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terça-feira, 9 de novembro de 2021

O papel do ovo nos casos obesidade e na cirurgia bariátrica

A obesidade é uma doença crônica, caracterizada pelo acúmulo de gordura corporal, decorrente de um desequilíbrio entre o consumo alimentar e o gasto energético. Está associada a aspectos genéticos e alterações endócrinas e aumenta fatores de riscos como hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares, doenças articulares, entre outros1. 

O excesso de peso é avaliado através de uma medida chamada de índice de massa corporal (IMC), utilizada para identificar o padrão de sobrepeso e obesidade pela fórmula IMC = peso (kg) x altura 2 (m), em que o excesso de peso ocorre a partir de IMC > 25 kg/m2 (sobrepeso) e a obesidade é classificada a partir de IMC acima de 30kg/m22.

 

Dados obtidos pela Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito telefônico (Vigitel Brasil 2019) mostram que no Brasil o excesso de peso (IMC superior a 25 kg/m2) foi de 55,4% e 19,8% para obesos (IMC superior a 30kg/m2)3.

 

Entre os mais diversos tipos de tratamento como dietas e medicamentos, a mudança no estilo de vida é fundamental para que ocorra a perda de peso e sua manutenção junto com as práticas alimentares adequadas, por meio do consumo de alimentos promotores de saciedade como ovo, são de suma importância.  

 

A ingestão de ovo no café da manhã em planos alimentares com restrição calórica, sobretudo carboidratos, é uma estratégia interessante, pois a proteína aumenta a saciedade e evita beliscos ao longo do dia4. Um estudo realizado por Ratliff et al, aponta que o consumo de ovos no café da manhã resulta em uma menor variação de glicose e insulina plasmática e apresenta menores valores de grelina com redução de ingestão de alimentos5. 

 

Entretanto, nem todos os pacientes têm sucesso na modificação dos padrões alimentares e estilo de vida e a cirurgia bariátrica é um recurso que pode melhorar a qualidade de vida do indivíduo.


Para a realização da cirurgia existe um caminho a ser trilhado com a realização de exames, acompanhamento psicológico e nutricional, esse último que oferece o suporte pré e pós-operatório. Nestas fases, o ovo é um alimento bem-vindo porque é uma fonte de proteína de fácil digestibilidade, tão importante no período pós-cirúrgico, principalmente nos primeiros quinze dias, quando a dieta liquida é bem restritiva.

 

O consumo de sucos proteicos preparados com a clara do ovo é uma forma de aumentar o aporte proteico nesta fase e a gema compõe a preparação salgada na forma de sopas liquidas e coadas. O ovo é um alimento de sabor neutro e pode ser facilmente incorporado às preparações a um custo muito acessível.

 

A dica da nutricionista Rosana Rossi, especialista em cirurgia bariátrica, é preparar um suco proteico com a clara de ovo cozida batida com suco de maracujá. Já a gema na forma de farofinha, pode ser adicionada ao caldo salgado sempre respeitando a textura que deve ser liquida e coada. O consumo de 2 ovos diariamente fornece 12g de proteína, que somados a outras fontes proteicas como leite e iogurte proporcionam a variação. 

 

Passados 15 dias, uma nova textura passa a fazer parte da alimentação do paciente e o ovo mexido é muito bem-vindo porque é um momento em que o paciente já deseja mastigar alimentos sólidos. Por ser macio, de fácil mastigação, deglutição e digestão, o ovo é uma ótima opção.

 

Além da proteína, esse alimento contém gorduras mono e poliinsaturadas, vitaminas do complexo B, vitamina lipossolúveis, minerais e carotenoides. O ovo é prático, de baixo custo e faz parte do dia a dia do paciente.

 

 

 

 

Lúcia Endriukaite - Nutricionista do Instituto Ovos Brasil.  

 

 

 

Referências

 

1 -  www.abeso.org.br

 

2 - World Health Organization (WHO) Obesity and overweight (who.int)

 

3 - Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças Não Transmissíveis. Vigitel Brasil 2019: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sociodemográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2019 [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise em Saúde e Vigilância de Doenças não Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2020

 

4-  Vander Wal JS, Gupta A., Khosla P., Dhurandhar NV. O café da manhã com ovo aumenta a perda de peso. Int J Obes (Lond). 2008; 32 (10): 1545-1551.  doi: 10.1038 / ijo.2008.130

 

5- Ratliff J, Leite JO, de Ogburn R, Puglisi MJ, VanHeest J, Fernandez ML. Consuming eggs for breakfast influences plasma glucose and ghrelin, while reducing energy intake during the next 24 hours in adult men. Nutr Res. 2010 Feb;30(2):96-103. doi: 10.1016/j.nutres.2010.01.002. PMID: 20226994


Novembro Azul: 4 informações que todo homem precisa saber


Novembro é o mês dedicado à prevenção do câncer de próstata. É o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens (fica atrás do tumor de pele não melanoma) e corresponde a quase um terço dos tumores incidentes nas pessoas do sexo masculino. Em 2019, provocou a morte de 15,9 mil pacientes no país e, no ano passado, foram diagnosticados 65,8 mil novos casos, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer, do Ministério da Saúde.

A próstata é uma glândula localizada abaixo da bexiga e pesa cerca de 20 gramas. Para você entender melhor, ela tem o tamanho aproximado de uma noz. Sua função é produzir parte do sêmen, o líquido liberado durante o ato sexual para transportar os espermatozoides. Como costuma ocorrer com órgãos associados à sexualidade, a abordagem popular sobre o câncer de próstata é cercada de mitos que só a informação tem o poder de esclarecer.

Por isso, enumero a seguir quatro informações que todo homem precisa saber:

 

1.

