baixa umidade relativa do ar e o aumento na temperatura dos banhos, fatores que ressecam ainda mais a pele dos pacientes." 

Pacientes que já convivem com alergias de pele apresentam uma deficiência na barreira cutânea, que tem como função manter a água do organismo - isso significa que essas pessoas perdem mais água do que o normal.  

"Por isso, o banho quente, para essas pessoas, é altamente prejudicial, pois a água em altas temperaturas remove o óleo natural da pele, deixando-a mais ressecada e sem proteção", explica.

 

Dicas para evitar o agravamento de alergias 

Com tudo isso em mente, o que fazer para evitar a piora das alergias? A Dra. Brianna elencou algumas dicas essenciais e que podem fazer toda diferença nessa época do ano:  

  • Sempre que possível, abra janelas e portas para arejar o ambiente
  • Lave as roupas de inverno antes de usá-las
  • Não esqueça de tomar água para manter a hidratação do corpo (e da pele!)
  • Evite banhos muito quentes e muito longos
  • Use cremes hidratantes adequados para fortalecer a proteção cutânea
  • Evite que pets entrem nos quartos e durmam nas camas das pessoas alérgicas (já que o acúmulo de pelos pode aumentar alergias)
  • Sempre que possível, tome um pouco de sol para estimular a produção de vitamina D

 

Dra. Brianna Nicoletti - Médica graduada pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (2003); Residência médica em Medicina Interna pela Universidade Estadual de Campinas (2006); Residência médica em Alergia e Imunologia Clínica pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2009); Associada à Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia; Médica Especialista em Alergia e Imunologia do Corpo Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein (desde 2013); Integrante da equipe de Qualidade da UnitedHealth Group (desde 2011).


Você sabia que o frio interfere no sistema cardiovascular?

Por conta do processo de vasoconstrição periférica, inerentes a baixas temperaturas, no inverno, aumenta a incidência de infarto, AVC e morte súbita

 

Em dias de frio, para ajustar a perda de calor, o organismo coloca em ação um mecanismo para manter a temperatura do corpo constante. Esse processo é denominado de vasoconstricção periférica.

“Sabiamente, o corpo humano diminui o calibre (a grossura) das artérias nas mãos, pés, orelhas, nariz, para diminuir a perda de calor. Isso ocorre para privilegiar e manter a temperatura adequada do coração, cérebro e outros órgãos nobres”, explica Dr. Caio Henrique, cardiologista e arritmologista pela Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas.

Como consequência da diminuição do calibre das artérias e veias, a pressão arterial aumenta, ou seja, ocorre o mesmo quando você aperta a ponta de uma mangueira e a água sai com mais pressão ao permitir que ela volte a fluir pela mangueira.

“Por essa razão, digamos, mecânica ou física, a pressão arterial tende a subir no frio e, por conta disso, no inverno, existe um aumento da incidência de angina (dor no peito causada pela diminuição do fluxo de sangue no coração), infarto e AVC”, alerta o cardiologista.


Dicas para seguir à risca e manter a pressão arterial normal em dias frios:

- Agasalhe-se bem. Evite exposição ao frio extremo, se possível;

- Mantenha alimentação saudável (evite os excessos típicos do frio e a ingestão de produtos industrializados);

- Mantenha seu peso adequado (não ganhe aqueles quilos a mais nesse período);

- Realize exercícios físicos regularmente, se possível, em ambientes com temperaturas mais controladas;

- Não fume;

- Caso tome remédios, mantenha o uso regular. 

“O desempenho cardíaco fica comprometido com as baixas temperaturas e, por isso, quem sofre maior risco são aqueles que já são doentes, com pressão alta, diabetes e, assim, devem medir sua pressão e se medicar corretamente”, insiste Dr. Caio.

O médico traz dados como o da American Heart Association (AHA), que indicam aumento de arritmias cardíacas e morte súbita, infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC), que sobem em até 25% em períodos de queda de temperatura.

