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sábado, 6 de março de 2021

Estudo apresenta o Raio-X da mobilidade da mulher no Brasil


Um estudo realizado pela Younder, em parceria com o Instituto Mobih, por meio de pesquisa quantitativa on-line feita com 203 mulheres brasileiras e outros recortes, traz um panorama das dificuldades enfrentadas diariamente pelas mulheres na mobilidade. O levantamento conta com o apoio de especialistas em tecnologia para educação do trânsito, Mobilidade, Diversidade e Inclusão, e tem como objetivo oferecer insumos para embasar argumentos e ideias que promovam reflexões e mudanças positivas para o público feminino.

A mobilidade deve ser feita por pessoas, para pessoas. Mas na prática não é bem assim. As nuances dentro dos grupos sociais não são levadas em consideração, especialmente as relacionadas a gênero. A amostra indica que 40% das mulheres vivem em residência com somente um carro, sendo que, em 55% das oportunidades o homem fica com o veículo nesses lares. Além disso, 68% dos homens que ficam com o automóvel único possuem relações conjugais, enquanto 32% são familiares.

Neste contexto, um estudo realizado pela Ipsos no ano passado aponta que os motivos pelos quais homens e mulheres optam por ter carro são totalmente diferentes. Enquanto 45% dos homens optam pelo carro porque querem ter mais controle sobre chegada e saída, 40% das mulheres optam pelo próprio carro porque preferem manter sua privacidade. No entanto, a realidade é que as mulheres brasileiras utilizam mais ônibus para se locomover: 50% contra 42% dos homens.

Segundo a CEO da Younder, Claudia de Moraes, a crença de que as mulheres têm menos direitos do que os homens, faz parte da nossa construção social e cultural. Isso, obviamente, reflete na mobilidade da mulher. “Do mesmo modo que nossas avós criaram nossas mães, elas nos criaram e nós vamos criando nossos filhos. Esquecemos de questionar pois achamos normal sentir medo. Temos medo de andar pelas ruas da cidade, de usar o transporte público, de chamar um motorista homem no aplicativo, de nos divertirmos nas festas de rua em dias de Carnaval”, explica Claudia.


Assédio



Por utilizarem menos o carro próprio, as mulheres são mais ativas na utilização de aplicativos de transporte. Segundo levantamento feito pela Consultoria BCG no último ano, 60% das mulheres utilizaram aplicativos ao menos uma vez por semana. No entanto, seja no transporte público, por aplicativo ou em táxis, a privacidade não é respeitada.

Das brasileiras com mais de 18 anos, 97% afirmaram que já passaram por situações de assédio sexual no transporte público, por aplicativo ou em táxis. Os dados são dos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva e apontam que 71% das mulheres conhece alguma mulher que já sofreu assédio em espaço público.

Além dos problemas com assédio em transportes, existem questões que deixam as mulheres mais vulneráveis como a falta de iluminação nas ruas para os trajetos noturnos, entre outros.  “A mobilidade feminina deve ser pensada urgentemente como questão de ordem pública e, também, de responsabilidade privada. Quando analisamos a estrutura da sociedade é fácil perceber que ela não foi pensada para todos os agentes que a compõem. Analisando as dificuldades a partir de uma perspectiva de gênero, os obstáculos começam ao sair de casa: calçadas esburacadas, ruas sem sinalização, falta de iluminação em muitos locais. Desde 2016, decidi não utilizar automóvel e passei a usar transporte público e aplicativos, por isso posso listar sem medo as inúmeras questões que me atravessam antes de virar a chave do meu apartamento antes de sair para os meus compromissos”, argumenta Ana Bavon, consultora, treinadora e palestrante em Diversidade e Inclusão.


Mulher ao volante

O Relatório Anual da Seguradora Líder-DPVAT, com dados de 2019, revela que a maior incidência de indenizações pagas no Brasil foi para vítimas do sexo masculino, mantendo o mesmo comportamento dos anos anteriores. A taxa de destruição indenizatória foi de 75% para homens e 25% para mulheres.

A especialista em segurança e educação no trânsito, Roberta Torres, acredita que o debate é o melhor caminho para o fim do preconceito contra as mulheres na mobilidade. “Embora os dados estatísticos demonstrem exatamente o contrário, crescemos ouvindo o ditado ‘Mulher ao volante, perigo constante’ e, por trás dele, existe uma cultura de gênero que precisa ser cessada. Levantar este debate é essencial para um trânsito mais humano e justo”, sugere Torres.


Tecnologia em prol das mulheres

Para Claudia de Moraes, em tempos de inovação, as empresas e poder público deveriam investir mais em tecnologia, comunicação e treinamentos. “Criar canais de denúncias  sobre assédio, que podem inclusive, fazer parte dos aplicativos tão comuns para a solicitação dos serviços que usamos diariamente, implementar sistemas de Inteligência artificial no transporte público, nas ruas, em locais públicos para identificar assediadores, desenvolver campanhas de conscientização, como também treinar os funcionários e prestadores de serviços sobre o tema, explicando o que é, como evitar e agir em situações de assédio às mulheres e às minorias”, finaliza. Recentemente, a Younder desenvolveu um pacote de cursos on-line e presencial para a 99, com enfoque em tolerância e cidadania, para seus motoristas cadastrados. Ao todo, foram criados cinco módulos educacionais: assédio, racismo, diversidade sexual, respeito e boas práticas de atendimento.



A síndrome da impostora e os desafios das mulheres no mercado de tecnologia

Ainda que o número de profissionais de TI mulheres tenha dobrado na última década no Brasil, a participação feminina neste setor permanece entre 20% e 24% do total de trabalhadores da área (580 mil), segundo dados divulgados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) - em 2019 - e informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) - 2020.

