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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Obesidade atinge um em cada três brasileiros em 2025

Último Atlas Mundial da Obesidade aponta que 68% da população possui excesso de peso e 31% desses tem obesidade

 

A obesidade caminha para ser um problema de saúde pública no país. De acordo com o último Atlas Mundial da Obesidade, até o final de 2025, mais da metade da população (68%) terá excesso de peso e 31% destes serão obesos, ou seja, um em cada três brasileiros.

A pesquisa mostra, ainda, que a obesidade é uma das principais responsáveis por doenças como diabetes, cânceres, doenças cardiovasculares, cardíacas e respiratórias crônicas. Um estudo desenvolvido pelo Programa de Alimentação, Nutrição e Cultura (Palin), da Fiocruz Brasília, indica que, a cada quatro pessoas, três sofrerão com esses problemas de saúde em 2025. 

Para os próximos anos, a expectativa da Fundação é que o número continue crescendo e que, em 20 anos, quase metade dos brasileiros (48%) tenha obesidade, enquanto os outros 27% apresentem sobrepeso.

"Eu sei que fui magra em algum momento, porque tenho fotos, mas, desde que me entendo por gente (lá pelos meus oito anos), eu já me via gordinha e acima do peso”. Este é o relato da Erica dos Santos Santana, química, que sente que sempre lutou contra a balança.

De acordo com ela, já houve a possibilidade de fazer a cirurgia bariátrica, mas essa nunca foi sua vontade. “Eu pensava que não tinha jeito, que jamais ia conseguir emagrecer tudo o que precisava sozinha, mas com a ajuda da psicóloga, da nutricionista e fazendo exercícios físicos, isso começou a mudar”.

Depois de quatro anos em busca de uma vida mais saudável, a paciente perdeu 64kg e não se encontra mais no quadro de obesidade. No entanto, foi um longo processo, que contou com o auxílio de diferentes médicos e profissionais da saúde.


Processo complexo
 

De acordo com o cirurgião plástico Dr. Delmo Sakabe, fundador da Clínica Impact - espaço que une diversos profissionais da saúde que atuam na promoção do equilíbrio entre a saúde física, mental e o bem-estar -, o processo de emagrecimento é bastante complexo.

Ele conta que, para um resultado efetivo e saudável, é indicado que o paciente tenha o apoio de diferentes profissionais, como psicólogos, endocrinologistas, nutricionista, educador físico, entre outros. “Para cada uma dessas áreas, existem profissionais que podem trabalhar com intervenções específicas e de maneira única, considerando cada caso”, afirma.

Segundo o especialista, a procura por auxílio de profissionais deve ser realizada logo no início do processo, quando o paciente observa os primeiros ganhos de peso.

“Quando o paciente percebe que há uma peça fora do comum nesse complemento da saúde, é necessário buscar profissionais adequados assim que possível. Desta forma, eles podem atuar juntos para tornar o tratamento mais completo, solicitando exames e verificando se não há outros problemas de saúde, por exemplo”.


Estresse e saúde mental influenciam

Erica começou o processo de emagrecimento com a terapia em 2012, mas não foi linear. “Eu emagreci e, depois, voltei a engordar. Então, apenas em 2018, quando passei a sentir dificuldade para fazer coisas básicas, como sentar, subir escadas e andar, eu realmente percebi que precisava mudar de vida e buscar auxílio profissional”, relata a paciente.

O estresse e a saúde mental também podem influenciar no emagrecimento, afinal, a mente humana, por diversas vezes, busca uma compensação imediata, que vem por meio de alimentos. “O processo se torna mais difícil quando a pessoa já tem uma saúde mental prejudicada, pois ela pode buscar esse conforto em uma alimentação rica em gorduras e açúcares, o que dificulta a busca pela saúde física”, comenta o cirurgião.

Atualmente, já existem diversas abordagens para o sobrepeso e a obesidade. “Esta é uma área de grande interesse da indústria farmacêutica, então, sempre surgem atualizações e novas medicações sendo lançadas. Mas, nunca considerei que as cirurgias sejam as primeiras opções de tratamento da obesidade. Elas são ferramentas importantes, mas devem ser utilizadas após a tentativa com outros métodos”, comenta Dr. Delmo. 

O especialista ainda ressalta que “o tratamento da obesidade é longo, o paciente terá que acompanhar sua evolução durante a vida, por isso, soluções mágicas, que prometem emagrecimento imediato, não são recomendadas. Precisamos ajudar o paciente a tratar a causa e, assim, controlar a compulsão por comida e consequentemente, o ganho de peso”.




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Sinéquia vaginal, condição que atinge bebês pode resultar em dor na relação na vida adulta

Bebês que apresentam sinais como vermelhidão, ausência de abertura vaginal visível ou infecções recorrentes podem ter sinéquia vaginal

 

Um incômodo silencioso que começa cedo e pode se manifestar de forma dolorosa décadas depois. A sinéquia vaginal, condição comum em bebês meninas e muitas vezes subestimada, pode deixar marcas importantes na saúde sexual das mulheres. O problema, que consiste na aderência dos pequenos lábios vaginais, geralmente por causas hormonais ou inflamatórias, pode levar a desconfortos físicos e emocionais ao longo da vida — principalmente quando não é tratado adequadamente na infância. 