“Na capital inglesa, estudiosos do London School of Hygiene and Tropical Medicine confirmam que a queda repentina dos termômetros leva a uma relação em que para cada grau a menos, em um único dia, ocorrem 200 casos de infarto a mais. E, aqui em São Paulo, uma análise da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, com base em dados do Cadastro Nacional de Saúde, do Sistema Único de Saúde (SUS), de junho a agosto, indicou que sobem em 30% o número de internações em São Paulo causadas por infarto e arritmia, se comparada com os três meses de verão na capital paulista”, finaliza.
 

Saúde de crianças pede atenção com chegada do frio

Equilibrar benefícios da socialização com cuidados preventivos é desafio de escolas e famílias

 

Após um período longo em casa, com pouco ou nenhum contato social, as crianças retornam às aulas e ao contato com amigos e familiares. A socialização, no entanto, traz benefícios e também pede que cuidados sejam tomados. 

A coordenadora do Ensino Infantil do Colégio Marista Paranaense, Sibele Maria Dal Col Guimarães explica que o contato com outras crianças é essencial para o desenvolvimento infantil. “Tanto o aprendizado como o desenvolvimento social, cognitivo e psicológico tem a ganhar com a volta ao presencial. Por meio de debates, brincadeiras e conversas é que as crianças descobrem o mundo”, explica. 

Mas com a interação, voltam também algumas doenças que quase não foram vistas durante a pandemia, como resfriados, gripes e outras doenças virais e bacterianas típicas. Isso se deve a uma maior tendência na concentração de pessoas em ambientes fechados, ar seco e frio, de acordo com a Médica de Família e coordenadora do CEPI (Centro de Ensino Pesquisa e Inovação) do Hospital Marcelino Champagnat, Maíra de Mayo Loesch. “Com alguns cuidados básicos é possível auxiliar na manutenção da saúde de crianças e também adultos", orienta.

 

Prevenção ainda é o melhor remédio

É importante manter os ambientes bem arejados e com boa circulação de ar para evitar a transmissão de vírus. Seja em casa ou na escola, manter alguns hábitos adotados na pandemia ainda são a melhor saída. Sibele explica que o uso adequado de agasalhos, manter ambientes com pouca concentração de crianças e preferir áreas abertas quando possível são formas de ter ganhas educativos sem afetar a saúde, 

Em primeiro lugar, manter a vacinação da criança em dia e ter uma boa alimentação e hidratação são essenciais, de acordo com Maíra, pois: “a hidratação ajuda a manter as vias aéreas mais úmidas e protegidas do ar seco e frio”. Alimentos ricos em vitaminas como frutas, legumes e verduras, além da proteína encontrada em carnes, ovos e leite nutrem nosso organismo e auxiliam o sistema imune. Manter os cuidados de saúde e higiene como lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool em gel.

Caso a gripe ou resfriado se instale, é recomendado fazer higiene nasal com soro fisiológico e evitando que a secreção se acumule. Nessa fase é comum que as crianças percam o apetite, então é importante oferecer comidas saudáveis ao longo do dia. A médica ressalta também que os pais devem ficar atentos para sintomas de febre alta que não alivia com antitérmicos, associada a dificuldade para respirar, prostração (quando a criança fica caidinha) ou manchas na pele. “Não medique seu filho por conta própria, fale com seu médico de confiança”, conclui.

 

Colégios Maristas

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Como fica a saúde bucal em situações extremas, como no reality show 'No Limite'?

Um bochecho com água até pode eliminar restos de alimentos, mas não elimina a comunidade microbiana que vive em nossas bocas.


Imagine estar em condições extremas e não poder escovar os dentes. Qual seria o maior desespero: a sensação de estar com os dentes “sujos”, ter de aguentar o próprio mau hálito ou estar vulnerável a possíveis doenças da boca e dos dentes?

