Estudo da
consultoria global de gestão e tecnologia Capco mostra que investidores devem
ficar atentos para rapidamente preencher lacunas e criar produtos para seus
clientes
Para reduzir
os riscos dos seus portfólios e oferecer mais segurança e rentabilidade para
seus clientes, cada vez mais os gestores buscam estratégias certeiras para
enfrentar um cenário que vai da desaceleração do crescimento econômico à
volatilidade do investimento. E os caminhos que estão usando incluem ações como
investimentos alternativos e aprofundamento do relacionamento com a próxima
geração de investidores.
De acordo com o estudo “Top US Wealth Management Trends do Watch in
2023” (“Principais tendências de gerenciamento de riqueza nos EUA
para observar em 2023”, em tradução livre), produzido pela Capco,
consultoria global de gestão e tecnologia dedicada ao setor de
serviços financeiros do Grupo Wipro, o que esses gestores de
patrimônio devem fazer é priorizar a atenção a lacunas que surgem pelo caminho,
educar consultores e clientes e introduzir novos produtos.
Essas
medidas e tendências estão detalhadas no estudo da Consultoria, que abordou o
cenário nos Estados Unidos (EUA), onde houve uma estagnação do crescimento dos
ativos que levou famílias americanas a perderem quase US$ 7 trilhões em
patrimônio líquido até o terceiro trimestre de 2022.
Embora essas
estratégias de gestão considerem a realidade norte-americana, podem ser
aplicadas também a mercados robustos com o brasileiro. “O que percebemos é que
gerentes de patrimônio adotam os benefícios do planejamento de longo prazo,
inclinando-se para investimentos alternativos e crescimento de produtos
personalizados e continuando a priorizar o aconselhamento, a aquisição de
clientes e o aprofundamento dos relacionamentos com a próxima geração de
investidores”, explica Luciano Sobral, partner na Capco Brasil.
De acordo com Sobral, apesar das atividades de fusões e aquisições demonstrarem
consolidação de forma geral, as instituições podem podem priorizar, por
exemplo, investimentos estratégicos em Inteligência Artificial (IA), Machine
Learning (ML) e em políticas ESG (sigla para Ambiental, Social e Governança).
As
tendências detectadas no estudo da Capco foram as seguintes:
- Expansão
do acesso ao Mercado Privado - Altos limites de investimento e
requisitos de elegibilidade rigorosos resultaram em uma concentração de 90% do
mercado privado ativos nas mãos de investidores institucionais e de patrimônio
líquido ultraelevado. Cerca de 9 em cada 10 consultores financeiros pretendem
aumentar suas alocações para classes alternativas de ativos nos próximos dois
anos e os investidores de patrimônio líquido ultraelevado (HNW - High Net Worth
ou milionários) estão no foco.
- Onda de
crescimento para Indexação Direta: É esperado que os
ativos de indexação direta ultrapassem US$ 1,5 trilhão até 2025 à medida que os
investidores busquem soluções de investimento personalizadas, alinhados com
seus mandatos de investimento, incluindo a geração de rendimento alfa – ou
seja, acima do esperado-, objetivos ESG e gestão de riscos. O avanço da
tecnologia, menores taxas de negociação e a proliferação de ações fracionárias
permitiu acesso a investidores em todo o espectro de riqueza. Com apenas 14%
dos consultores financeiros usando atualmente indexação para seus clientes, há
uma oportunidade significativa pela frente para crescimento dessa modalidade.
Segundo o estudo, para capturar totalmente essa tendência de alta, os gestores
de patrimônio devem integrar essas estratégias como parte do processo de
construção do portfólio para criar uma experiência de cliente “hiper
personalizada”.
- Fornecer
consultoria personalizada em escala: Os investidores
esperam cada vez mais um atendimento “hiper personalizado”, em que os
consultores entendem suas preferências, fornecem insights acionáveis e executam
soluções sob medida. 70% dos clientes acreditam que o grau de aconselhamento
personalizado é um dos fatores mais críticos ao decidir sobre um consultor de
patrimônio. Este ano está sendo decisivo para os consultores financeiros se
conectarem com os clientes e anteciparem proativamente suas necessidades.
- Aproveitar a Inteligência Artificial para melhorar a experiência:
A crescente comercialização de Inteligência Artificial e de Machine Learning
atraiu a atenção do setor de gestão de fortunas e gerou investimentos de
empresas que reconhecem o potencial dessas tecnologias para revolucionar o
trabalho de assessoria financeira. A capacidade de automatizar comunicações
recorrentes e oferecer soluções de investimento sob medida, alinhadas aos
eventos da vida, agregam ainda mais valor aos conselheiros. Soluções de IA do
tipo chatbots (por exemplo, o ChatGPT) têm o potencial de responder dúvidas que
os usuários possam ter sobre produtos financeiros, permitindo que clientes
recebam uma resposta quase instantânea.
- Aquisição
do cliente: As empresas de gestão de fortunas estão
promovendo o investimento em ferramentas digitais para auxiliar consultores na
geração de leads, aquisição de clientes, e melhoria da experiência de
matchmaking consultor/cliente para aumentar a retenção. O planejamento
financeiro é profundamente pessoal e conhecer os clientes permite que os
consultores aproveitem a tecnologia para demonstrar que podem agregar valor
quando as necessidades financeiras de quem estão atendendo tornam-se mais
complicadas.
- Consolidação
da Indústria: Como os maiores gestores de patrimônio
continuam procurando maneiras de alavancar seus balanços ao envolver clientes
diferentes em espectro de riqueza, pode haver novas aquisições de negócios
baseados em robôs e autogerenciados por empresas tradicionais com negócios
liderados por consultores. Para capturar totalmente o valor dessas transações,
as empresas precisarão de modelos operacionais rodando para garantir a
transição suave de consultores e de suas equipes, a transferência ordenada e um
onboarding dos ativos, além de uma integração efetiva de novas tecnologias e
estratégias.
-
Potencial da "Economia Verde": Enquanto os fundos
ESG notaram entradas mais fracas do que o esperado em 2022 em comparação com
anos anteriores, produtos de investimentos focados na entrega de retornos
baseados em valores continuam a impulsionar conversas com os clientes. O que se
deve esperar é um aumento do ritmo e da intensidade da regulamentação “verde”.
De requisitos de relatórios a esclarecimentos dos padrões ESG e convenções de
nomenclatura, a regulamentação atual está atolada na opacidade que a Comissão
de Valores Mobiliários dos EUA (SEC) e outros participantes do mercado
procurarão esclarecer e codificar este ano. Particularmente para empresas com
mandatos multi-jurisdicionais, investimento na criação de estruturas de suporte
de regulamentação, de conformidade e de dados necessárias para uma operação
contínua e de acordo com as regras é a maior prioridade.
“Diante dos desafios observados que inspiraram essas tendências, os gestores de
patrimônio tanto nos EUA, quanto no Brasil, têm demonstrado resiliência ao
navegar em ambientes desafiadores e iniciaram o ano em uma posição de relativa
força devido a essas oportunidades de crescimento”, afirma Sobral.
O estudo (no original em inglês) pode ser
consultado AQUI.
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