Se descoberto cedo, o câncer de próstata tem mais de 90% de cura 

Todo homem com 50 anos ou mais deve procurar um médico urologista, mesmo que não sinta nada, para fazer os exames preventivos do câncer de próstata. Quando descoberta precocemente, a doença tem mais de 90% de chance de cura. Se houver histórico familiar, o monitoramento deve começar mais cedo, aos 45 anos.

O problema é que muitos homens não têm o hábito de ir ao médico nem mesmo uma vez por ano. Só tomam a iniciativa quando se sentem mal. Um levantamento do Centro de Referência em Saúde do Homem, de São Paulo, mostra que 70% dos pacientes do sexo masculino procuram o médico quando influenciados pela mulher ou filhos. E mais da metade chega ao consultório com doenças em estágio avançado.

Isso ajuda a explicar por que a expectativa de vida do homem é sete anos menor do que a das mulheres no país.

 

2.

Próstata com aumento de tamanho é mais comum do que você imagina 

A partir dos 50 anos, são comuns os casos de homens com a próstata aumentada. Os sintomas são dificuldade para urinar, vontade frequente de ir ao banheiro e sensação constante de bexiga cheia. Na maior parte dos casos, esse aumento de tamanho é provocado pela hiperplasia benigna da próstata. Se uma próstata normalmente tem o tamanho de uma noz, nos casos de hiperplasia ela pode ficar tão grande quanto uma bola de tênis. Mas, como o nome já diz, é uma condição benigna e o tratamento pode ser com medicamento ou cirurgia, dependendo da avaliação do especialista.

Porém, é preciso ficar atento, pois o aumento de tamanho da próstata também pode estar associado a problemas mais sérios, como o câncer. Daí a importância de consultar o urologista e fazer o acompanhamento anual, pois a única forma de garantir a cura é o diagnóstico precoce.

 

3.

Os exames PSA e toque retal se complementam: nada de fazer um e pular o outro  

Por tudo o que você leu acima, é muito importante fazer os exames preventivos de rotina: toque retal e PSA.

Para você entender, PSA é uma proteína produzida pela próstata e detectada no exame de sangue. Como a próstata cresce naturalmente ao longo da vida, o PSA costuma aumentar junto com ela. É preciso ficar atento, porém, porque o câncer de próstata também provoca o aumento desse marcador. Quando o PSA está aumentado, o urologista vai investigar se é por uma causa benigna ou maligna, daí a necessidade de fazer o acompanhamento preventivo do PSA uma vez por ano.

Já o exame de toque retal é rápido, indolor e complementa o PSA, ajudando o médico a identificar anomalias na próstata. E aqui é importante destacar: o PSA e o toque retal se complementam, nada de fazer só um e deixar o outro para lá.

 

4.

A técnica cirúrgica para tratar o câncer de próstata evoluiu nas últimas décadas

Nas últimas décadas, a cirurgia para tratar o câncer de próstata passou a ser menos invasiva e radical. Hoje, com o avanço das técnicas cirúrgicas e conhecimento mais pormenorizado de todas as estruturas locais, a cirurgia se tornou mais precisa. Nos casos iniciais do tumor, remove-se a próstata com as vesículas seminais, preservando os tecidos que envolvem a glândula.

A cirurgia robótica, que é a técnica mais avançada utilizada hoje em dia, permite a remoção da glândula com imagens de melhor qualidade e maior precisão de movimentos, tornando o procedimento mais rápido e seguro. Estudos também mostram sangramento e taxa de transfusão menores nos pacientes submetidos ao procedimento com robô. Outra vantagem é o tempo de internação. A recuperação do paciente é mais rápida, com alta precoce e com melhores resultados funcionais. Muitos pacientes saem do hospital no primeiro ou segundo dia após a cirurgia.


Triglicerídes elevado é a uma das principais causas de pancreatite aguda

A recorrência da doença e sua gravidade também podem indicar a presença da síndrome da quilomicronemia familiar (SQF), uma doença rara e subdiagnosticada

 

Quando se fala em altas de taxas de triglicérides (TGs), a primeira preocupação que surge, geralmente, é com a saúde do coração. Porém, o excesso de gordura no sangue pode danificar outros órgãos importantes para o funcionamento do corpo, como o pâncreas. Hoje, a hipertrigliceridemia já é a terceira causa de pancreatite, representando de 1 a 4% dos casos, precedida por etiologia biliar e alcoólica. Em estágios iniciais, a inflamação no pâncreas pode ser tratada de forma clínica, mas em situações graves, necessita de monitoramento contínuo e, muitas vezes, apresenta prognósticos com altos índices de letalidade[1].

Geralmente principal motivo para o acúmulo de gordura no sangue é a alimentação inadequada e excesso de peso. Entretanto, quando os resultados dos exames são muito maiores do que os valores de referência, é preciso investigar a possibilidade de uma doença rara, que afeta de uma a duas em cada um milhão de pessoas no mundo[2], chamada síndrome da quilomicronemia familiar (SQF).

Normalmente depois de ser absorvida pelo intestino e transportada no sangue, a gordura dos alimentos é decomposta com a ajuda de uma enzima chamada lipase lipoproteica. Em pessoas com SQF, essa enzima está disponível apenas em quantidades muito pequenas ou não funciona adequadamente, fazendo com que as gorduras dos alimentos não sejam metabolizadas e os TGs se acumulem no sangue[3].

Com isso, nesses pacientes, as taxas de triglicerídeos podem chegar a concentrações de até 10.000 mg/dL ou mais, quando os níveis normais não deveriam passar de 150 mg/dL[3]. Outros sinais da doença são o aparecimento de xantomas (depósitos de gordura na pele), a lipemia retinalis (aparência leitosa dos capilares da retina), o aumento do fígado e baço[
3].

Além de prejudicar os órgãos e causar manifestações físicas, como dor abdominal generalizada, fadiga, alterações gastrointestinais, entre outras[4], a SQF pode atingir também o sistema cognitivo, gerando dificuldade de concentração, perda de memória ou dificuldade para lembrar dos acontecimentos e julgamento prejudicado.