É exatamente por isso que estão passando os participantes do reality global ‘No Limite’, que além de provas que desafiam o corpo e a mente também têm de lidar com a falta de escova, pasta de dente, fio dental e itens de higiene pessoal, produtos que só são adquiridos conforme as boas performances nas provas, e apenas pelo grupo ganhador, que recebe o tão esperado kit de higiene.

Mas, e quanto aos perdedores, tem algum jeito de eles fazerem a higiene bucal? “Não”, responde categoricamente o Dr. Ricardo Jahn, professor de Periodontia da Universidade Santo Amaro. Segundo ele, um bochecho com água até pode eliminar restos de alimentos, porém, não desorganiza e nem elimina a comunidade microbiana que vive em nossas bocas.

“Não existe uma forma alternativa de higiene. Claro que a sabedoria popular fala em escovar com gravetos, raízes, folhas de plantas ou ainda usar algum pedaço de tecido. Porém, estas alternativas não serão realmente eficientes”.

Até mesmo aquela “escovada com o dedo”, que muitas pessoas provavelmente devem ter feito em algum momento da vida por ter esquecido a escova de dentes, também não é aconselhável. “Não funciona. É puro mito”. A melhor opção é comprar uma escova e fazer a higiene correta assim que possível, destaca o cirurgião-dentista.

“Não imagine que limpar os dentes com os dedos será realmente efetivo. Isso é um mito. Não conseguiremos alcançar o espaço entre os dentes como fazemos com o fio dental e nem limpar a superfície dos dentes próximas à gengiva. Se você não consegue adquirir uma escova no exato momento, aguarde a próxima oportunidade, o mais breve possível, de acesso a uma escova e então realize a higiene oral adequadamente”.

Ele adverte que ficar sem escovar os dentes por mais de duas semanas pode deixar a saúde bucal frágil. “Um dos artigos científicos mais importantes na história da Odontologia foi escrito em 1965 (tem mais de 50 anos, portanto) por Löe, Theilade e Jensen e é conhecido como gengivite experimental em humanos. Nele, os autores suspenderam o uso da higiene oral em um grupo de 12 estudantes de Odontologia saudáveis. Todos eles desenvolveram gengivite (inflamação na gengiva) no intervalo entre 10 e 21 dias. Desde então, muitos outros estudos confirmaram esses resultados, que são consenso na Odontologia. Quem não realiza higiene oral tem alto risco de desenvolver doença inflamatória e também cárie dentária”.

Nem mesmo alimentos popularmente considerados “autolimpantes” têm alguma evidência científica de higiene bucal, ou seja, a boa escova de dentes e o creme dental são as únicas soluções.

Portanto, Ricardo Jahn reforça que a higiene bucal é imprescindível para a prevenção das doenças dentais e periodontais que, por sua vez, estão relacionadas a outras doenças sistêmicas dos indivíduos. Ele aconselha: “Se você estiver em uma situação em que não tem acesso a métodos de higiene oral, procure ter acesso o mais breve possível”.

 

Conselho Regional de Odontologia de São Paulo - CROSP

 www.crosp.org.br


Adeus, óculos: cirurgia de catarata pode eliminar o grau e prevenir o surgimento da doença

Tecnicamente igual à cirurgia de catarata, a chamada “troca do cristalino com finalidade refrativa” é feita quando o paciente ainda não desenvolveu a doença, e visa eliminar o uso dos óculos por meio do implante de lentes intraoculares

 

O cristalino é uma das lentes naturais dos olhos que, juntamente com a córnea, forma o sistema de focalização das imagens. O envelhecimento natural diminui a sua elasticidade e transparência, de forma que a perda progressiva do primeiro fator dificulta a focalização à curta distância, usada para ler e realizar tarefas manuais. Esta dificuldade é chamada de presbiopia e tem seu aparecimento, influenciada por fatores genéticos e ambientais, ao redor dos 45 anos, fase na qual poderá acontecer uma perda progressiva da transparência e a formação da catarata. De tratamento exclusivamente cirúrgico, ela exige a substituição do cristalino opacificado por uma lente intraocular. O procedimento, contudo, pode ser realizado antes mesmo do aparecimento da catarata, com o objetivo de tratar a presbiopia, reduzindo ou eliminando a necessidade do uso de óculos. Estamos falando da troca refrativa do cristalino, como prefere chamá-la o Dr. Marcello Fonseca. 