De acordo com a fisioterapeuta pélvica e sexóloga Débora Pádua, o assunto precisa ganhar mais atenção de pais, pediatras e ginecologistas. “Muitas meninas com sinéquia não recebem o tratamento ideal ou sequer são diagnosticadas corretamente. Ao crescerem, essas mulheres podem apresentar dor na penetração e desenvolver condições como o vaginismo, uma disfunção sexual caracterizada por contrações involuntárias da musculatura da vagina que impedem ou dificultam a relação sexual”, explica. 

O vaginismo, ainda envolto em tabus, tem cura — e a fisioterapia pélvica é uma das principais abordagens não invasivas e altamente eficazes para tratar a condição. “A musculatura vaginal é sensível, mas também treinável. Com orientação adequada, exercícios específicos, é possível reverter o quadro e devolver à mulher o prazer e o bem-estar nas relações”, esclarece Debora. 

Ela ressalta que muitos casos de vaginismo têm raízes de histórico corporal, como traumas na infância, cirurgias ou até essa formação inadequada na primeira infância, que podem influenciar diretamente. “Quando uma mulher chega ao consultório com queixas de dor, retração ou medo da relação, investigamos todo o histórico — inclusive se houve alguma intercorrência como a sinéquia nos primeiros anos de vida.”

Além de promover o relaxamento da musculatura vaginal, a fisioterapia pélvica também ajuda na reeducação, criando novas conexões que livram a dor. “É uma abordagem completa, que considera o corpo como um todo. E o melhor: funciona. É possível sim viver uma sexualidade plena depois de anos de dor e frustração”, garante a especialista. 

Débora ainda faz um alerta aos pais. “Se o bebê apresenta sinais como vermelhidão, ausência de abertura vaginal visível ou infecções recorrentes, é importante buscar orientação médica. “Com o tratamento precoce, evitamos traumas futuros e contribuímos para uma vida sexual adulta saudável”, completa. 




Débora Padua - educadora e fisioterapeuta sexual - Graduada pela Universidade de Franca (SP), fundadora da primeira clínica de dor na relação sexual do Brasil, autora dos livros ‘Vaginismo, dor na relação não é normal’ e ‘Prazer em Conhecer - você acha que sabe tudo sobre sexo?’. Pertenceu a equipe do Dr José Bento por 5 anos e no Centro Avançado de Urologia de Ribeirão Preto. Atua na área de fisioterapia Pélvica e sexualidade há mais de 20 anos.
Rua Machado Bittencourt 317 sala 71 - Vila Mariana - São Paulo- SP
Telefone: (11) 3253-6319
@vaginismo


Enxaqueca e alimentação: dieta consciente pode aliviar as crise

 

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 40% da população mundial sofre de distúrbios envolvendo dores de cabeça frequentes, sendo a enxaqueca a mais comum. No Brasil, estima-se que 31,4 milhões de pessoas convivam com essa condição, que, embora habitual, é extremamente debilitante. 

Além dos fatores genéticos e ambientais, a alimentação desempenha um papel significativo no agravamento das crises. Certos alimentos podem atuar como gatilhos, estimulando o surgimento ou intensificação das crises de enxaqueca.

 

Alimentos processados 

De acordo com Otávio Turolo, neurocirurgião do Hospital Evangélico de Sorocaba (HES), certos alimentos, principalmente os processados, podem ser o gatilho deflagrador da crise, devido às substâncias encontradas neles. Exemplos disso são a tiramina, presente em queijos amarelos, e os nitratos, comuns em alimentos como salsichas, salames e enlatados. “Essas substâncias podem aumentar a frequência e a intensidade das crises, por alterarem a atividade cerebral e os vasos sanguíneos”, explica. 

Além disso, o consumo excessivo de sódio, presente em diversos alimentos processados, pode agravar consideravelmente as crises de enxaqueca. “Por isso, é fundamental reduzir a ingestão de alimentos industrializados e priorizar opções frescas e naturais sempre que possível”, orienta o médico.
 

Chocolate e café 

Outro alimento frequentemente associado às crises de enxaqueca é o chocolate. Porém, o neurocirurgião destaca que a relação não é simples. “O chocolate pode conter tiramina, e está relacionada ao gatilho de crise, mas isso varia de pessoa para pessoa”, explica. Portanto, se você sofre de enxaqueca, é importante observar como seu corpo reage ao consumo de chocolate e, caso seja um gatilho, evitá-lo. 

A cafeína, presente em cafés e algumas bebidas energéticas, também tem um efeito contraditório. Em doses moderadas, pode ajudar a aliviar a dor da enxaqueca devido ao seu potencial analgésico. No entanto, o abuso de cafeína pode ter o efeito oposto.
 

Alimentação consciente 

Embora não exista uma dieta específica para prevenir as crises de enxaqueca, o médico recomenda identificar os alimentos que desencadeiam as crises e evitá-los. Uma dieta balanceada, com baixo teor de gordura, é o ideal. Além disso, manter uma boa hidratação é fundamental. "Manter-se hidratado é um fator protetor para crise", enfatiza o especialista. 

As refeições regulares também são importantes, pois o jejum prolongado pode ser um fator desencadeante das crises. Comer de maneira equilibrada e evitar longos períodos sem alimentação pode ajudar a reduzir as chances de uma crise.
 

Medidas preventivas 

Turolo também destaca que, além da alimentação, fatores como o controle do estresse, a prática de atividades físicas regulares, a manutenção de um sono regular e a diminuição da exposição à luminosidade intensa, principalmente em telas, são essenciais no tratamento e prevenção das crises de enxaqueca. 