Muitas organizações especializadas em tecnologia têm trabalhado, inclusive juntas, em projetos específicos para aumentar o percentual de trabalhadoras também entre os cargos de liderança e promover locais de trabalho com mais diversidade, equidade e respeito irrestrito às diferenças. As propostas também incluem redes de apoio, mentorias, aconselhamento e atenção individualizada à saúde das mulheres nas empresas A ThoughtWorks, consultoria global de software, presente em 17 países e com mais de 8 mil funcionárias e funcionários, é uma delas. A empresa tem hoje, no Brasil, 46% do seu corpo de colaboradores formado por mulheres e conta com algumas iniciativas para ampliar esse número, com foco, também, em aumentar o percentual de profissionais negras, cuja inclusão segue sendo uma meta a ser alcançada.

Um outro dado interessante da ThoughtWorks é que a empresa possui 44% de mulheres em cargos de gestão. Nesse contexto, a empresa vem trabalhando para apoiar suas gestoras a superar outros desafios que se impõem às mulheres que assumem postos de liderança. A síndrome da impostora, termo psicológico que descreve um padrão de comportamento no qual a pessoa duvida das próprias realizações, é um dos principais a serem superados, dentro e fora da indústria de tecnologia.

O termo foi criado pelas psicólogas americanas Pauline Rose Clance e Suzanne Imes, na Universidade da Georgia, em 1978. Inicialmente, as pesquisadoras classificaram o evento como um autoboicote denominado "fenômeno impostor". "Apesar das notáveis ​​realizações acadêmicas e profissionais, as mulheres que vivenciam o fenômeno impostor persistem em acreditar que realmente não são brilhantes e enganam quem pensa o contrário", pontuam Clance e Imes no artigo The Imposter Phenomenon in High Achieving Women: Dynamics and Therapeutic Intervention .

De acordo com pesquisa realizada e divulgada pela consultoria KPMG, ano passado, 75% das executivas experimentaram a síndrome da impostora em suas carreiras. O estudo aponta que quase metade (47%) das profissionais questionam o próprio potencial ou as conquistas alcançadas, por nunca terem imaginado chegar a este nível de sucesso na própria trajetória profissional. A investigação também descobriu que a falta de suporte para avançar a outros cargos e desafios, somada à desvalorização do trabalho, inclusive com as disparidades salariais entre gêneros - comumente apontadas, no Brasil, pelo próprio Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, ou pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) - contribuem para agravar o quadro de autossabotagem.

Nos cargos mais altos, as mulheres enfrentam também a solidão, os questionamentos constantes em relação às decisões tomadas e ficam ainda mais pressionadas a corresponderem às expectativas gerais ou com receio de que um grupo de trabalho, e a própria empresa, não acreditem no seu potencial. Em equipes formadas majoritariamente por homens, como ocorre com frequência nas empresas de tecnologia e/ou nas grupos de líderes das diversas organizações, o estigma de que eles são melhores em determinados tipos de trabalho - trabalhado no imaginário popular desde a infância - também influencia para que as mulheres sintam a constante necessidade de provar a sua competência em um perfeccionismo extremo, um dos sintomas mais claros da síndrome da impostora, de acordo com estudo de Gail Matthews e Pauline Rose Clance, em 1980, na Universidade Dominicana da Califórnia.

Os outros são o comportamento de estar sempre tentando agradar, aprovando até opiniões com as quais elas não concordam, o carisma exacerbado, utilizado para conquistar todos os colegas e superiores e reduzir as chances de críticas, e a procrastinação, que a profissional utiliza para demorar a chegar em um momento de avaliação do próprio trabalho.

A situação fica ainda mais complexa porque a síndrome da impostora também é usualmente provocada por rotineiros episódios de racismo, xenofobia e outras violências contra grupos politicamente minoritários. A própria convivência em ambientes com menos diversidade, onde elas não consigam se identificar nos colegas de trabalho, torna-se um motor de constrangimentos que afetam a autoestima e minam o psicológico, influenciando a ocorrência deste fenômeno em graus ainda maiores - uma vez que está atrelado a outras problemáticas densas.




Caroline Carbonell Cintra - bacharel e mestre em Ciência da Computação pela UFRGS. Há 20 anos é consultora de tecnologia, tendo trabalhado com clientes de indústrias como Oracle, DBServer e HP. Nos últimos seis anos atua como executiva na ThoughtWorks Brasil.



Marta Saft Valli - formada em direito, pós-graduada em direito empresarial e tem MBA em Gestão de Business Law. Começou a carreira como advogada empresarial e foi consultora nessa área até 2012, quando iniciou sua trajetória na ThoughtWorks. Foi a responsável por implementar o departamento jurídico da empresa no Brasil.


Mulheres e liderança: desafio cotidiano

Foi-se o tempo em que a figura de liderança e tomada de decisões dentro das organizações vestia apenas terno e gravata. O mundo está mudando e não há dúvida de que esse caminho vem sendo construído com muita luta, movimentos e debates. O processo de crescimento da gestão feminina nas empresas tem papel fundamental para inspirar e fortalecer a voz da mulher no mercado de trabalho e na sociedade. Apesar de caminharmos a passos lentos, é possível sentir as transformações geradas nesse cenário de liderança exercida por mulheres.

O contexto atual registra crescimento, mas infelizmente não é refletido no todo. Dados da pesquisa “Women in Business 2020”, realizada pelo instituto Grant Thornton International, apontam que homens ainda representam a enorme maioria nos cargos de liderança. Aliás, quanto mais alto o cargo, menor é a presença de mulheres. Se observarmos as funções de mais alto nível, apenas 15% das corporações possuem uma mulher no topo. De fato, ainda falta muito para que os papéis de liderança sejam equilibrados nas mãos de homens e mulheres.