Afeta, ainda, o emocional do paciente, que tem que lidar com a incerteza constante sobre ter dores, cólicas ou pancreatite aguda, entre outros, podendo causar depressão, ansiedade e isolamento social.

"Como na maioria das doenças raras, a jornada para o diagnóstico pode ser longa. Por ter os mesmos sintomas aos de outras doenças mais conhecidas, a tendência é de investigar patologias mais comuns, antes de seguir para uma investigação genética mais aprofundada", Ana Maria Pita Lottenberg, Doutora e Mestre em Ciências dos Alimentos pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (USP). O diagnóstico pode ser feito por meio do exame clínico ou laboratorial. No primeiro caso, o médico consegue identificar sinais como hepatomegalia, que é o aumento anormal do tamanho do fígado; depósito de gorduras na pele e, em alguns casos, na retina[5].

"Os pacientes com SQF, geralmente, precisam consultar vários profissionais de saúde e fazer exames médicos laboratoriais frequentes, ao mesmo tempo em que realizam mudanças drásticas no estilo de vida, principalmente na alimentação, para conseguirem controlar os níveis de triglicerídeos", finaliza a especialista.


SQF: saiba mais sobre essa doença rara

A SQF é uma doença genética de herança recessiva, ou seja, é necessário que tanto o pai quanto a mãe de um indivíduo afetado, tenham um gene alterado; portanto, o risco de recorrência para a prole (os filhos) de pais portadores (do gene alterado) é de 25% para cada gestação do casal
. Além disso, estima-se que a prevalência seja entre uma e duas em cada um milhão de pessoas[3].

O diagnóstico da síndrome pode ser feito por meio do exame clínico ou laboratorial. Em um exame de sangue é possível avaliar a ausência ou deficiência da enzima LPL, assim como os níveis de triglicérides. Além disso, pode ser solicitado também um exame genético[5]. Em geral, o diagnóstico é feito tardiamente por conta dos sintomas bastante comuns e pela doença poder se manifestar em qualquer idade. Logo, é importante que a população tenha conhecimento sobre ela e fique atenta aos sinais.

 


Referências
[1]Maria Clara Fajardo Lima, Allysson Lucas Martins, Aléxia Patrício Matoszko,Marcos Taveira Moura, Joaquim Ferreira de Paula3 eCarlos Augusto Marques Batista. PANCREATITE AGUDA POR HIPERTRIGLICERIDEMIA:RELATO DE UM CASO COMPLICADO. Disponível em: site
[2]Falko JM. Familial chylomicronemia syndrome: a clinical guide for endocrinologists. Endocr Pract. 2018;24(8):756-763
[3]Mohandas MK, Jemila J, Ajith Krishnan AS, George TT. Familial chylomicronemia syndrome. Indian J Pediatr. 2005 Feb;72(2):181
[4]Davidson M, Stevenson M, Hsieh A, et al. The burden of familial chylomicronemia syndrome: interim results from the IN-FOCUS study. Expert Rev Cardiovasc Ther. 2017;15(5):415423.
[5]Sugandhan S, Khandpur S, Sharma VK. Familial chylomicronemia syndrome. Pediatr Dermatol. 2007;24(3):323-325


CORRER DESCALÇO TRAZ BENEFÍCIOS AO CORPO

Pesquisas mostram que os benefícios são maiores quando a corrida é feita sem tênis

Quando falamos em corrida, logo vem à cabeça a necessidade de um bom par de tênis para que o exercício seja feito da melhor forma. A justificativa para isso é que esse tipo de calçado absorve impacto, aumenta a performance e previne lesões. No entanto, pesquisas mostram que nem sempre escolher um bom tênis é a melhor opção. Correr descalço pode trazer muito mais benefícios.

Segundo o personal trainer Samorai, especialista em movimentos e treinamento 3Dimensional e fundador do Instituto de Performance Samorai, o pé é dotado de uma incrível tecnologia e possui diversas adaptações que nos ajudam a caminhar e correr. "Um fato interessante é que quando o pé toca o chão, pensando em uma corrida, a carga exercida sobre ele pode chegar a dez vezes o peso corporal. Isso poderia gerar um tremendo impacto, desconforto e até uma fratura de algum osso. Mas, a principal tarefa do corpo, começando principalmente pelos pés, neste cenário, passa a ser desacelerar esse choque", explica Samorai.

Ele ainda completa que considerando a mecânica do corpo, na marcha ou na corrida, ao entrar em contato com o chão o pé tem uma forma e após o corpo passar por cima, ele passa a ter outra, executando assim as duas funções com maestria. Existem argumentos que de que os tênis absorvem impacto e aumentam a propulsão, mas isso não é verdade, pois muitas pesquisas mostram que ou eles fazem uma coisa boa ou outra. Outra questão é dizer que eles previnem lesões, mas se isso fosse verdade as pessoas não se machucariam mais, já que todas correm de tênis.

Diversas pesquisas têm mostrado justamente o contrário, que correr sem tênis diminui a incidência de lesões ou que não altera a incidência delas. Prova disso é que na maioria dos países africanos muitos atletas passam a maior parte do tempo correndo descalços. Alguns até 18 anos sequer calçaram um tênis na vida e eles têm os maiores resultados nesse tipo de prova.

Samorai reforça que o fato é que nenhum tênis consegue reproduzir a eficiência do corpo humano. "O que acontece é que atualmente não andamos mais descalços e como o corpo responde a uma lei de uso e desuso, por estarmos sempre de calçados, transferindo para eles a função de desacelerar e propulsionar, com o passar do tempo, alguns mecanismos do corpo vão perdendo eficiência e assim, nos tornando dependentes do tênis. Sendo assim, correr de tênis passa a ser mais seguro e eficiente, não pelo tênis em si, mas porque nosso corpo desaprendeu a fazer essa tarefa. A boa notícia é que se voltarmos a estimular, ele volta a evoluir nesse quesito e com o tempo volta a ter alto rendimento e segurança", afirma Samorai.