Para aqueles que não desejam usar óculos, as diversas modalidades de cirurgias refrativas são excelentes soluções para deixar o acessório de lado. As mais conhecidas são aquelas que utilizam o laser para corrigir a miopia, o astigmatismo e a hipermetropia. Contudo, quando o assunto é a presbiopia, o laser não é suficiente para restaurar a visão em todas as distâncias. Resta, então, a intervenção no cristalino com a sua substituição por lentes intra-oculares. 

Segundo o Dr. Marcello da Fonseca, apesar de utilizar a mesma técnica da cirurgia de catarata, o procedimento de troca refrativa do cristalino possui mais um objetivo. “A cirurgia de catarata moderna, com implante de lentes intraoculares, existe desde os anos 60, mas foi neste século que a técnica e a qualidade dos implantes a tornaram tão eficiente e precisa a ponto de mudar de categoria. O que antes se fazia apenas para restaurar a transparência perdida com o aparecimento da catarata assumiu um papel de correção precisa da refração, possibilitando uma visão focalizada em todas as distâncias”, explica o Diretor do Instituto da Visão de Curitiba (iVisão). 

No início dos anos 90, a chegada das lentes dobráveis e, logo depois, das lentes multifocais, fez com que a indicação da cirurgia de catarata acontecesse de maneira cada vez mais precoce. “No início dos implantes de lentes multifocais, operávamos apenas os pacientes com catarata. Mas, quando um paciente de 70 anos ou mais operava a catarata e acabava por se livrar dos óculos, era acompanhado meses depois por um filho que, também, gostaria de se livrar dos óculos”, relata o médico. 

Como toda inovação, essa expansão de possibilidades para uma cirurgia que até então tinha um único objetivo dividiu opiniões na área médica, com alguns oftalmologistas mais conservadores mantendo a indicação apenas nos casos de catarata. O Conselho Federal de Medicina (CFM), depois de longo debate, reconheceu a eficácia e a segurança da cirurgia em um parecer publicado em fevereiro deste ano, no qual orienta a sua inclusão na prática médica como procedimento seguro quando observadas as suas corretas indicações.

 

CIRURGIA ESTÉTICA DA VISÃO?

Uma vez que a cirurgia tem por finalidade a correção de grau, assume um compromisso com o resultado, aproximando-a de alguns procedimentos estéticos. Para o Dr. Marcello, contudo, a semelhança para por aí. 

“Quando realizamos a cirurgia de catarata, buscamos tratar uma doença, visando corrigir uma deficiência visual que prejudica a saúde ocular do paciente. Não raramente, depois da cirurgia, o auxílio de óculos para uma visão perfeita em todas as distâncias é necessário. Na troca refrativa do cristalino, a ideia é reduzir ao máximo essa necessidade e, de preferência, eliminá-la.”, esclarece. 

Para alcançar este objetivo, tudo tem que estar perfeito. Saúde ocular em perfeito estado, com córnea e retina normais, exames pré-operatórios realizados com muita atenção e uma detalhada explicação sobre as vantagens e desvantagens do procedimento. Nenhuma prótese substitui perfeitamente todas as características do órgão original e é fundamental manter as expectativas realistas. Por conta disso, o procedimento possui um grupo específico para o qual é destinado. São eles pacientes saudáveis acima dos 50 anos que tenham presbiopia (“vista cansada”), com a presença ou não de miopia, hipermetropia e astigmatismo. 

