A incidência de AVC
no período perinatal é de 1 a cada 3.500 nascidos vivos
Neurocirurgião dá dicas para perceber
os sinais de AVC
“O
AVC pode ocorrer em todos os estágios da vida, mas a apresentação, as causas e
outras perspectivas clínicas são variáveis dependendo da idade do paciente. A
incidência estimada do AVC na infância é de 1 a 6 casos para cada 100 mil
crianças por ano. E as taxas de AVC no período perinatal, ou seja, até vinte e
oito dias após o nascimento, são mais elevadas, ocorrendo em pelo menos 1 a
cada 3.500 nascidos vivos”, explica o Dr. Ricardo Santos de Oliveira,
neurocirurgião pediátrico.
O
acidente vascular cerebral (AVC) é definido como uma perda súbita da função
cerebral. Existem dois tipos de AVC (1) o hemorrágico,
quando artérias que levam sangue ao cérebro se rompem, em geral ele é mais
grave, (2) e o isquêmico, quando as artérias que
levam sangue ao cérebro entopem ou obstruem, causando falta de oxigenação numa
área específica do cérebro.
Diferentemente
dos adultos, onde existe predomínio da isquemia cerebral, as causas que levam
ao AVC nas crianças são diversas. Entre elas, estão:
-
As cardiopatias congênitas, quando a criança nasce com
lesões no coração que podem gerar problemas para a circulação cerebral;
-
Doenças hematológicas como anemia falciforme, leucemias,
linfomas, entre outras;
-
Doenças relacionadas à coagulação do sangue;
-
Doenças relacionadas após quadros infecciosos como por
exemplo meningite, varicela e recentemente a covid-19;
-
Anomalias vasculares relacionadas à presença de aneurismas cerebrais,
malformações artério venosas ou a doença de moyamoya;
-
Infartos venosos, doenças metabólicas, e;
-
Traumas relacionados aos acidentes que podem levar hematomas intracerebrais ou
compressão do espaço subdural e epidural.
Os
principais sinais de alerta para qualquer tipo de AVC
são fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente um
lado do corpo, confusão mental, alteração da fala, alteração da visão,
alteração do equilíbrio, da coordenação, tontura, alteração na forma de andar,
dor de cabeça súbita, intensa, sem uma causa aparente.
O
neurocirurgião explica que existe uma palavra para lembrar e que é bem prática
para detectar os sinais do AVC: a palavra é SAMU.
S
– Sorriso. Peça para a criança sorrir e, caso ela esteja tendo um AVC, sua boca
provavelmente ficará torta.
A
– Abraço. Peça para criança levantar os dois braços como se fosse abraçar
alguém e ficar assim por dez segundos. Observe se um desses membros ficará
fraco neste tempo estipulado.
M
– Mensagem. Peça para criança repetir uma frase. Pessoas tendo AVC podem falar
enrolado, não entender o que foi dito ou mesmo dar uma resposta confusa.
U
- Urgente. Ligue imediatamente para o SAMU (192) e solicite uma ambulância para
a pessoa que está tendo uma suspeita de um AVC.
“Existem
várias artérias que levam sangue a diferentes partes do cérebro e a depender de
qual artéria rompe ou fica obstruída e de quanto tempo demorou o tratamento, o
prognóstico desse paciente pode mudar e até mesmo ele não resistir e vir a
óbito. Em crianças, felizmente, o risco de óbito é menor que em adultos por
conta das causas serem também diferentes”, conta Dr. Ricardo.
O
AVC também pode deixar sequelas na população pediátrica, porém, em razão da
plasticidade cerebral em crianças, as terapias de reabilitação trazem grandes
benefícios permitindo menos morbidade, melhor qualidade de vida e saúde
emocional para crianças e seus familiares.
O neurocirurgião tem um papel
importante na avaliação e na decisão sobre a melhor estratégia de tratamento.
Existem casos com a necessidade de intervenção cirúrgica imediata de emergência
e outros que podem ser tratados com medicamentos e até mesmo com outras
terapias, como por exemplo, a terapia endovascular.
Dr. Ricardo de Oliveira - Graduado em Medicina pela
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRPUSP).
Doutor em Clínica Cirúrgica pela Universidade de São Paulo, com pós-doutorados
pela Universidade René Descartes, em Paris, na França e pela FMRPUSP. É
orientador pleno do Programa de Pós-graduação do Departamento de Cirurgia e
Anatomia da FMRPUSP e médico assistente da Divisão de Neurocirurgia do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Também é docente
credenciado do Departamento de Cirurgia e Anatomia da pós-graduação e tem
experiência com ênfase em Neurocirurgia Pediátrica e em Neurooncologia, atuando
principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: neoplasias cerebrais sólidas
da infância, glicobiologia de tumores cerebrais pediátricos e trauma
crânio-encefálico. Foi o neurocirurgião pediátrico principal do caso das gêmeas
siamesas do Ceará. Atua com consultórios em Ribeirão Preto no Neurocin e em São
Paulo no Instituto Amato.
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