Pluralidade e equidade são assuntos tão presentes nas pautas atuais. O barulho desses movimentos é considerável e cada vez mais forte. Ainda assim, sabemos que temos um longo caminho a percorrer. Se levarmos essas discussões para o campo da Educação, deparamo-nos com outras questões também muito desafiadoras, que merecem nossa atenção e reflexão. No aspecto pedagógico, a escola é hoje um espaço majoritariamente de gestão feminina, mas, infelizmente, ainda é um dos ambientes que conserva comportamentos contraditórios e de desequilíbrio entre homens e mulheres.

Precisamos pensar sobre o “currículo oculto” nas práticas e narrativas do dia a dia da escola, que podem reforçar essas diferenças de gênero. Não podemos generalizar, mas é comum vermos em algumas escolas meninas sendo incentivadas a serem quietas e reservadas, enquanto os meninos devem ter mais iniciativa. Nos momentos das trocas entre alunos e educadores sobre escolhas de profissões, pode ainda estar presente uma narrativa sobre quais ocupações são adequadas para mulheres, de acordo com os espaços culturalmente aceitos para elas. Enquanto meninas são estimuladas a desenvolver a afetividade, o cuidado e a sensibilidade, garotos desenvolvem habilidades de raciocínio lógico e precisão.

Essas diferenças se manifestam de forma velada, sobretudo nos comportamentos corriqueiros do dia a dia. Contudo, a escola deve ser um espaço de transformação. Se, historicamente, tem colaborado para que os comportamentos mencionados sobrevivam, ela também tem o poderoso potencial de desconstruir essa cultura. É terreno fértil para promoção da equidade.

Refletindo sobre esses comportamentos tão presentes no cotidiano, percebemos o quanto são banalizados e absorvidos pela tradição. São o resultado do que, ao longo da história, entendemos como permitido – e da naturalização daquilo que a sociedade construiu como correto. E esse é o ponto! Não podemos entender nem aceitar a tradição como justificativa para que a mulher não realize suas escolhas, tome suas decisões e alcance seus objetivos. A começar pela transformação desses pequenos hábitos, temos o poder de incentivar organizações a serem mais equilibradas e mulheres a exercerem todo o seu potencial.

 


Claudia Saad - gerente pedagógica do Sistema Positivo de Ensino.


Mulheres na linha de frente da pandemia: elas comandam pesquisas, projetos e setores de assistência na área da saúde

Em alguns hospitais, proporção de colaboradoras chega a 85% do quadro


As mulheres são maioria na linha de frente do combate à pandemia do coronavírus. Esse é o cenário visto numa das áreas mais afetadas pela Covid-19: a da saúde. No Instituto Butantan, um dos principais do país e responsável pela produção da Coronavac, 71% dos pesquisadores são mulheres. Essa proporção se repete em muitos centros de pesquisas espalhados pelo país. Em Curitiba (PR), os estudos sobre a Covid-19 realizados pelo Centro de Estudo, Pesquisa e Inovação (CEPI) dos hospitais Marcelino Champagnat e Universitário Cajuru também são coordenados por mulheres. 

À frente das pesquisas dos hospitais e da PUC-PR que são dedicadas a compreender o comportamento do novo coronavírus e sua atuação de forma sistêmica a partir dos dados coletados de pacientes internados, está a fisioterapeuta e doutora em Ciências da Saúde, Cristina Baena. “Nós conseguimos uma integração muito rápida quando iniciamos as pesquisas. Realizamos conexão com laboratórios de várias universidades e também do exterior. Entender essa nova doença e suas extensões tem nos ajudado a prestar o atendimento mais eficiente à população”, afirma. 

A cirurgiã e coordenadora do CEPI, Anna Flávia Miggiolaro, iniciou as pesquisas realizando biópsias microinvasivas de pulmão e coração de pacientes que faleceram e que os familiares permitiram o estudo. “As pesquisas continuam agora com uma relevância tão grande quanto no início da pandemia. Acredito que ainda vamos conviver com a doença por um bom tempo, até ter o acesso à cura e ao manejo adequado. Fazer parte disso é relevante para minha vida profissional, como médica e também para a pessoal. Essas oportunidades me fizeram valorizar ainda mais o ser humano”, ressalta a médica. 


Assistência

Em número absolutos, o número de mulheres que atuam nos dois hospitais também é muito superior ao de homens. No Marcelino Champagnat, 86% dos profissionais são mulheres e no Cajuru, o número é bastante semelhante, apenas 16% do quadro de colaboradores são do sexo masculino. “Tradicionalmente a área assistencial de enfermagem e técnicos é composta por mais mulheres. Mas notamos que esse número cresce também na área médica e de outras especialidades”, conta a gerente assistencial do Hospital Marcelino Champagnat, Joshy Lopes.

Foram principalmente elas que estiveram à frente dos atendimentos a pacientes na pandemia, nas mais variadas especialidades. Seja nas áreas dedicadas a pessoas com Covid-19 e também nas de trauma, já que o Cajuru se tornou referência nesse atendimento na cidade, enquanto outros hospitais da capital ficaram dedicados ao coronavírus.

As adaptações trazidas pela pandemia foram feitas nos dois hospitais, que fazem parte do Grupo Marista, em paralelo à implantação de um novo plano diretor do complexo hospitalar. E a gestão do projeto, engenharia e arquitetura também conta com mulheres no comando. As mudanças permitirão, por exemplo, a criação de novos leitos de UTI. “O nosso grande desafio é realizarmos todas essas mudanças com os hospitais funcionando. Não podemos deixar diminuir a capacidade de atendimento, ainda mais nesse momento de pandemia”, explica Elaine Costa, gerente do projeto.