Por fim, o médico lembra que não existem exames que identifiquem exatamente quais alimentos são gatilhos para cada paciente. O método mais eficaz é manter um diário de crises, anotando os alimentos consumidos e os sintomas que surgem, ajudando a identificar padrões. Além disso, alguns suplementos, como magnésio e riboflavina, têm mostrado eficácia no controle da enxaqueca, mas sempre sob orientação médica, especialmente em casos de crises refratárias, que são aquelas que não respondem adequadamente ao tratamento convencional.
  

Hospital Evangélico de Sorocaba

 

Sabará Hospital Infantil promove pelo 3º ano consecutivo a campanha contra fake news na pediatria

Especialista explica como notícias falsas afetam a saúde mental e física de crianças e adolescentes

 

As fakes news (ou informações sem nenhum embasamento comprovado), infelizmente, já fazem parte do nosso dia a dia e se tornaram um desafio crescente principalmente com a velocidade da evolução das tecnologias de inteligência artificial.

E, se os adultos já sofrem com a quantidade e veracidade dos conteúdos, esse cenário é ainda mais impactante na saúde de crianças e adolescentes. “Os responsáveis devem estar atentos ao que esse público consome na internet, afinal, eles ainda estão em desenvolvimento e precisam de orientação para conseguir filtrar tanta informação”, explica a coordenadora de psicologia do Sabará Hospital Infantil, Cristina Borsari.

Segundo dados da pesquisa TIC KIDS ONLINE BRASIL 2019 (sobre o Uso da Internet por Crianças e Adolescentes no Brasil), de 2024,  93% da população brasileira de 9 a 17 anos é usuária de Internet, o que representa 24,5 milhões de pessoas. Pensando na importância de informar pais e responsáveis sobre a saúde das crianças e adolescentes que o Sabará Hospital infantil promove, pelo terceiro ano consecutivo, a campanha “Sabará contra as fakes news na pediatria”.

Não só a saúde física, mas a saúde mental de crianças e adolescentes tem tomado cada vez mais espaço na discussão entre educadores, profissionais da saúde e responsáveis, a psicóloga Cristina Borsari, abordará algumas fake news apresentadas sobre esse assunto.


As crianças entendem muito de tecnologia dificilmente cairão em fake news.

Essa é um dos maiores enganos da atualidade. A influência que alguns conteúdos tendem a gerar podem impactar negativamente nas percepções e comportamentos desses jovens. Entre os exemplos ruins que eles podem correr, podemos citar as fraudes online ou algumas trends que são feitas por jovens que colocam a própria vida em risco.


As redes sociais estão cheia de depoimentos verdadeiros que trazem tratamentos sérios para saúde mental.  

Deve se ter muito cuidado com o que se vê e acompanha nas redes sociais. No que tange a saúde física ou emocional, cada indivíduo é único e não pode utilizar de uma história uma verdade absoluta para todo mundo. Então, os sintomas e características até podem ser parecidas, mas é importante procurar um especialista antes de iniciar qualquer tratamento.


Entrei nas redes sociais, vi um medicamento bem recomendado em alguns vídeos e não vi problema em dar para ele.

Isso é muito perigoso para a saúde de qualquer pessoa, principalmente em quem ainda está em fase de desenvolvimento. Os pais não devem de maneira alguma medicar seus filhos sem o acompanhamento de um médico especialista. Se percebeu algum sintoma que tenha se repetido de maneira frequente, o ideal é procurar um pediatra que irá lhe indicar um especialista para o caso da criança.


Ansiedade entre crianças e adolescentes é frescura da idade ou uma maneira de chamar atenção.

A ansiedade infantil é tão comum e tão prejudicial quanto as que os adultos sentem. Um primeiro dia de aula em uma nova escola, início de um namoro, alguma competição ou até por conta de em uma viagem de férias eles podem desencadear sintomas como falta de apetite, irritabilidade ou queda no rendimento escolar. Os responsáveis devem estar sempre atentos, manter uma relação de conversa com eles para que, caso os sintomas persistam procurem por um especialista.

 

Não existe depressão em criança.

Claro que o público dessa faixa etária pode passar por essa condição. Nem sempre a depressão é caracterizada apenas por um isolamento social. Apesar de esse ser o principal traço, os sintomas podem variar de acordo com a intensidade e forma que a criança ou o adolescente está sentindo como, por exemplo, dificuldades para dormir, irritabilidade, não querer brincar com outras crianças, tristeza profunda, entre outros. É preciso estar atento.


Toda terapia via internet é ruim.

Desde a pandemia essa têm sido uma prática muito comum. O essencial é que os responsáveis, respeitando a privacidade da sessão da criança ou adolescentes, tenham certeza de que ele está compartilhando seus questionamentos com um profissional e não com uma plataforma digital. Muitos jovens têm utilizado a tecnologia para fazer terapia sem nenhum acompanhamento de um adulto, o que além de trazer perigo pode gerar ainda mais dúvidas.

“Devemos lembrar sempre que as crianças e adolescentes ainda estão em fase de maturação cognitiva, portanto, na maioria das vezes não tem capacidade crítica plenamente desenvolvida. Como estão nessa fase de desenvolvimento do intelecto eles se tornam mais vulneráveis e suscetíveis à manipulação. Por isso, é importante supervisionar o que consomem na internet, acompanhá-los sempre de perto, observar o comportamento e as suas interações durante as conversas, as relações sociais e quando perceber que há algo errado, procurar um psicólogo”, finaliza a especialista.