O procedimento é rápido e com anestesia tópica - colírios anestésicos. Normalmente se faz um olho de cada vez, com intervalo de 1 semana. A recuperação visual varia de acordo com cada caso, mas, em geral, alguns dias após o segundo olho operado a visão já está recuperada. Uma vez que as maiores alterações refracionais (do grau) acontecem no cristalino e a catarata não mais será um problema, o resultado obtido deve perdurar a vida toda. Isto, contudo, não elimina as chances de que outros problemas nos olhos venham a dificultar a visão e, portanto, o acompanhamento frequente faz-se necessário. 

Como toda cirurgia, esta também possui riscos. Sendo um procedimento intra-ocular, as consequências de uma infecção, por exemplo, podem ser muito graves. Por outro lado, a realização dos procedimentos em hospitais especializados, como o iVisão, bem como a evolução das técnicas cirúrgicas, tornaram o risco de infecção um acontecimento raro. Um recente estudo conduzido pelo Instituto Tadeu Cvintal de São Paulo e publicado na Revista Brasileira de Oftalmologia, mostrou 35 casos de infecção em mais de 27 mil cirurgias. Nesta amostra a incidência média entre os anos foi de 0,13%. 

“O reconhecimento da segurança deste procedimento para pacientes presbitas e sem catarata era algo aguardado por muitos oftalmologistas brasileiros, pois já é aceito em muitos países há muitos anos. Nenhum procedimento médico tem o respaldo de 100% da comunidade científica, mas acredito que vamos operar cada vez menos cataratas e cada vez mais presbiopias. A ideia de que o homem vai se fundir com tecnologias complementares já está acontecendo.”, finaliza o oftalmologista.


5 a cada 10 usuários da saúde suplementar estão satisfeitos com os serviços, aponta pesquisa inédita da Anahp

Estudo da associação revela que a grande maioria compromete até 33% da renda para pagar pela assistência
 

Uma pesquisa inédita da Associação Nacional de Hospitais Privados -- Anahp, em parceria com o PoderData, revela que 5 em cada 10 usuários dos serviços de saúde suplementar estão satisfeitos com o sistema. No recorte de usuários exclusivos do Sistema Único de Saúde (SUS), 45% aprovam a assistência. A avaliação “regular” é feita por 45% do público geral pesquisado, que reúne usuários dos serviços público e privado.

O levantamento faz parte da campanha da associação “2022: o ano de ouvir a saúde”, que visa pautar o setor público e privado. Ao todo, foram entrevistados mais de 3 mil brasileiros em 388 municípios que demonstraram suas percepções sobre os serviços oferecidos no país.

Antônio Britto, diretor-executivo da Anahp, acredita que durante o enfrentamento da pandemia de Covid-19, cresceu a preocupação das pessoas com a qualidade dos serviços de saúde. “O brasileiro agora tem mais propriedade e conhecimento sobre os sistemas, partes boas e ruins. Ele se sente mais participante das discussões sobre o tema”, afirma.

Os achados da pesquisa indicam ainda que o nível de instrução da população está diretamente ligado à percepção dos brasileiros sobre os sistemas. Quanto mais alta a escolaridade, maior a insatisfação, que chega a 50% entre os que têm ensino superior.



A saúde no Brasil em 2023

Para colocar o tema no centro das discussões que antecedem o calendário eleitoral, a Anahp reuniu lideranças políticas na saúde para debater as ações que podem otimizar os serviços de assistência.

Para Humberto Costa, senador e atual presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, a pesquisa é um roteiro para quem está pensando a política de saúde daqui para frente. “Apesar do estudo apontar investimento em desenvolvimento tecnológico como prioridade, é preciso colocar o tema recursos humanos em evidência. Nós precisamos ter médicos que atendam no SUS com qualidade. Essa questão é fundamental. Por exemplo, regulamentar a telemedicina pode ser fantástico para capacidade de resolução na atenção básica, na própria área de especialidades, e fazer uso disso com a preocupação profissional, de recursos humanos, é essencial.”