Voluntariado

O profissionalismo, a solidariedade e o comprometimento das mulheres também estão presentes no voluntariado dos hospitais. Com participação nos grupos de palhaços, apresentações musicais e confecção de máscaras e bonecas de pano, as mulheres representam mais de 70% dos voluntários do Hospital Universitário Cajuru. A coordenadora do voluntariado, Nilza Maria Brenny, afirma que essa é uma missão única e de extrema importância para os pacientes. “Ter um voluntário para conversar, dar atenção e fazer rir, é um diferencial na recuperação dos pacientes. Com a pandemia, as visitas ficaram mais restritas e eles precisam desse contato, nem que seja a distância, por meio de um robô que leva os voluntários aos pacientes em um tablet”, afirma. 

Apesar das dificuldades para manter o trabalho voluntário durante a pandemia, Nilza afirma que houve um maior interesse por parte das mulheres para ajudar e apoiar o hospital. “Com a necessidade de usar máscaras somada à falta de recursos, muitas costureiras se disponibilizaram para confeccionar os produtos de forma voluntária e em casa. O hospital doava o material e elas produziam. Foram mais de 76 mil máscaras distribuídas para pacientes e colaboradores do Hospital Cajuru. A união a distância foi tanta, que criamos um novo grupo dentro do voluntariado: as Mãos que Transformam, composto majoritariamente por mulheres”, finaliza. 

 


Hospital Marcelino Champagnat


"Mulheres do agro são heroínas da Pandemia", diz presidente da Faesp

 Força e competência das mulheres do agronegócio evidenciam a premência de se avançar, em todos os setores, no combate ao preconceito e à desigualdade salarial



Por ocasião do Dia Internacional da Mulher, 8 de março, Fabio Meirelles, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), salienta a "participação das produtoras rurais no enfrentamento da Covid-19, com muito trabalho, resiliência e correndo riscos para manter o abastecimento, a cadeia de suprimentos de alimentos e de todos os produtos que a terra provê à agroindústria, à energia e à população como um todo".

Para Meirelles, "as mulheres do agro, assim como todas as pessoas que atuam no setor, estão entre as heroínas brasileiras nesta pandemia e devem ser reconhecidas pelo seu empenho e dedicação ao trabalho, dos quais todos nós temos dependido, como nunca, para sobreviver e vencer a grave crise". Por isso, enfatiza "é gratificante observar que a presença feminina é cada vez mais expressiva em nosso setor", citando o último Censo Agro, divulgado em outubro último: no Brasil, há 946,1 mil mulheres que trabalham como produtoras, o que representa 19% do total, seis pontos percentuais acima dos 13% registrados em 2006.

Além disso, o Censo Agro 2017, que havia pesquisado pela primeira vez o compartilhamento de direção nas propriedades rurais, apontou a existência de 1.029.640 estabelecimentos cuja gestão é dividida pelo casal. O número representa 20% do total.

"Os dados demonstram com clareza a importância da participação feminina no agronegócio brasileiro", frisa o presidente da Faesp, afirmando: "A força, competência, obstinação e resiliência demonstradas pela mulheres que atuam no agronegócio são valores que reforçam muito a necessidade de
que se vençam, em todos os setores de atividade, o preconceito, a discriminação e a desigualdade salarial".


Mulheres na tecnologia: uma quebra de paradigmas para estar à frente da inovação em plena pandemia

Ser a COO de uma insurtech vai além de liderar o operacional da empresa, é também ser um pequeno avanço nos setores de tecnologia e seguros, áreas predominantemente masculinas


Sabemos que o espaço da mulher no mercado de trabalho é algo que vem sendo conquistado há décadas. No ramo tecnológico, por exemplo, os desafios sempre foram maiores, já que pelo menos 20 anos atrás, a liderança feminina neste setor era ainda mais rara - e até considerada sorte - como um trevo de quatro folhas. E agora, duas décadas depois, comemoramos o Dia Internacional da Mulher enfatizando que ainda seguimos rompendo paradigmas.

Neste lado da história, pequenas conquistas devem ser comemoradas, como quando ocupei a cadeira de COO (Chief Operating Officer) de uma empresa que oferece serviços e soluções inovadoras para o mercado de seguros, em 2018. Eu escolhi ser líder e trabalhei pra isso. Percorri uma extensa trajetória até entrar para as estatísticas daquele ano no qual apenas 20% dos cargos no mercado brasileiro de TI eram ocupados por mulheres, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Tecnologia e Estatísticas).

Acredito que as transformações deste cenário são reflexos de passos curtos, porém importantes, e alguns fatores contribuem para isso. Primeiro, o posicionamento feminino e a igualdade no desempenho no trabalho. Foi no mercado de seguros onde atuei em boa parte da minha carreira profissional. Quando comecei a grande maioria eram homens, mas enfrentei todas as adversidades e conquistei meu espaço: uma mulher que é respeitada pela sua expertise. Ser mulher no ramo da tecnologia não é diferente. É preciso deixar bem claro que o meu foco é o processo e, por ser mulher, não preciso conhecer todo o universo de soluções e tecnologia. O automobilístico, por exemplo, foi só um dos temas com que trabalhei e que era de interesse e proximidade para a ala masculina. Mas temos que entender que garantir a qualidade de cada etapa no desenvolvimento dos produtos é o que vai trazer o resultado esperado e não a familiaridade com o assunto desde os primeiros passos.