 

Sabará Hospital Infantil


A Geração do Sol Esquecido: O Alerta Sobre a Deficiência de Vitamina D na Juventude Que Ninguém Está Encarando de Verdade

A infância e a adolescência entraram para dentro de casa — e com elas, a vitamina D saiu pela porta da frente. A consequência? Corpos mais frágeis, imunidade vulnerável e uma urgência silenciosa que precisa ser encarada agora.

 

Houve um tempo em que ser criança era sinônimo de joelhos ralados, suor no rosto e banho de sol até o fim da tarde. Mas essa época ficou no retrovisor. Hoje, as infâncias são digitais, as adolescências são vividas sob luz artificial e a juventude cresce... sem sol. E esse detalhe aparentemente inofensivo está custando caro à saúde física — e talvez até mental — de uma geração inteira. 

O que está em jogo? O médico Dr. Gustavo de Oliveira Lima, explica que, a vitamina D, um hormônio essencial para a formação óssea, função imunológica e saúde neuromuscular, que depende quase exclusivamente da exposição solar para ser sintetizado pelo corpo. Em resposta a esse novo comportamento social — onde crianças e adolescentes passam cada vez mais tempo em ambientes fechados —, as diretrizes médicas foram atualizadas: a suplementação de vitamina D agora é recomendada até os 18 anos de idade, e não mais apenas no primeiro ano de vida.
 

O novo raquitismo moderno: silencioso, mas devastador

A deficiência de vitamina D em jovens deixou de ser uma exceção clínica para se tornar um problema de saúde pública. Segundo especialistas, os quadros leves — mas recorrentes — de fadiga, dores musculares, dificuldade de locomoção e queda de desempenho escolar podem ter uma explicação mais simples (e negligenciada) do que se imagina: carência de vitamina D. 

Os sintomas, muitas vezes interpretados como “coisas da adolescência” ou falta de disposição, podem ser os primeiros sinais de um corpo em desequilíbrio estrutural e funcional. A longo prazo, os riscos vão além do desconforto físico: há aumento na vulnerabilidade a infecções respiratórias, risco de osteopenia, deformações ósseas e desenvolvimento comprometido. 

A deficiência também pode afetar a saúde mental, já que a vitamina D participa da modulação de neurotransmissores relacionados ao humor. Há estudos que correlacionam baixos níveis de vitamina D com quadros de depressão e ansiedade — especialmente entre adolescentes.
 

O que mudou? diretrizes atualizadas e um recado claro: todos precisam suplementar

Antes, a suplementação era indicada apenas para bebês no primeiro ano de vida. Agora, com base em dados epidemiológicos preocupantes, a recomendação se estende para toda criança e adolescente até os 18 anos de idade. A medida visa não apenas prevenir o raquitismo, como também proteger o sistema imune em uma fase da vida marcada por crescimento acelerado e intensa demanda metabólica. 

Essa atualização das diretrizes não surgiu à toa. Foi uma resposta direta à mudança de comportamento social que reduziu drasticamente a exposição solar da juventude — ao mesmo tempo em que aumentou o sedentarismo e o consumo de alimentos ultraprocessados, pobres em nutrientes e ricos em tudo o que o corpo não precisa. 


Vitamina D: sol na pele, força nos ossos, escudo na imunidade

A vitamina D é produzida naturalmente pelo organismo por meio da exposição ao sol, mais especificamente à radiação UVB, que ativa processos bioquímicos na pele. Cerca de 90% da vitamina D que o corpo usa vem da luz solar. O restante pode ser obtido pela alimentação — mas, neste ponto, a dieta sozinha raramente dá conta. 

Ao contrário do que muitos pensam, o uso de protetor solar não bloqueia completamente a síntese da vitamina D. Pequenas exposições diárias (entre 15 e 30 minutos, em horários adequados) já são suficientes para ativar a produção — desde que incluam áreas como braços e pernas.
 

Fontes alimentares: uma ajuda extra

Apesar de limitada, a alimentação também pode contribuir. Alimentos ricos em vitamina D incluem:

  • Peixes de águas frias e profundas, como salmão, sardinha e atum
  • Gema de ovo
  • Fígado bovino
  • Laticínios e cereais fortificados
  • Cogumelos expostos à luz solar

“Ainda assim, as quantidades presentes nos alimentos dificilmente suprem as necessidades diárias, especialmente durante o crescimento.”. Comenta o Dr. Gustavo de Oliveira Lima.
 

Sintomas de alerta na juventude

Pais, educadores e profissionais de saúde precisam estar atentos aos sinais, muitas vezes sutis, de que há algo errado. Entre os mais comuns:

  • Fadiga constante sem causa aparente
  • Fraqueza muscular e dificuldade para subir escadas ou caminhar longas distâncias
  • Dores ósseas ou nas articulações
  • Infecções respiratórias frequentes
  • Irritabilidade ou quadros de tristeza persistente

O diagnóstico é feito com um simples exame de sangue, que mede a dosagem de 25(OH)D. Com base nos resultados, o médico pode orientar a melhor forma de suplementação — que pode ser feita diariamente, semanalmente ou em doses mais espaçadas, dependendo do caso.
 

Prevenção começa no hábito: como driblar a deficiência

  1. Tome sol de forma consciente: 15 a 30 minutos por dia, com braços e pernas expostos, preferencialmente antes das 10h ou após as 16h.
     