O personal explica que o ideal é ir se adaptando aos poucos, progressivamente. "Faça seu treino como você sempre fez e no final ou no começo, corra ou ande, dependendo do seu nível, uns 2 minutos descalço. Faça isso por um tempo e vá aos poucos progredindo. Lógico que se sentir alguma dor, pare a atividade imediatamente", diz ele.

A recomendação é procurar um profissional especializado em treinamento 3Dimensional para que ele possa fazer uma avaliação dos movimentos, detectar as compensações no corpo e corrigi-las para que o corpo faça o papel dos tênis. Há também o fato de que nas ruas pode ter de tudo no chão, como cacos de vidro, fezes de cachorro, prego, asfalto superquente, que podem cortar, ferir ou queimar nossos pés.

Uma possível solução seria o uso dos chamados tênis minimalistas, que protegem desses ferimentos, mas não interferem nas funções do corpo, em especial na função dos pés. Alguns têm até o formato dos pés, com os dedinhos, como se fosse uma luva. "Eles podem ser um bom aliado para você que quer usar a corrida como um exercício para aprimorar as capacidades do seu corpo", completa Samorai.

 

 


Samorai - Criador do Método de Treinamento 3Dimensional, Bacharel em Esporte pela USP, Movement Specialist pelo Gray Institute dos USA e International Educator do Gray Institute, além de ser uma das cinco pessoas que podem ministrar cursos desse instituto em qualquer lugar do mundo. Ele tem formação em Kettlebell Training pelo RKC, também dos USA, em Krav Maga e defesa pessoal pelo IKM de Israel, além de formação em Ciências Políticas e Filosofia com Clóvis de Barros Filho, na USP. Trabalhou nos USA, Alemanha e Irlanda, país onde também morou.  Samorai é palestrante internacional, estuda áreas como Antroposofia e Pedagogia Waldorf, massoterapia e quiropraxia. Atleta de handebol por 20 anos, ele tem participações em torneios nacionais e internacionais e esteve na Olimpíada do RJ com a equipe da Polônia de handebol. Atleta do ano de 2019 pelo Alliance Jiu Jitsu, equipe recordista em títulos mundiais (12 conquistas nos últimos 14 anos), ele é campeão sul-americano, brasileiro, do Internacional Master e BJJ Pro. De 2013 a 2015 foi professor no reality show Além do Peso (TV Record) em todas as temporadas e já participou de diversos trabalhos em grandes emissoras e nos veículos de comunicação mais consagrados do Brasil.


Facetelling: a história que o rosto conta

A dermatologista Luciana Garbelini fala sobre o uso dessa técnica de análise facial dentro do universo da dermatologia estética


Método geralmente associado e usado no universo da moda e do visagismo, o conceito de Facetelling também pode estar presente na medicina, mais especificamente implementado dentro da dermatologia. "O uso dessa técnica tem como objetivo individualizar ainda mais os tratamentos de correção, ajustes ou embelezamento voltados para o rosto, tornando-se um aliado na busca por uma beleza pessoal e autêntica. É como uma consultoria de imagem facial, porém voltada para aspectos estéticos e resoluções mais personalizadas e adequadas," diz a dermatologista Luciana Garbelini.

Apesar de conceitualmente ser algo aplicável em diversos casos, se tratando da face o uso da técnica é ainda mais interessante na busca por resultados individualizados. "O rosto é uma das principais partes do corpo pela qual se tem contato com o outro. Por onde é possível se expressar e transmitir mensagens só por meio da comunicação visual, sem necessariamente precisar da linguagem verbal", destaca a médica. "Toda imagem, seja ela uma paisagem, quadros, objetos, ou roupas passam uma ideia. Com o rosto não é diferente, esta parte do corpo consegue transmitir diversas informações," frisa Luciana.

Por conta disso, e por meio de medidas e proporções é possível avaliar os traços faciais - formato das sobrancelhas, olhos, nariz e lábios, além da relação entre eles - e suas possíveis interpretações. Assim, buscando a melhor forma desses elementos estarem combinados dentro do que se quer comunicar ou transmitir. "A sua imagem é condizente com a mensagem que você quer transmitir? É possível ajustar isso usando o rosto como objeto de estudo", explica a especialista.


O processo

Doutora Luciana conta que com esses dados em mãos é estabelecido junto ao paciente quais as intervenções mais adequadas para alcançar o equilíbrio entre imagem e mensagem. "Absolutamente tudo é personalizado e na medida certa, buscando naturalidade".

Apesar de levar em conta os traços físicos do paciente, a médica destaca também a importância do profissional respeitar o gosto pessoal do cliente. "Conversamos e oriento sobre o que seria mais adequado. Mas também respeito caso o paciente não se sinta confiante em fazer algo por não acreditar que aquela intervenção combine com sua personalidade, mesmo que esteticamente e de acordo com a leitura facial fique interessante." E completa: "Afinal, nós já percebemos que nem todas as pessoas ‘combinam’ com ângulos de mandíbulas exageradamente marcados, sobrancelhas hiper arqueadas e nariz arrebitado. Assim, também cabe ao médico destacar e explicar o motivo de uma possível contra indicação, mesmo que em um primeiro momento o paciente chegue certo do que quer mudar ou como quer fazer essas possíveis alterações."

Além disso, a dermatologista destaca que o uso da técnica ainda é interessante como uma forma de perspectiva para o futuro. "Vemos como esse rosto se comportou até aqui e quais podem ser as projeções ou expectativas daqui para frente. Assim, fica até mais fácil fazer indicações certeiras de tratamentos a longo prazo," finaliza a especialista.