Em segundo, está a competência de se sobressair aos desafios, como pensar em cada passo para garantir a segurança e bem-estar dos funcionários em meio a uma pandemia mundial. Coordenar o time de RH, responsável por estudar condições estruturais e liderar ações que permitiram a realocação de parte dos colaboradores para trabalhar em home office, apenas uma semana antes da quarentena, e garantir que o restante se adaptasse às mudanças de maneira gradual, é um exemplo disso.

Por fim, a conscientização das pautas de diversidade de gênero e inclusão na governança de grandes corporações. Esses programas são grandes propulsores para que os processos de seleção das empresas potencializam a presença feminina nas cadeiras de diretorias. Para mim, estar à frente da inovação, em todas as áreas, é implementar a cultura da diversidade e acreditar na capacidade dos colaboradores trabalhando e entregando importantes resultados à distância. E a Planetun leva isso muito a sério desde a sua criação. Hoje, 46% do quadro de colaboradores são mulheres, sendo 63% líderes exemplares.

Atualmente, alguns dados trazem sinais de mudanças em curso. A representatividade de mulheres em cargos seniores em tech na América Latina é de 16%, um número bem mais expressivo comparado ao resto do mundo, segundo pesquisa da consultoria KPMG em parceria com Harvey Nash. A mudança é bem-vinda, mas ainda há muito que avançar e entender que "lugar de mulher é onde ela quiser".

 


Natália Cunha - sócia e COO do Grupo Planetun, insurtech que desenvolve soluções disruptivas para o mercado de seguros.

Um 8 de março com novos desafios

O Dia Internacional da Mulher foi oficializado pela ONU em 1975, mas é comemorado desde o início do século 20. Sempre foi uma data para a justa reivindicação de direitos, até hoje ainda a serem conquistados. Este ano o Dia Internacional da Mulher apresenta mais desafios em função das perdas impostas pela pandemia do Covid-19.

Uma das perdas foi a impossibilidade de realizar eventos, como o tradicional encontro “Mulher Valorizada, Comerciária Fortalecida”.  Mesmo não sendo a data um feriado nacional, o que seria muito justo, a Fecomerciários realiza há dez anos, esse encontro com muito sucesso, sempre com foco na valorização e no empoderamento da mulher

No ano passado, o evento aconteceu no Espaço Eco, instalado no Centro de Lazer dos Comerciários em Avaré, no interior paulista. Por unanimidade as comerciárias presentes aprovaram deliberações que vêm se multiplicando, desde então, nos locais de trabalho, nas redes sociais e nos demais canais de comunicação dos 71 sindicatos filiados à Federação.

Em função da sua relevância estes encaminhamentos ainda balizam as lutas pelas causas femininas no Estado. Destacam-se:


Empoderamento

1) A Fecomerciários e seus 71 sindicatos filiados vão trabalhar para ampliar o empoderamento feminino. O objetivo é conceder às mulheres maior participação no sindicalismo, na política e no campo profissional a fim de combater discriminações e desigualdades. Igualdade de gêneros é palavra de ordem!

2) Apoiar e incentivar as lutas femininas por emprego e renda. Que a mulher não seja a última a ser contratada e a primeira a ser demitida e que não receba salário menor que o homem cumprindo a mesma jornada e executando a mesma função.

3) Atuar para garantirmos justiça e acolhimento às mulheres, fazendo valer os direitos humanos.

4) Mulher empoderada significa mulher com saúde, acesso à educação, qualificação profissional e protegida de toda e qualquer violência e assédios.

Na Fecomerciários  constatamos, com muito entusiasmo, a ascensão das mulheres aos cargos de direção na própria entidade e nos sindicatos filiados. Também temos apoiado, com sucesso, a participação das mulheres na política. Mas no mercado de trabalho ainda há muitos direitos que precisam ser conquistados e mantidos.


ONU

Por uma feliz coincidência essas lutas, definidas em 2020, estão alinhadas com o tema que a ONU escolheu para o Dia Internacional da Mulher deste ano: “Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de Covid-19″.

De fato, o tema celebra os esforços das mulheres na construção de um futuro mais igualitário e na recuperação dos prejuízos causados pela pandemia. É necessário salientar que, entre os que estão na linha de frente da Covid-19, as mulheres comerciárias, que são maioria nas lojas e estabelecimentos comerciais, correm sérios riscos de contaminação durante o atendimento a clientes, manipulando cartões de crédito, dinheiro e mercadorias. Sofrem, ainda, com constantes ameaças de desemprego, salários injustos e com assédios moral e sexual.

Em casa, durante a pandemia, as mulheres estão enfrentando o aumento da violência doméstica, dificuldades para dividir as tarefas do lar, e entre outros desafios, a ampliação das responsabilidades na adoção dos protocolos de saúde para preservar a vida de toda a família. 

Este ano, mais do que nunca, é preciso estar atento àquelas lutas definidas em 2020 pelas mulheres comerciárias. E trabalhar para a redução das desigualdades. Parabéns bravas guerreiras!  

 



Luiz Carlos Motta - presidente da Fecomerciários, da Confederação Nacional dos Trabalhadores no Comércio (CNTC) e Deputado Federal (PL/SP).


Se a escola sofre e fecha, sofreremos mais.

A escolas particulares chegaram ao seu limite. E ultrapassaram. Muitas não conseguiram chegar ao limite e fecharam as portas. Triste fim para quem sonhou em oferecer serviços educacionais de qualidade para uma nação que tanto precisa disso. Diante do posicionamento demagógico e inconsequente de governos que tratam a educação como tratam os demais segmentos da economia (ou ainda pior), vejo que teremos ainda muito mais sofrimento no futuro de nosso país.   