Trabalhar a meritocracia na saúde pode ser um caminho. É o que sugere Osmar Terra, deputado federal pelo PMDB-RS. “Deveríamos ter um prêmio pela diminuição de pessoas acometidas por doenças e não pelo tratamento. Os profissionais que trabalham na ponta devem ter mapeado de maneira adequada desde a promoção da saúde até o atendimento ultrassofisticado. Quanto melhores forem os indicadores na área geográfica que o médico atua, mais ele deve ganhar. Isso faz com que o profissional esteja mais presente. Afinal, médico sem dedicação exclusiva não tem tempo para atender com qualidade”, considera. Essa harmonia entre prevenção, promoção e atendimento médico hospitalar tem que existir no sistema, de acordo com Terra.

A falta de cuidado com prevenção é preocupante e envolve mudança de hábito de vida, o que é muito difícil, segundo Denizar Vianna, professor titular da Faculdade de Medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e ex-secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde. “Temos muitos desafios, esse é só um. Entender como fazer a integração dos setores público e privado e onde faz sentido que isso aconteça, é outro ponto relevante. Assim como telemedicina sem regulação gera mais gasto sem necessariamente entregar mais resultados. É um instrumental muito importante para dar acesso a mais de 5 mil municípios, mas precisamos do cuidado presencial também. Temos, ainda, que olhar para P&D com uma visão interministerial. Esses são os pontos principais para articular numa proposta.”

Para Leandro Piquet, professor e coordenador do Programa Partido Novo, na área da saúde é fundamental pensar a ideia de parcerias público privadas (PPPs) e a reforma do sistema previdenciário. “Passar para papel de prestador de serviço e não apenas de assistencialista para que não gere esse tipo de relação quase parasitária que existe também é uma preocupação. E, ainda, precisamos pensar de uma forma inovadora a importância fundamental nos gastos de saúde no setor privado, pensar a efetividade dos gastos e olhar o resultado final dos atendimentos”, completa.

Líderes das principais entidades do setor como Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Conselho Nacional de Saúde (CNSaúde), Interfarma, Associação Brasileira da Indústria de Tecnologia para Saúde (Abimed), SindHosp, Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (ABIMO), Sindusfarma, Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) foram responsáveis por compor o debate.

 

Gastos com saúde suplementar

Sete a cada 10 brasileiros (73%) usuários da saúde suplementar gastam até 33% da renda mensal para pagar pela assistência. Na perspectiva da Anahp, esse índice não é sustentável, mas a diminuição dos custos com essa despesa e ampliação dos serviços de saúde suplementar, estão diretamente ligadas à geração de emprego e renda. Isso porque a associação estima que cerca de 70% dos planos de saúde contratados no Brasil são feitos de forma corporativa. "Se a economia, o volume de empregos, a renda e salários não crescerem, de onde as pessoas e as empresas vão tirar dinheiro para aumentar o número de beneficiários?", questiona o diretor-executivo.

O estudo acende um alerta com relação às atividades de prevenção. A saúde suplementar no Brasil deixa a desejar no quesito ao constatar que apenas 15% dos usuários participam das iniciativas preventivas oferecidas visando o cuidado e a promoção à qualidade de vida. Segundo Antônio Britto, esse é um dos dados mais preocupantes da pesquisa. O executivo prevê que “se não começarmos rapidamente a dar mais importância para prevenção, a corrida para oferecer saúde de qualidade será perdida, porque o número de doenças crônicas está aumentando assim como a expectativa de vida.”

Novo governo
Quando questionados sobre o que desejam que seja a principal prioridade do próximo governo na área da saúde, em primeiro lugar, os brasileiros esperam mais tecnologia e inovação, seguido de maior disponibilidade de medicamentos gratuitos fornecidos pelo SUS.

Na visão de Britto, é preciso definir uma política de inovação, consistente, coerente e continuada para o setor. “O potencial dos nossos cientistas, reconhecido mundialmente e a capacidade produtiva de instituições como a FioCruz e o Butantan não são acompanhadas de políticas públicas e interesse privado que ampliem o nível de inovação. Por consequência, nós dependemos dos chamados grandes insumos para produção de vacinas, medicamentos e equipamentos. Isso ficou evidente durante a pandemia quando passamos a ter carência de insumos básicos para serviços assistenciais”, avalia o executivo.