  2. Inclua fontes alimentares de vitamina D na rotina: uma alimentação equilibrada fortalece o corpo como um todo.
     
  3. Evite o sedentarismo: a saúde óssea também depende de estímulo físico.
     
  4. Faça check-ups regulares: a deficiência pode passar despercebida por muito tempo se não for investigada.
     
  5. Suplementação orientada por profissional: nunca se automedique. O excesso de vitamina D também pode ser prejudicial.

Estamos diante de uma geração que cresceu conectada, mas desconectada da luz que a sustenta. A deficiência de vitamina D na juventude é um reflexo de um estilo de vida que prioriza telas em vez de sol, alimentos rápidos em vez de nutrientes reais, e descuido em vez de prevenção. 

A solução começa no básico: recolocar o corpo em contato com o que ele sempre precisou — luz natural, alimentação verdadeira e acompanhamento médico atento. 

Dr. Gustavo de Oliveira Lima conclui: “Vitamina D não é apenas um número em um exame de sangue. É um alerta sobre o que estamos deixando de viver e sobre o que ainda é possível recuperar, se dermos ouvidos ao que o corpo está pedindo.”


Dr. Gustavo de Oliveira Lima - Médico CRM/SP 207.928 - Com uma formação sólida em nutrologia e endocrinologia, Dr. Gustavo de Oliveira Lima é reconhecido por sua atuação em emagrecimento saudável e longevidade. Focado em oferecer tratamentos modernos e personalizados, ele utiliza abordagens científicas de ponta para promover saúde integral e bem-estar a longo prazo. Sempre atualizado com as mais recentes inovações da medicina, Dr. Gustavo é um dos grandes destaques quando o assunto é qualidade de vida e prevenção de doenças relacionadas ao envelhecimento.



No Dia da Mentira, conheça alguns dos maiores mitos sobre planos de saúde


A data de 1º de abril é conhecida como o Dia da Mentira. Esta é uma ocasião propícia para alertar sobre os principais mitos que envolvem os planos de saúde. Limitação de atendimento, impedimento de contratação e penalização ao cancelar um plano são alguns dos grandes mitos que envolvem o tema.

A advogada Natália Soriani, especialista em Direito Médico e de Saúde e sócia do escritório Natália Soriani Advocacia revela algumas das mentiras e respectivas verdades que confundem a cabeça do consumidor ou beneficiário de um plano de saúde. Confira:


Uma pessoa pode ser impedida de contratar um plano de saúde.

A informação é falsa. Nenhuma operadora pode negar a contratação de um plano de saúde com base em idade, condição de saúde ou qualquer tipo de deficiência. Esses quesitos não eximem a obrigação da operadora em aceitar o beneficiário, caso ele opte por sua contratação.

Contudo, a operadora pode solicitar um exame médico admissional e, caso identifique uma doença pré-existente, poderá ela aplicar um período de carência.

“Agora, vale destacar que a operadora não pode cobrar valores adicionais por isso, assim como o custo do exame deve ser arcado pela empresa”, alerta Natália.


O plano de saúde pode limitar a quantidade de sessões de psicoterapia.

Outra mentira comum na relação contratante e beneficiário. Apenas o médico especialista pode determinar a quantidade de sessões necessárias. O plano de saúde não tem o direito de limitar a quantidade desse tratamento.


O consumidor é penalizado em caso de saída do plano a qualquer momento.

Não existe multas. O beneficiário pode solicitar o cancelamento do plano de saúde a qualquer momento, sem qualquer penalidade. Para o cancelamento, basta formalizar o pedido por escrito.


O consumidor pode sofrer retaliações ao processar o plano de saúde.

Mentira. No direito brasileiro, o consumidor tem total amparo para buscar a justiça sempre que se sentir lesado. No caso dos planos de saúde, a relação entre o consumidor e a operadora é regida pelo Código de Defesa do Consumidor e pela Lei dos Planos de Saúde. Ambos garantem que essa relação seja justa, protegendo o consumidor contra práticas abusivas por parte das operadoras.  

“Definitivamente, não existe previsão legal para que o consumidor seja punido por acionar judicialmente uma operadora de plano de saúde. Ao contrário, o sistema jurídico incentiva que os direitos sejam buscados e defendidos em juízo. A legislação que trata das relações de consumo é clara ao estabelecer mecanismos de proteção ao consumidor. Não sem razão, frequentemente o Judiciário se posiciona em favor do acesso à justiça e da defesa dos direitos dos consumidores”, afirma Natália Soriani.

 

Dores nas articulações: quando devemos nos preocupar?

Fortalecer a musculatura é essencial para evitar o desgaste de articulações; em caso de cirurgias de prótese, Hospital Moinhos de Vento utiliza robótica para menor tempo de internação e maior precisão

 

De histórico familiar a hábitos sedentários, alguns fatores influenciam o aparecimento e aprofundamento dos desgastes de articulações, como, de joelhos e quadris - entre os mais comuns. Com certeza você tem ou conhece alguém que tem dores nestas partes do corpo, mas quando é a hora de procurar um médico? 

O ortopedista e traumatologista do Hospital Moinhos de Vento, Mauro Meyer, diz que as pessoas devem estar atentas aos primeiros sinais de dor, principalmente se possuírem histórico familiar de desgastes e de cirurgia de prótese. Ainda como melhor prevenção aparece o fortalecimento da musculatura por meio da prática de atividades físicas. 

“Em cada paciente, deve ser avaliado como está a musculatura e seguir com algum exercício físico. Bons músculos fazem com que as articulações trabalhem melhor. Sem uma boa musculatura, a articulação trabalha desconjuntada”, detalha. 