Com mais de 40 anos na área da comunicação educacional e como conhecedor da falta de comprometimento com o bem comum que caracteriza os nossos políticos, eu já poderia emitir uma opinião consistente sobre os inesperados decretos emitidos por alguns gestores públicos que, tardiamente, pousam de líderes atentos e preocupados. Mas não é assim que desejo me expressar. Quero falar como pai de um garoto que inicia a jornada educacional com 6 anos de idade, depois de um ano cheio de esperanças, que vinham e voltavam para que as aulas retomassem. E como pai, acompanho a angústia de crianças e famílias que estão buscando médicos e psicólogos que possam ajudar a buscar a saúde emocional para os filhos em revolta, às mães em desespero com os filhos em casa e os pais que também já se revoltam, até mesmo com as escolas e suas mensalidades.

Quero falar como diretor do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná (SINEPE-PR), que está acompanhando com apreensão o grande mal que, além da trágica pandemia, os governos estão trazendo às escolas, aos gestores educacionais, aos professores e colaboradores em geral da área educacional particular que seguem na procura de um “norte” para a sustentabilidade da escola, para a sobrevivência do emprego, na busca de alternativas para servir à educação tão desejada. Não se trata da “pandemia”, trata-se da demagogia irresponsável, eleitoreira e inconsequente.

As escolas particulares se prepararam para a retomada das aulas com toda a responsabilidade. Investiram em equipamentos para adequação de ambientes, colaboradores e professores, comunicação de forma didática e informações para orientar o convívio no ambiente educacional diante do vírus.  E foram além dos protocolos estabelecidos porque acreditam que, para ser uma instituição educacional, não poderá ser pouco o comprometimento.  

A responsabilidade de uma instituição educacional vai além de um mandato eleitoral. A educação é para a vida inteira. As pausas no processo educacional podem ter danos imensuráveis, pois, além dos conteúdos das matérias escolares, existe a parte mais importante para uma criança: a autoestima, a convivência, o amor ao próximo e o próprio ensino de valores como justiça, solidariedade, respeito, ética e, principalmente, o ensino das noções básicas da cidadania e do bem comum, valores que são ensinados e praticados na convivência social, no conflito das ideias e no diálogo escolar e que são tão necessários para aqueles que lideram setores públicos e tomam decisões como essa que afetam as escolas públicas e particulares sobremaneira.  

Mais do que em qualquer tempo, nossos filhos precisam das escolas de qualidade. Lá, estarão mais protegidos do que em qualquer lugar público - e até mesmo do que em nossas casas, no convívio de familiares que entram e saem para suprir necessidades. E as escolas precisam do bom senso, responsabilidade e bom juízo dos governantes ao tomarem suas nefastas decisões em benefício único de suas imagens e interesses de sobrevivência nas próximas eleições. E em total desfavor à qualidade da educação para os nossos filhos e o futuro de nosso país.  

 


Rogério Mainardes - diretor de Marketing do SINEPE-PR, consultor de Marketing e Comunicação do Curso Positivo, empresário e diretor da COM/M Educação, diretor da ZAP – Ziraldo Artes Produções, palestrante e professor em cursos de pós-graduação e  coordenador da Clínica de Marketing Educacional do Programa Escola Segura.


Independência financeira gera liberdade para mulheres

Dinheiro talvez não compre felicidade. Porém, o modo como lidamos com o dinheiro afeta diretamente nossa qualidade de vida e autoestima. De acordo com uma pesquisa da Bankrate, empresa estadunidense de finanças pessoais, 48% dos adultos do país perdem o sono por problemas financeiros - isso antes dos efeitos colaterais da pandemia na área econômica.

Quando olhamos para esse cenário fazendo o recorte de gênero, a educação financeira se torna ainda mais importante para as mulheres. Grande parte da população feminina ainda depende financeiramente do parceiro ou não é a pessoa responsável por tomar as decisões de orçamento da casa. Essas condições colocam a mulher num lugar de vulnerabilidade e pode até ser o motivador para que ela não saia de uma relação onde não é mais feliz.

A diferença salarial entre homens e mulheres no Brasil é outro tema que merece destaque quando pensamos em finanças pessoais. Historicamente, no Brasil, homens ganham mais que mulheres. Um estudo de 2019 demonstrou que os homens com ensino superior ganhavam em média 47,24% a mais do que as mulheres, com homens ganhando em média R$ 3.946 e as mulheres R$ 2.680. Os dados são da Quero Bolsa, plataforma de bolsas e vagas para o ensino superior, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), feitos para a Agência Brasil.

Conhecimento é poder. Então, para uma vida com liberdade de escolha, a ferramenta chave é o estudo sobre finanças pessoais. É preciso enxergar o dinheiro como um aliado para aprender a utilizá-lo a nosso favor.

Para começar a se organizar, se você possui dívidas, o recomendado é que planeje-se para pagá-las o quanto antes. Dentre as principais dicas para realizar isso estão: fazer um melhor controle financeiro, economizar e claro, renegociar suas dívidas. Quando falamos de economizar, definir prioridades e um teto de gastos, montar um planejamento financeiro, fazer um consumo consciente e manter o controle da entrada e saída de gastos, são meios eficazes para iniciar uma poupança. Mas, se você já tem uma vida financeira mais equilibrada, definir boas metas financeiras, montar uma reserva de emergência e começar a investir pensando no futuro é fundamental.

As dicas básicas para organizar o orçamento são: conhecer sua renda líquida, já descontada de tributo, impostos e taxas; entender quais são os gastos fixos e variáveis; estipular uma meta de poupança e um teto de gastos para cada categoria de despesas (essenciais, desejos e investimentos); acompanhar como está gastando seu dinheiro, analisar e mudar o que for preciso para mantê-lo equilibrado, seja reduzindo gastos ou cortando despesas supérfluas.