Dra. Luciana Garbelini - Dermatologista Formada pela Universidade de Santo Amaro. Residência médica em Dermatologia na Universidade de Santo Amaro, Pós-graduada em cosmiatria e estética no Instituto Superior de Medicina. Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia.

 

No Novembro Azul, Anadem incentiva a consulta periódica e chama a atenção para os direitos dos homens com câncer

Entidade esclarece que o paciente com câncer de próstata tem direitos que o defendem; leis não chegam ao conhecimento de quem precisa


Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a cada três pessoas adultas que morrem no Brasil, duas são do sexo masculino. Um dos motivos que explicam esse cenário é o fato de os homens procurarem menos a consulta médica preventiva. Com a pandemia, o problema se intensificou. Dados do Ministério da Saúde mostram que o número de consultas urológicas no SUS caiu 33,5% entre 2019 e 2020. A realização de um exame complementar, chamado PSA, teve queda de 27%. O número de biópsia, ou seja, a retirada de fragmentos do tecido da próstata para análise, caiu 21%. Por fim, as cirurgias para retirada da próstata por câncer caíram 21,5% no período.

Celebrada em mais de 20 países, a campanha do Novembro Azul visa a conscientizar a população, em especial os homens, para a importância desta doença que, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens, sendo superado apenas pelo câncer de pele não melanoma.

O presidente da Sociedade Brasileira de Direito Médico e Bioética (Anadem), Dr. Raul Canal, fala da necessidade e da importância das consultas médicas preventivas: "É de suma importância que os homens se conscientizem da necessidade de se fazer consultas médicas preventivas e periódicas. Temos que acabar com esse preconceito de que homem não adoece. Para isso, estamos com uma campanha interna, na Anadem, com o lema: ‘Tenha um dedo de prosa com o seu médico’. O objetivo é desmistificar, de forma leve e com uma pitada de informalidade, esses estereótipos, preconceitos e receios do universo masculino".

Soma-se à resistência masculina em procurar consulta médica a demora nos processos para o início do tratamento, e o cenário é de uma realidade difícil para aqueles acometidos pela doença. Segundo pesquisas, o tempo médio entre o diagnóstico do câncer de próstata e o primeiro tratamento é de cerca de 82 a 88 dias no Estado de São Paulo, por exemplo. Neste tempo, a qualidade de vida do paciente e, até mesmo, o sucesso do tratamento podem ser comprometidos.

"Além de superarmos essa barreira, que é o homem não procurar auxílio médico com frequência, temos que vencer outra batalha que é a identificação precoce da doença. Existem algumas leis que visam a aprimorar e a otimizar o tempo para a prevenção do câncer, o que temos que fazer é exigir que elas sejam colocadas em prática em prol dos pacientes", ressalta o presidente da Anadem.

Entre as legislações e os direitos pouco divulgados e reivindicados estão a Lei nº 13.045, de 2014, que determina que as unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) devem realizar exames para a detecção precoce do câncer de próstata sempre que o médico considerar necessário; a Lei n° 13.767, de 2018, que permite a homens e a mulheres se ausentarem do trabalho, sem prejuízo no salário, por até três dias em cada 12 meses trabalhados, para a realização de exames de detecção de câncer; e o direito que todo paciente diagnosticado com câncer possui de resgatar o FGTS por tempo de serviço.

O presidente da Anadem fala da importância de se fazer valer os direitos e as leis, tendo em vista o momento delicado do paciente. "Pesquisas mostram que quando o homem vai ao médico - muitas vezes, depois de uma árdua campanha de convencimento de seus familiares - na maioria dos casos, a doença já está no estágio II, em primeiro lugar, ou no estágio IV, em segundo lugar. Portanto, ele tem que ter seus direitos preservados integralmente e o tratamento iniciado o quanto antes para que possa ser eficiente em todos os sentidos. Ele não pode ficar preocupado com outra coisa que não se curar da doença", finaliza Raul Canal.


Nomofobia: vício em estar conectado ao celular

Apego ao aparelho se tornou tão sério e comum, que já ganhou até nome pelos especialistas


Atualmente, o celular é um item essencial para a rotina de qualquer pessoa, seja para o trabalho, comunicação, pesquisa, estudos ou até para o lazer. Entretanto, seu uso deve ser moderado, e a dependência do aparelho, controlada, para não haver excessos. Um estudo realizado no Brasil pelo Departamento de Medicina Comunitária do Instituto de Ciências Médicas de Derhandun, Uttarakhand e do Departamento de Medicina Comunitária de PGIMER, Chandigarh, na Índia, revelou que 68% dos participantes relataram dependência do aparelho.

De acordo com a psiquiatra e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo, Raquel Heep, ansiedade, depressão, solidão, angústia, palpitações, falta de ar e dor de cabeça são alguns dos sintomas da nomofobia. “Ela pode ser uma causa, por exemplo, de problemas de ansiedade,  transtornos de pânico, insônia, além de outras consequências físicas e mentais”, esclarece.  “É comum haver pessoas que acordam durante a noite para checar o celular, o que afeta na qualidade de sono. Também tem quem leve o aparelho para o banheiro, para a hora da refeição e inclusive para o lazer”, complementa Raquel. Segundo ela, essas ações devem acender uma luz vermelha nos hábitos para que não se tornem vícios. "Como o apego pelo smartphone é muito grande na maioria das pessoas, o ideal é usá-lo cada vez menos para gerar o mínimo de ansiedade pela falta do item durante a rotina", salienta.

Em alguns casos, é necessário o uso de medicamentos prescritos por psiquiatras, já que se trata de uma doença bem específica da área da saúde mental. “Muitas vezes, é preciso associar com psicoterapia, relacionar a medidas de higiene de sono, adequar rotinas, colocar limites no uso do aparelho celular para o trabalho e até mesmo para o lazer”, completa a especialista.