Segundo ele, o número de pessoas, por volta dos 50 anos, que já possuem atrofia muscular cresceu principalmente devido ao sedentarismo. Ele defende que a musculação é essencial e pode rapidamente reequilibrar grupos musculares importantes sanando doenças, como uma tendinite, por exemplo.

Ainda na fase inicial de uma artrose, com um pequeno desgaste da cartilagem, além da reabilitação muscular, outros tratamentos podem aliviar a dor e até evitar a progressão da doença, que pode levar a uma cirurgia de prótese. São utilizados medicamentos para dor e os condroprotetores, substâncias que atuam para retardar ou diminuir os efeitos de uma degeneração articular, protegendo e revestindo a cartilagem. A maioria destes medicamentos possuem princípios ativos naturais, sem efeitos colaterais e são tomados via oral. Também há outros produtos injetáveis, aplicados diretamente nas articulações, como o ácido hialurônico - lubrificante considerado um condroprotetor mais potente. 

“Tudo isso pode e deve ser feito antes que um osso encoste no outro", acende o alerta Meyer. “O sintoma mais aparente é a dor, ela aponta que há algo errado na articulação e devemos procurar logo um ortopedista, porque pode ser um início de desgaste. De um desgaste inicial até chegar ao ponto de termos que colocar uma prótese, pode demorar cerca de 20 anos, então há muito o que se fazer", explica. 

Uma outra dica é observar o histórico familiar. Segundo ele, têm famílias que gastam mais quadril, outras mais joelhos, tratam-se de condições hereditárias. Outro ponto é que os desgastes costumam a aparecer de forma mais latente a partir dos 40 anos e tendem a surgir mais em pessoas com sobrepeso e/ou obesidade, por conta do excesso de esforço das articulações. 

Agora, o mito do “pé chato” não prejudica as articulações e sobretudo não precisa ser tratado. “Existem dois tipos de pé plano, o fisiológico que é muito comum, e o patológico, que é muito raro. Somente este precisa de tratamento; diferente de antigamente, agora pouco se vê por exemplo crianças com botas ortopédicas, pois descobriu-se essa diferenciação e as reais consequências de um e de outro", pontua. 

Mas, por outro lado, os saltos altos podem ser um vilão para problemas de articulação por promover um desequilíbrio do corpo. A recomendação é que eles sejam usados o menor tempo possível, substituídos por tênis ou até mesmo um salto anabela.
 

Cirurgias robóticas em próteses de joelho e quadril 

O Hospital Moinhos de Vento possui o maior número de cirurgias robóticas de joelhos e quadris na América Latina: 599 cirurgias robóticas de joelho e 93 de quadril. O processo começou em 2002, com os objetivos de diminuir o tempo de internação dos pacientes, que ficavam dias internados, e fazer com que o paciente pudesse colocar o pé no chão no mesmo dia da cirurgia. A anestesia costumava ser - e ainda é em muitos hospitais - geral, o que aumentava o tempo de recuperação e de internação do paciente. O que se costuma ver no mercado é uma internação de cerca de três dias. 

Na pandemia, com o menor número de leitos e diminuição de cirurgias eletivas, os novos procedimentos - como anestesia local em caso de cirurgias nos joelhos e colocar o pé no chão no mesmo dia - foram colocados em prática e as mudanças deram tão certo, que no primeiro ano, já era o padrão para todos os pacientes. 

Atualmente, quase a totalidade destas cirurgias de próteses são ambulatoriais, ou seja, o paciente não fica internado. “O paciente entra de manhã e consegue ir para a casa no mesmo dia. Os custos e riscos para o paciente também são menores, por diminuição do tempo de internação", complementa o médico. 

A redução foi viabilizada por conta de um alinhamento prévio da equipe, uso de anestesia local e a ausência de cortes na musculatura, viabilizada por uso de robótica. Meyer explica que os músculos ou tendões são somente afastados para a colocação da prótese e quem possibilita isso é o robô. “Ele avalia o melhor posicionamento da prótese, ângulo, e, de acordo com a musculatura daquele paciente, promove uma maior precisão no encaixe", explica.

 

5 mentiras que te contaram sobre sua fertilidade

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Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista especializado em reprodução humana, lista 5 informações incorretas em relação a fertilidade feminina, e esclarece 


Cuidar da fertilidade é essencial para toda mulher que deseja engravidar, mas nem todas sabem que diversos fatores podem interferir negativamente nesse processo. Hábitos diários, escolhas de vida e até mesmo algumas crenças podem prejudicar a saúde reprodutiva de forma silenciosa. 

“A preservação da fertilidade é algo ainda pouco discutido, mas essencial, para mulheres e homens que desejam ter filhos, no momento atual ou no futuro”, alerta o Dr. Vamberto Maia Filho, ginecologista especializado em reprodução humana. 

Pensando nisso, ele listou 5 mentiras que podem causar desinformação e diminuir consideravelmente as chances de concepção:
 

Idade além dos 35 anos é indiferente 

A ideia de que "a idade é apenas um número" não se aplica quando falamos sobre fertilidade. Tempo são óvulos. Para muitas mulheres, a tentativa de engravidar após os 35 anos pode se tornar uma batalha, pois a qualidade e a quantidade dos óvulos começam a diminuir significativamente. Estudos indicam que após os 30 anos, a reserva ovariana já começa a declinar, e a partir dos 35 anos, esse processo acelera. 