Apesar das diversas dificuldades de inclusão e igualdade de gênero, hoje é inegável que as mulheres vêm aprendendo cada vez mais sobre gestão financeira e que os homens têm muito o que aprender com elas quando o assunto é investimentos.

Ou seja, além de estarem conquistando cada vez mais espaço na economia do nosso país, representando a maioria nas universidades brasileiras, mesmo sendo minoria no mercado financeiro, as mulheres ainda são as melhores investidoras. Por serem mais conservadoras que os homens e por estarem menos familiarizadas com o mercado financeiro, elas buscam mais informações e, com paciência e olhar crítico, acabam fazendo melhores escolhas. O maior diferencial certamente está na visão de longo prazo, no senso de oportunidade, estudo e cautela que as fazem escolher os melhores ativos financeiros, contornando riscos e minimizando perdas quando necessário.

 


Larissa Brioso - Educadora Financeira da Mobills


Mulheres no comando: a incessante busca pela igualdade nas organizações

Além de metas, é preciso implementar políticas para retenção do talento feminino

Este ano, Dia Internacional da Mulher é marcado por tema "Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19", segundo ONU Mulheres


No dia 8 de março é celebrado o Dia Internacional da Mulher, data representada pela luta das mulheres na igualdade dos direitos civis. Desde 1909, quando o marco foi definido, muita coisa mudou, mas em relação aos cargos de liderança nas empresas, as desigualdades persistem. De acordo com o Ministério da Economia, as mulheres detêm 42,4% das funções de gerência, 13,9% de diretoria e 27,3% de superintendência. Ou seja, quanto mais alto o nível dentro de uma companhia, menos elas estão presentes.

Segundo o 30% Club Brasil, movimento que milita pelo aumento da presença de mulheres em Conselhos, hoje as mulheres ocupam apenas 11% dos assentos nos conselhos das cem empresas mais negociadas na Bolsa e que compõem o índice IBrX 100, enquanto 60% das empresas já têm pelo menos uma representante feminina no conselho. Para Simone Vicente, superintendente de Gente e Gestão & Operações da Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), ainda é preciso maior empenho das empresas para chegar a uma equidade de gênero realmente nobre, sendo importante a disposição de fazer algo para além do básico, do contrário os números demoram muito a mudar.

"Há a necessidade de mais medidas práticas como oferecer treinamentos e criar uma cultura inclusiva, permitindo trabalho com horários flexíveis, uma vez que as mulheres ainda são mais responsáveis pelos filhos, por exemplo, e precisam se dividir entre maternidade e vida profissional. Ou seja, é essencial investir em ações que ajudem a vencer barreiras de gênero e promovam uma cultura abrangente em todos os âmbitos das companhias, a começar do incentivo das altas lideranças, que precisam estar comprometidas com essa política", avalia.


Equidade na prática

Mas há empresas que trabalham desde cedo na mudança de sua cultura organizacional, no intuito de promover a diversidade e a inclusão dos ambientes, como é o caso da própria Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), com 57% da força de trabalho feminina e 48% de mulheres em altos cargos de liderança.

Entre o número total de 1.910 colaboradores na Instituição, 813 são homens e 1.097 são mulheres, sendo que 22 delas assumem lugares de liderança, entre cargos nas áreas de coordenação (10), gerência (9) e superintendência (3). O sexo masculino representa 52% da presença em grandes funções, com 24 deles nas mesmas posições - 9 coordenadores, 10 gerentes e 5 superintendentes. "No quesito equidade de gênero, sabemos que estamos no caminho certo, mas queremos chegar aos 50% para garantir total isonomia", destaca Simone.

No comando das unidades FIDI, as mulheres já são maioria e, entre as 63 posições atuais, 40 delas são lideradas pelo sexo feminino. De acordo com a superintendente, a receita para instigar os valores de diversidade nos funcionários da empresa está na organização de planos de negócios bem estruturados, sem deixar de lado a representatividade de todos os grupos. "Esses planos são idealizados por diferentes representantes, unindo afinidades e diversidades, na ideia de assegurar o bem-estar de todos os colaboradores com projetos e ações que garantam o conforto e a segurança de cada um deles, dentro do cenário da instituição", explica. Além disso, a FIDI conta com um time no RH voltado exclusivamente para a diversidade de gênero.

"Uma vez implementadas, essas políticas devem ser aplicadas e reavaliadas regularmente para ponderar sua eficácia. Quando isso é combinado com o compromisso real da liderança sênior, somente então ocorrerá uma mudança transformacional real", completa.


Mulheres são líderes melhores durante crises, diz estudo

Com foco na pandemia, para o Dia Internacional da Mulher deste ano, a ONU Mulheres definiu como tema "Mulheres na liderança: Alcançando um futuro igual em um mundo de COVID-19". Segundo a organização, o sexo feminino constitui a maioria dos trabalhadores da linha de frente do coronavírus, ao mesmo tempo em que ocorreu um aumento da violência doméstica, de atividades de cuidado não remuneradas, além de ter sentido ainda mais os impactos de exercer múltiplos papéis neste período de crise, se desdobrando entre trabalho remoto, serviços domésticos e maternidade.

Um exemplo disso é Viviane Pinheiro, líder da unidade FIDI em Várzea do Carmo, que atuou na linha de frente do Hospital de Campanha do Ibirapuera, entre os meses de maio e setembro de 2020. Responsável pela gestão da equipe operacional de tomografias computadorizadas e raios-x, a colaboradora se dividia entre o árduo trabalho de atender pacientes com suspeita de Covid-19 e as duas filhas que, no início da campanha, tiveram que ficar afastadas da mãe, por receio da contaminação. "Chegamos a atender até 150 pacientes por dia e presenciávamos casos extremos. Eram muitas emoções e precisávamos sempre nos manter fortes para atender aqueles que tanto precisavam de nós em um momento tão delicado. Quando chegava em casa, minha família também precisava de mim e percebi o quanto as mulheres precisam se desdobrar em tantas, sem perder o equilíbrio, para que tudo continue funcionando", conta.