 

Universidade Positivo

up.edu.br/


Mudança na estratégia de vacinação evitou ciclo de febre amarela urbana em São Paulo, afirmam cientistas

 

Artigo publicado na Scientific Reports mostra que o vírus se deslocou a uma velocidade de 1 km por dia durante os últimos surtos silvestres registrados no Estado, entre 2016 e 2019, alcançando municípios jamais afetados antes; autores alertam que a situação pode se repetir (foto: James Gathany/CDC)          

 

A febre amarela é uma doença viral não contagiosa que tem dois ciclos de transmissão: silvestre e urbano. No primeiro, o vírus circula entre macacos, sendo transmitido no Brasil por mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes. No segundo, circula entre humanos, sendo transmitido pelo Aedes aegypti. O Brasil não tem casos de febre amarela urbana desde 1942, mas a versão silvestre pode, por acidente, afetar pessoas que moram perto de florestas e matas, ou que as frequentam.

Foi o que aconteceu nos últimos surtos silvestres em São Paulo, entre 2016 e 2019. Segundo artigo publicado na Scientific Reports, que descreve o processo de difusão no Estado, a doença vitimou pessoas em locais muito próximos à capital e em municípios que não tinham recomendação vacinal, pois nunca haviam sido atingidos pela doença, como Campinas. Se a estratégia de vacinação não tivesse sido adaptada às circunstâncias, os efeitos poderiam ter sido muito piores, resultando em mais óbitos, revelam agora os cientistas.

“Passamos por um risco grande de ter a reintrodução da febre amarela urbana em cidades adjacentes a São Paulo. Uma epidemia urbana teria efeitos gravíssimos e seria um retrocesso”, diz Francisco Chiaravalloti Neto, professor do Departamento de Epidemiologia da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP). Ele é coautor do trabalho, conduzido com apoio da FAPESP.

Foram identificadas duas ondas entre 2016 e 2019: uma vinda de oeste para leste (2016 e 2017) e outra se espalhando da região de Campinas aos municípios limítrofes do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná, até o litoral de São Paulo (2017 a 2019). A primeira onda saiu de São José do Rio Preto em abril de 2016 e atingiu Campinas em agosto de 2017, a uma velocidade de 1 quilômetro (km) por dia. “Nesse momento, por conta da baixa cobertura vacinal, os casos em humanos aumentaram e a doença se espalhou em direção à capital paulista, litoral, Vale do Paraíba e Sorocaba na mesma velocidade, e também para o Vale do Ribeira, onde andou mais lentamente”, relembra o professor da FSP-USP.

A estratégia de vacinação do Ministério da Saúde e da secretaria estadual nesses casos é imunizar todo o município que está em risco e também os adjacentes. “Mas, quando a doença atingiu Campinas, a Divisão de Imunização do Estado abriu mão dessa estratégia, que incluía vacinar a cidade inteira mais municípios limítrofes, como Indaiatuba e Paulínia, e decidiu vacinar cidades como Jundiaí, Jarinu e Itatiba, pois foi detectado que era para onde o vírus estava migrando. Na época, Campinas e limítrofes somavam mais do que 1 milhão de habitantes, mas havia disponível no Estado menos de 1 milhão de doses”, resume Adriano Pinter, pesquisador científico da Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), órgão da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, e coautor do artigo.

Ele afirma que em Mairiporã, cidade na qual ocorreram 181 casos em humanos, a cobertura estava próxima de 80% quando a doença chegou (por azar, próximo do Natal, época em que o número de visitantes aumenta). “Se Mairiporã teve mais de cem óbitos mesmo com cobertura vacinal acima de 80%, imagina se não tivessem vacinado?”, pergunta-se, salientando que na maioria das cidades sem recomendação vacinal, geralmente, a cobertura fica em torno de 5% da população. “As pessoas só se vacinam quando vão viajar.”

Os cientistas alertam que a situação vivida entre 2016 e 2019 pode se repetir. “Temos de estar atentos, pois sabemos o caminho que a doença pode fazer. Estudos apontam que essas ondas de febre amarela começam na Amazônia e, pelos corredores florestais, passam por Tocantins, Goiás e Triângulo Mineiro até chegar ao Estado de São Paulo, espalhando-se pelo litoral e migrando para o sul. Hoje, a onda chegou ao Rio Grande do Sul. Acredita-se que sejam ondas que aconteçam de cinco em cinco anos. Campinas nunca tinha sido afetada pelo ciclo silvestre, foi a primeira vez. E descrevemos bem esse processo no trabalho”, afirma Pinter.

Até 1999, a versão silvestre da febre amarela estava restrita às regiões Norte e central do país, com casos esporádicos no Sudeste. Desde os anos 2000, São Paulo tem sido um dos centros de expansão e circulação da doença. Entre 2016 e 2019, foram confirmados 648 casos humanos no Estado, com 230 mortes, e 850 casos em macacos ou grupos de macacos. A febre amarela pode apresentar sintomas leves, o que acontece em boa parte das ocorrências, mas a letalidade nos casos graves é de 40%.


Padrão de propagação

Apesar de não ser uma doença contagiosa, o padrão de difusão descrito pelos cientistas é chamado de propagação “por contágio”, expressão que se refere à transmissão no território (como se os fragmentos florestais fossem “contagiosos” uns para os outros).

De acordo com o primeiro autor do artigo, Alec Brian Lacerda, a difusão da doença pode se dar por expansão, por realocação ou de forma híbrida. “A difusão por expansão divide-se em duas: por contágio, quando se observa a propagação pela proximidade de território, ou hierárquica, quando geralmente são atingidos grandes municípios. Nesse caso, a propagação não segue um padrão de continuidade de território, ela dá saltos, o que poderia ser um indício de surto urbano.”