Dr. Vamberto enfatiza: "A qualidade e a quantidade dos óvulos diminuem significativamente após os 35 anos, aumentando as dificuldades para engravidar. Quanto mais cedo se planeja a gravidez, melhores são as chances de sucesso, tanto para a mulher quanto para o bebê." 

Por isso, é importante considerar esse fator ao planejar a maternidade e buscar orientações médicas, caso o tempo seja um desafio.
 

Estresse e falta de sono não interferem 

O impacto do estresse e da privação do sono na fertilidade muitas vezes é subestimado. No entanto, altos níveis de estresse podem desregular hormônios essenciais para a ovulação e a produção de espermatozoides. Além disso, a falta de sono adequado pode afetar negativamente a qualidade dos gametas e a regularidade do ciclo menstrual. 

"O estresse crônico e a privação do sono podem desregular o eixo hormonal, dificultando a ovulação e a qualidade dos espermatozoides. Práticas como meditação, exercícios físicos e boas noites de sono são fundamentais para a qualidade de vida e inclusive melhorar a fertilidade", recomenda o médico especialista. 

Garantir momentos de descanso e reduzir o estresse pode ser um passo importante para quem deseja engravidar.
 

Álcool e cigarro não atrapalham “tanto assim” 

O consumo de substâncias prejudiciais, como cigarro, álcool e drogas recreativas, tem um impacto profundo na saúde reprodutiva tanto das mulheres, quanto dos homens. O tabagismo, por exemplo, pode afetar a produção de óvulos e reduzir a qualidade do sêmen, dificultando a concepção. O álcool, além de reduzir a qualidade dos gametas, pode interferir no equilíbrio hormonal, enquanto o uso de drogas como a maconha pode prejudicar a ovulação e a motilidade espermática. 

Dr. Vamberto afirma: "Cigarro, álcool e drogas reduzem a qualidade dos gametas e aumentam o risco de complicações durante a gestação. Para quem deseja engravidar, é imprescindível interromper o uso dessas substâncias o mais cedo possível." Isso vale tanto para homens quanto para mulheres, que devem buscar hábitos mais saudáveis para otimizar sua fertilidade.
 

Doenças crônicas podem ser ignoradas 

Muitas pessoas não sabem, mas doenças crônicas como diabetes e hipertensão, podem afetar diretamente a fertilidade, tanto feminina quanto masculina. O controle inadequado de doenças como essas pode levar a complicações sérias, como a síndrome dos ovários policísticos (SOP) em mulheres ou diminuição da contagem de espermatozoides nos homens. Além disso, o estresse causado pela falta de controle sobre essas condições pode prejudicar a ovulação e a produção de espermatozoides saudáveis. 

"Condições como diabetes e hipertensão descontroladas podem afetar negativamente a fertilidade e aumentar o risco de complicações durante a gestação. Por isso, é fundamental manter essas doenças sob controle com acompanhamento médico regular." Manter um estilo de vida saudável e seguir o tratamento prescrito pode melhorar não apenas a saúde geral, mas também a capacidade reprodutiva.
 

Comer bem é apenas um ‘detalhe’ 

Uma alimentação equilibrada e saudável desempenha um papel crucial na saúde reprodutiva. Dietas irregulares, com alto consumo de alimentos ultraprocessados, pobre em nutrientes essenciais, podem interferir no funcionamento hormonal e no ciclo menstrual. A ingestão inadequada de vitaminas e minerais pode afetar a qualidade dos óvulos e espermatozoides, além de dificultar a concepção. O excesso de peso também pode ser um fator de risco, especialmente em mulheres, pois pode causar resistência à insulina e aumentar os níveis de testosterona, prejudicando a ovulação. 

Dr. Vamberto recomenda: "Dietas desequilibradas podem interferir nos ciclos menstruais e na ovulação. A melhor forma de promover a fertilidade é manter uma alimentação rica em nutrientes, priorizando alimentos frescos, naturais e equilibrados." A orientação de um nutricionista pode ser fundamental para adaptar sua dieta às necessidades do corpo e melhorar suas chances de concepção. 

Evitar esses erros pode ser a chave para uma jornada de fertilidade bem-sucedida. Se você está tentando engravidar, tenha em mente que pequenas mudanças no estilo de vida podem fazer uma grande diferença. “Consultar um especialista e realizar exames periódicos são etapas essenciais para garantir que a saúde reprodutiva esteja em dia”, finaliza o especialista.

 

Dr. Vamberto Maia Filho - Especialista em reprodução humana e oferece um atendimento personalizado e humanizado, que combina expertise médica nos seus 20 anos de prática dedicada a infertilidade com acolhimento aos casais que realizam tratamentos de fertilidade. Primeiro residente em reprodução humana do Brasil, e participou da equipe que gerou o primeiro bebê por FIV (fertilização in vitro) do SUS, em Recife. Doutor pela UNIFESP e 11 anos dedicados ao ensino em ginecologia endócrina com ênfase em pesquisa científica pela mesma universidade.


Menopausa é um problema de Saúde Pública e ninguém está falando sobre isso

Milhões sofrem em silêncio enquanto o sistema de saúde ignora a condição como um problema real 

 

Mais de 30 milhões de mulheres estão na menopausa no Brasil. No entanto, apenas 238 mil foram diagnosticadas no Sistema Único de Saúde (SUS). Enquanto isso, o país conta com 40 mil ginecologistas, mas somente 18% sabem prescrever terapia hormonal. Os números são alarmantes e revelam um cenário de negligência institucional.