Nesse contexto, segundo pesquisa realizada pela Harvard Business Review, mulheres em cargos de liderança mostraram ser mais eficientes durante a crise sanitária que afetou praticamente todas as empresas, ao apresentarem mais resultados positivos e contribuírem de maneira mais expressiva para o engajamento dos trabalhadores. O estudo avaliou 454 homens e 366 mulheres entre março e junho de 2020, e demonstra que, nesse período de adaptação por conta da Covid-19, as mulheres expressaram maior conscientização e preocupação sobre os medos e inseguranças dos colaboradores, e passaram mais confiança em planos e estratégias.

De acordo com Simone, uma boa liderança necessita de empatia, escuta ativa e humildade, que, conforme o mesmo levantamento, são características apresentadas majoritariamente por mulheres. Segundo ela, as habilidades socioemocionais, também conhecidas como "Soft Skills", constroem um arsenal de novas ferramentas que melhoram os relacionamentos nas organizações. "Gestores devem saber como se conectar com as outras pessoas, como estabelecer confiança e evitar ou minimizar conflitos, além de promover a pluralidade de pensamentos nas companhias, uma vez que é exatamente das diferenças que nascem as inovações", aponta a especialista.

 

 


Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI)

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Dia Internacional da Mulher: Mulheres se destacam nos negócios no empreendedorismo mundial


A diretora da Câmara de Comércio Angola Brasil, Camila Silveira faz algumas ponderações sobre este sucesso. Ela diz que algumas empreendedoras acabam buscando uma perfeição, o que pode levar a uma exaustão  

A pandemia afetou duramente os negócios no Brasil. Mas a forma como cada empreendedor buscou uma solução para a crise foi diferente. Uma pesquisa do Sebrae com a Fundação Getúlio Vargas (FGV), sobre pequenos negócios fundados por homens e mulheres, realizada entre os dias 27 e 31 de agosto, mostra que as empreendedoras tiveram mais agilidade para buscar uma saída.  

Segundo a pesquisa, 71% das mulheres usam redes sociais, aplicativos e a internet para vender seus produtos e serviços, enquanto só 63% dos homens usam as ferramentas. 11% das empreendedoras afirmaram ter inovado em seus negócios durante a crise, em contrapartida somente 7% dos homens declararam ter feito alguma mudança. 

Também pudera. A maior parte das empreendedoras cuidam, além do seu negócio, da casa, família, compromissos dos filhos, escola e aparência. O crescimento do desempenho feminino em cargos de liderança e desenvolvimento de seus próprios negócios tem se tornado cada vez mais evidente no mercado empreendedor. 

De acordo com Camila, o Brasil hoje ocupa o sétimo lugar no país com mais mulheres empreendedoras no mundo . Como não poderia deixar de falar de Angola, que com um grande orgulho ocupa o quarto lugar deste ranking ficando atrás apenas de Madagascar, Panamá e Indonésia. 

"Atualmente 47% das empreendedoras trabalham em seus próprios lares tendo como seu maior incentivo para empreender a preocupação de assumir o controle das multitarefas entre trabalho e vida doméstica, e 25% sustentam seus lares sem nenhum auxílio", afirma Camila Silveira, empreendedora e diretora da Câmara de Comércio Angola Brasil.  

De acordo com a especialista, uma curiosidade importante é salientar que grandes invenções foram criadas por mulheres, como Wi-Fi, colete salva vidas , limpadores de para-brisa, foguetes sinalizadores, entre outros, o que curiosamente levam segurança e comodidade a todos levando a característica da energia feminina do cuidado com todos como prioridade.  

"Mas muitas vezes vivendo e sofrendo com o complexo da Mulher-Maravilha, buscando constantemente uma perfeição no mundo dos imperfeitos que lhe leva a exaustão e faz com que apenas 4 entre 10 mulheres tenham sucesso neste caminho buscando muito mais o que falta dentro de si sem saber valorizar e trabalhar com as qualidades que já possuem colocando seus poderes em prática. A taxa de sucesso das mulheres atualmente corresponde a 4,2% a mais que dos homens com a busca do autoconhecimento, cursos e especializações que tem entregue a revelação de todo o poder muitas vezes por anos escondido permitindo que desfrutem cada vez mais do controle sobre suas vidas em um espaço tão merecido no mercado, com a sonhada liberdade e proximidade da família", completa.  

"O tempo tem passado cada vez mais rápido e a vida feminina sempre no recorde da velocidade em sua jornada diária, e minha pergunta é se continuar levando a vida como está daqui um tempo vai olhar para trás e se sentir realizada? Não corra o risco de olhar e ver que perdeu tempo vivendo no piloto automático. Façam as pazes com sua história, pois nenhuma de nós nascemos para passar despercebidas por esta jornada, mas sim para deixar marcas. Nós tratarmos com todo amor e carinho, executando a grande característica da criatividade e ousadia com a responsabilidade de sermos incríveis com tudo que já possuímos", reflete.  

E se você não sabe o caminho para desvendar todas estas qualidades que já possui, Camila Silveira te convida a se Inscrever no evento on-line ROMPENDO AS AMARRAS PARA O SUCESSO, que irá acontecer dia 27/3 as 10 horas do brasil e 14 horas de Angola, mas corra para se inscrever pois possui vagas limitadas e será gratuito, para que nada afaste a urgência de seu sucesso e realização.

 


Camila Silveira

Instagram @camilacristianeoficial

 

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