Metodologia

Os dados da pesquisa “O que pensam os brasileiros sobre a saúde no Brasil?” foram coletados entre os dias 1 e 8 de abril de 2022, por meio de ligações telefônicas, adotando seleção aleatória do discador e IVR (Interactive Voice Response). Foram entrevistadas 3.056 pessoas acima de 16 anos em 388 municípios nas 27 unidades da Federação, sendo que 83% são usuários do SUS e 17% da saúde suplementar, mesmos percentuais do universo pesquisado. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o intervalo de confiança é de 95%. Foi aplicada ponderação paramétrica para compensar desproporcionalidades nas variáveis de sexo, idade, grau de instrução, região e renda. Alguns resultados da pesquisa foram arredondados. Devido a esse processo, é possível que o somatório de algum dos resultados para algumas questões seja diferente de 100. Acesse o estudo na íntegra.


DIU: mitos e verdades sobre o método contraceptivo

Ginecologista da Criogênesis responde as dúvidas mais frequentes sobre o tema e ressalta a eficácia do dispositivo
 

O dispositivo intrauterino, popularmente conhecido como DIU, ao contrário do que muitos pensam, é apenas mais um método contraceptivo seguro, eficiente e reversível. Ele pode ser encontrado na rede pública de saúde e, mesmo no sistema privado, possui um ótimo custo-benefício. Contudo, dados do Ministério da Saúde, revelam que apenas 1,9% das mulheres em período fértil usam o DIU no Brasil. A justificativa para a baixa adesão está associada à falta de informações e o enorme número de dúvidas que existem sobre o método.

Pensando nisso, Renato de Oliveira, Ginecologista e Obstetra da Criogênesis, traz abaixo os principais mitos e verdades sobre o assunto e esclarece dúvidas frequentes que permeiam o uso do dispositivo intrauterino. Confira:
 

O aparelho pode prejudicar a fertilidade

Mito. "Desde que a mulher continue com o acompanhamento ginecológico regular e apropriado, a gravidez poderá ocorrer normalmente. O dispositivo só impossibilita a gravidez enquanto está sendo utilizado e, ao removê-lo, a paciente poderá engravidar naturalmente já no ciclo menstrual seguinte”, informa.
 

DIU engorda

Mito. O especialista explica que o DIU não provoca o ganho de peso e nem causa qualquer alteração do apetite, pois não utiliza hormônios para funcionar. “Apenas o DIU com hormônios, têm certo risco de causar esse tipo de alteração corporal. Porém, cada caso deve ser avaliado individualmente. Hoje em dia existem diversos exames capazes de fazer um mapeamento eficiente, nesse sentido”, afirma.
 

Não é indicado para todos os casos

Verdade. “Como todas as formas contraceptivas, o dispositivo também tem algumas restrições. Mulheres que possuem alguma malformação no útero, útero muito pequeno ou infecções uterinas recentes não devem fazer uso do aparelho. Ele também não é indicado para mulheres que ainda não começaram a vida sexual”, esclarece.
 

É 100% seguro

Mito. Renato comenta que, assim como os outros métodos anticoncepcionais, o DIU não descarta 100% a probabilidade de gravidez. Apesar do índice altíssimo de eficácia, que varia entre 99,5% para os de cobre e 99,8% para os hormonais, é indispensável ter consciência de que é possível engravidar mesmo fazendo uso do aparelho, já que a taxa de falha do dispositivo varia de 0,2 a 0,8%.
 

É normal sentir incômodos ou dor após a colocação

Verdade. “No primeiro mês, o DIU pode causar alguns desconfortos por ainda não estar totalmente acomodado dentro do corpo. Contudo, em caso de dores muito fortes ou se esses sinais não passarem após o período, é necessário voltar ao médico para examinar se a implantação do dispositivo foi realizada de forma correta”, finaliza.
 

Criogênesis


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