Na difusão por realocação observa-se o movimento migratório: a doença deixa o ponto de origem, no qual para de crescer, e vai para outro mais favorável, criando um novo ponto de origem. “Isso acontece, por exemplo, quando pessoas saem de áreas sem recomendação vacinal e entram, sem vacina, em áreas com recomendação vacinal. Já na propagação híbrida também acontece realocação, mas com o antigo ponto de origem ainda ativo. Caracterizamos os processos dessa maneira e montamos mapas mostrando os municípios e os casos ocorridos: se eram casos em macacos, em humanos, ou ambos”, explica Lacerda, que começou a desenvolver o trabalho ainda como bolsista de iniciação científica da FAPESP.

Segundo Pinter, na época em que foi feita a proposta de vacinação levou-se em consideração que o vírus estaria se propagando apenas entre os mosquitos silvestres e, como eles não conseguem voar muito, aventou-se que a difusão se daria por continuidade do território. “Mas havia ainda uma dúvida sobre o fato de o ser humano participar ou não da transmissão. No artigo, confirmamos que isso não aconteceu, que a transmissão de fato ocorreu apenas entre os mosquitos e os primatas não humanos e que o homem foi atingido eventualmente, mas ele não transmitiu, e a transmissão não ocorreu na cidade. Caso o ser humano tivesse participado da transmissão, ela teria sido hierárquica, ou seja, as pessoas apareceriam infectadas nas grandes cidades, a transmissão daria ‘saltos’ de um local para outro. E o que estava acontecendo era que o vírus estava se espalhando nas pequenas cidades, por continuidade territorial.”


Direção e velocidade

Lacerda esclarece que o grupo usou os dados do Centro de Vigilância Epidemiológica Professor Alexandre Vranjac (CVE), da Secretaria de Saúde de São Paulo (casos envolvendo macacos e casos humanos, por município) e também dados de cobertura vacinal de 2015 a 2018 do Programa Nacional de Imunização (PNI).

“Usamos dados de cobertura vacinal da população entre 0 e 5 anos e a partir deles fizemos uma aproximação da cobertura total para a população, pois os dados disponíveis para essa faixa etária são um registro mais fiel de como o sistema de saúde acessa a população. E o próprio Ministério da Saúde recomenda seu uso em pesquisas como a nossa”, diz ele.

De posse dos dados, os cientistas aplicaram uma técnica estatística chamada krigagem (kriging) para mapear a expansão do vírus. “Para cada município estabelecemos uma data, sempre a data do primeiro caso, seja ele humano ou epizootia, depois criamos uma sequência numérica correspondente aos meses, ligando os municípios aos meses em que se deu o início do processo de difusão e usamos a técnica da krigagem para mapear o fenômeno no espaço e no tempo, criando curvas que mostram qual foi a direção e a velocidade da progressão da difusão. Uma vez com os mapas prontos, pudemos compará-los com o mapa da cobertura vacinal e concluir, por exemplo, que a epidemia chegou a Campinas quando havia cobertura vacinal muito baixa ou não havia recomendação vacinal”, lembra Chiaravalloti Neto.


Invernos quentes

A chegada da doença a locais nunca antes afetados levanta várias hipóteses que precisam ser testadas. “A que faz mais sentido para mim tem a ver com invernos mais quentes. Não deveria haver mosquitos, alados, no inverno. Só deveria haver ovos, pois a larva não sobrevive ao frio e morre. Mas o que vimos é que aconteceu transmissão também durante o inverno em 2017. Ou seja: o mosquito estava voando durante o inverno”, afirma Pinter.

Ele crê ser possível que os invernos mais frios tenham sido responsáveis por bloquear a transmissão do vírus no passado, protegendo cidades como Campinas e Mairiporã. “Só que, agora, temos invernos menos frios. Não estou falando de uma enorme diferença de temperatura, mas de 2 °C, 3 °C. Há artigos sobre a dengue mostrando que temperaturas ao redor de 20 °C são boas para o mosquito, enquanto de 16 °C já são impeditivas. Acontece mais ou menos a mesma coisa com a febre amarela. Por isso, o que faz sentido para mim em meio a tantas hipóteses é que temos tido invernos menos frios e, quanto mais quentes eles forem, mais velozes serão essas propagações do vírus.”

Os principais sintomas da doença são sensação de mal-estar, dor de cabeça, febre alta, dor muscular, calafrios, cansaço, vômitos, náuseas e diarreia, mas ela pode também afetar os rins e o fígado. Felizmente, para febre amarela existe vacina, produzida no Brasil desde 1937. Oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), ela oferece proteção vitalícia. “Nosso conselho para a população é que tome a vacina”, dizem, em uníssono, os três autores.

O artigo Diffusion of sylvatic yellow fever in the state of São Paulo, Brazil, assinado também pelas cientistas Leila del Castillo Saad, do CVE, e Priscilla Venâncio Ikefuti, da FSP-USP, pode ser acessado no link www.nature.com/articles/s41598-021-95539-w.

 

 

Karina Ninni

 Agência FAPESP

https://agencia.fapesp.br/mudanca-na-estrategia-de-vacinacao-evitou-ciclo-de-febre-amarela-urbana-em-sao-paulo-afirmam-cientistas/37256/

 

Pesquisa aponta que 62% dos brasileiros só recorrem ao sistema de saúde quando têm algum sintoma insuportável

Levantamento foi realizado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, em parceria com a Gillette, em celebração aos 10 anos da Campanha Novembro Azul

 

O Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL), em parceria com a Gillette, marca líder no mercado de lâminas de barbear no mundo, lança a pesquisa inédita "10 respostas sobre a saúde do homem" que traz dados sobre a visão da população masculina no que diz respeito ao autocuidado, rede de apoio e atendimento, prevenção, crenças e o diagnóstico de doenças como o câncer de próstata.