“O Brasil abandonou suas mulheres na menopausa. As que podem pagar por um tratamento seguem em frente. As que não podem, padecem em silêncio. Isso é justo? Isso é aceitável? O que estamos esperando para agir?”, questiona Fabiane Berta, ginecologista, pesquisadora e fundadora do MyPausa, um movimento que busca transformar a forma como o país enxerga e trata a menopausa.

Por décadas, a menopausa foi reduzida a ondas de calor e sudorese noturna, mas a verdade é que mais de 100 sintomas estão associados a essa fase, afetando física, emocional e cognitivamente as mulheres. Ansiedade, depressão, insônia, palpitações, boca e olhos secos, dores articulares, perda de memória, crises de pânico, enxaquecas e até formigamento são apenas alguns dos sintomas que milhões de brasileiras enfrentam diariamente sem sequer saber que estão relacionados à menopausa.

"A menopausa não é apenas sobre calorões. Existem centenas de sintomas associados a essa fase, e muitas mulheres não os reconhecem. Elas sofrem em silêncio, sem saber que estão relacionados à menopausa", alerta a pesquisadora.

A falta de diagnóstico e tratamento adequado leva muitas mulheres a questionarem sua sanidade mental. Sem respostas, muitas acabam sendo medicadas com antidepressivos quando, na verdade, precisavam de um acompanhamento adequado para o climatério.

De acordo com a ginecologista, a menopausa não afeta apenas a saúde das mulheres, mas também suas carreiras, sua autoestima e sua autonomia financeira. Pesquisas indicam que milhares de mulheres pedem demissão durante essa fase porque se sentem incapazes de manter a produtividade. Dificuldade de concentração, crises de ansiedade e falta de suporte adequado dentro do ambiente corporativo fazem com que muitas sejam levadas ao limite.

"A menopausa não é apenas uma questão de saúde, mas também é uma questão econômica. Mulheres no auge de suas carreiras estão deixando o mercado de trabalho devido à falta de suporte adequado durante essa fase", lamenta Berta.

Além disso, um dado ainda mais preocupante precisa ser trazido à tona: o suicídio entre mulheres na pré-menopausa e menopausa está crescendo em todo o mundo. A ausência de acolhimento, o impacto hormonal e a sensação de invisibilidade geram desespero e isolamento, levando muitas a tomarem medidas extremas.

"A falta de compreensão e apoio durante a menopausa está levando mulheres ao desespero, afetando sua saúde mental e, em casos extremos, resultando em suicídio. O Brasil precisa parar de fingir que esse problema não existe", alerta Fabiane Berta.

Diante desse cenário caótico, a pesquisadora lidera o MyPausa, um movimento que não aceita mais o silêncio e a negligência. A iniciativa luta para incluir a terapia hormonal no SUS em todo território nacional, garantindo que todas as mulheres, independentemente de sua condição financeira, tenham acesso a um tratamento digno.

Para isso, o MyPausa está criando o primeiro registro nacional da menopausa, mapeando os 27 estados brasileiros para entender de fato a realidade das mulheres nesta fase da vida. Essa pesquisa pretende influenciar políticas públicas e reformular a forma como a menopausa é tratada no Brasil.

"A inclusão da terapia hormonal no SUS não é luxo, não é capricho, é uma questão de justiça social e saúde pública, mesmo porque a terapia já é oferecida em pouquíssimos municípios. A menopausa não pode continuar sendo tratada como um problema individual que cada uma resolve como pode", enfatiza Fabiane Berta.

De acordo com a ginecologista, um dos maiores retrocessos na área foi a descontinuação do implante de estradiol, um tratamento amplamente conhecido há mais de 20 anos e retirado não por ineficiência do produto, mas por questões políticas. “O estrogênio em pellet hormonal precisa ser retomado em todo o país urgente. Não há justificativa para a ausência de um tratamento seguro, eficaz e acessível para mulheres", destaca Fabiane Berta.

Segundo a pesquisadora, a menopausa não é uma experiência única e padronizada. Cada mulher tem suas singularidades, e o acesso à terapia hormonal deve ser ampliado para contemplar essa diversidade. "A menopausa precisa ser tratada de forma individualizada. Somos únicas e plurais, e nossos tratamentos precisam refletir essa singularidade. A ampliação da terapia hormonal no SUS precisa considerar as diferentes realidades das mulheres brasileiras", reforça.

O objetivo do movimento é mais do que garantir acesso à terapia hormonal para todas as mulheres. É educar, transformar e romper o ciclo de silêncio que há décadas invisibiliza essa fase da vida feminina. "É inaceitável que, em pleno século XXI, milhões de brasileiras enfrentem a menopausa sem informação, sem apoio e sem tratamento adequado. Precisamos educar nossas meninas desde cedo sobre todas as fases da vida feminina, para que estejam preparadas e empoderadas para lidar com cada uma delas", reforça a pesquisadora.

De acordo com Berta, o Brasil precisa acordar para a menopausa. “O que estamos esperando? Que mais mulheres adoeçam? Que mais mulheres abandonem seus empregos? Que mais mulheres percam sua qualidade de vida? Que mais mulheres desistam? Se hoje o Brasil não sabe lidar com a menopausa, imagine o que vai acontecer quando as próximas gerações chegarem a essa fase? Vamos seguir fingindo que o problema não existe? Vamos deixar nossas mães, nossas irmãs, nossas filhas e netas sem assistência? Eu me recuso. Essa luta é agora”, finaliza.

 

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