O estudo foi realizado em referência à comemoração dos 10 anos do Novembro Azul que, além de ser uma campanha de conscientização criada pelo LAL, é um movimento que tem um forte papel de promover a discussão sobre políticas públicas dedicadas à saúde do homem no país. Ao todo, foram ouvidos 1.800 homens, de 18 a 65 anos, sendo 1.000 distribuídos entre as diversas regiões brasileiras e 800 no México, Argentina e Colômbia. 

Esse levantamento trouxe recortes importantes e informações para mobilizar os gestores públicos e os formuladores de políticas públicas, para a necessidade de uma Linha de Cuidados para a Saúde do Homem e, também, sugestões dos brasileiros no que se refere ao atendimento disponibilizado na Atenção Primária, para receber o homem, atender e fazer o encaminhamento desse público no Sistema de Saúde.

De acordo com a presidente do LAL e criadora da campanha Novembro Azul, Marlene Oliveira, as perguntas da pesquisa ajudam a ter uma visão ampla sobre o comportamento dos homens em relação a saúde e trazem alguns dados alarmantes como, por exemplo, que 62% dos brasileiros só recorrem ao sistema de saúde quando têm sintoma insuportável e apenas 43% reconhecem que são do grupo de risco e que precisam se cuidar.

"Há uma evolução a respeito da conscientização dos homens quanto à saúde, mas ainda é preciso quebrar alguns estigmas que impedem ou atrasam o tratamento tanto de doenças físicas como mentais", explica Marlene. Ela complementa que um dos objetivos da campanha sempre foi fornecer acesso a informações corretas e de qualidade à população.

Segundo a pesquisa, 53% dos brasileiros recorrem ao Google para buscar informações sobre saúde, 34% assistem vídeos do YouTube e 9% preferem as mídias sociais de artistas e médicos para se informar. O suporte das empresas em relação ao autocuidado dos funcionários ainda é pouco, sendo que apenas 18% organizam campanhas de esclarecimento sobre riscos à saúde.

O estudo revela ainda que durante a pandemia 90% dos brasileiros encontraram motivação para observar o corpo com mais atenção e ampliar os cuidados com a saúde. As ações relatadas vão desde uma alimentação mais saudável até a compreensão da importância da imunização e a diminuição do uso de bebida alcoólica e tabaco. Quando perguntados sobre o que significa cuidar da saúde, 65% acreditam que é ir ao médico quando há algum problema, 36% entendem que significa fazer academia regularmente e 17% jogar futebol aos fins de semana. 

O apoio de Gillette à pesquisa é uma das iniciativas da marca que, desde 2020, é apoiadora do Novembro Azul, reafirmando seu propósito de ajudar os homens a se apresentarem, sentirem e serem o seu melhor, a cada dia. Com ela, a marca espera abrir ainda mais espaços para a discussão sobre a falta de acesso à informação deste tema, além de contribuir junto à sociedade para dar a todos a oportunidade de ter um hábito de saúde melhor.

"Decidimos apoiar a realização desta pesquisa do LAL porque queremos conscientizar os homens a cuidar cada vez mais da sua saúde e, assim, dar confiança para que cada dia sejam a melhor versão de si mesmos. O autocuidado é indispensável quando o assunto é a prevenção de doenças e, muitas vezes, infelizmente, a ida constante ao médico e os cuidados preventivos não são tratados como prioridade. Queremos alimentar essa conversa, encorajar a todos para que encarem seus desafios e para que estejam prontos para viverem bem e seguros", diz Luis Siqueira, diretor sênior de marketing de Gillette Brasil.


Brasileiros X latinoamericanos

Os latinoamericanos aparecem na pesquisa mais otimistas que os brasileiros em relação à própria saúde. Cerca de 83% dos brasileiros consideram sua saúde de excelente a boa enquanto nos outros países esse índice é de 90%. Por outro lado, 77% dos homens brasileiros estão informados sobre a importância do exame de toque retal para a detecção do câncer de próstata; já a parcela de homens latinoamericanos é menor, 55%.

Além disso, 70% dos brasileiros fazem exames anualmente, na América Latina são 57%. No Brasil, os homens também estão mais preocupados com a saúde mental, sendo que 42% querem melhorar os cuidados nesta área, contra 34% nos demais países.


Câncer de próstata

A maioria dos homens está alerta para não ignorar ou subestimar o câncer de próstata. No entanto, ainda há uma parcela significativa de homens, entre 15% e 20%, que diz não saber como evolui a doença e se deve monitorá-la. Segundo a presidente do Instituto, entre os homens brasileiros acima dos 45 anos, 34% disseram que não fizeram o exame por não sentir nada de errado com a próstata e 43% porque o médico não indicou o exame. Apesar disso, 60% deles reconhecem que a doença pode não apresentar sintomas.

39% dos homens brasileiros acham que o câncer de próstata acabará com a vida sexual deles e 16% acham que a doença sempre causará impotência. Já entre os latinos, os números são 37% e 18%, respectivamente. "Não podemos perder tantos homens por falta de informação e atitude preventiva", alerta Marlene. Ela lembra ainda que a campanha se preocupa também com a necessidade de diagnóstico precoce de outras doenças como o câncer de testículo e de pênis.


Sobre o estudo

A pesquisa foi realizada pelo LAL, em parceria com a Gillette, entre 7 e 14 de outubro. Contou com a curadoria de Roberta Pimenta, especialista em pesquisas e inteligência de mercado, Mestre em Administração de Empresas pelo Instituto Coppead da Universidade Federal do Rio de Janeiro, com Especialização em Marketing Internacional pela EM Lyon Business School e Pós-graduada em Finanças pela FIA/USP. O questionário foi respondido por 1800 homens, sendo 1000 no Brasil - 49% no sudeste, 23% no nordeste, 14% no sul, 7% no centro-oeste e 7% no norte - e 800 em outros países da América Latina - 56% México, 24% Argentina e 20% Colômbia.



Instituto Lado a Lado Pela Vida (LAL)



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